T03 Ep16 O caso Miss Campo Grande

 O Caso


 




Gleide Maria Dutra, nasceu no dia 06 de julho de 1955 em Corumbá, Mato Grosso do Sul, filha do casal Porfírio Dutra da Silva e Ambrosina Dutra de Oliveira. Além de Gleide, eles tiveram outros 10 filhos biológicos, Paulo, Mauricio, Edno, Eden, Estevão, Neide, Cleide, Leide, Jureide e Zuleide e 2 adotivos, Sérgio e Marilza. A família era do Estado do Mato Grosso do Sul.

 




A Gleide era uma mulher muito bonita e que, em virtude da beleza, além de outras qualidades, foi eleita Miss Comercial e Miss Campo Grande em 1975.

 

Ela depois acabou indo trabalhar na APEMAT, Associação de Poupança e Empréstimo do Mato Grosso. E foi na APEMAT que ela conheceu e se apaixonou por João de Deus. Mas não esse João de Deus que você provavelmente lembrou, não. Esse era um João de Deus de Campo Grande, não de Abadiânia.

 


João e Gleide na APEMAT (agosto de 1979)





 João Francisco Marcondes Fernandes de Deus, nasceu no Mato Grosso no dia 25 de junho de 1954, filho de Aparício Sobrinho Fernandes de Deus e Eliza Fernandes de Deus.

 





Ele era bancário e atuava como tesoureiro na APEMAT desde 1976. Antes, ele trabalhava no Banco Financial como subchefe de setor.

 

Os dois namoraram por 2 anos quando decidiram que era hora de se casarem, o que aconteceu em abril de 1979.

 




O casal foi morar na Avenida dos Estados número 100, no bairro Jardim dos Estados em Campo Grande no começo de fevereiro de 80 e adquiriram um terreno para construírem sua casa própria em dezembro de 79.  A obra começou em fevereiro de 1980 onde atualmente é o Condomínio Residencial Chácara Vendas, em Vila Antônio Vendas, próximo ao bairro em que moravam e do Centro.

 


João no terreno que ele e Gleide adquiriram





            Um irmão de João foi morar com eles, o Ramão, de 17 anos.

 

            Todo o caso começa no dia 29 de fevereiro de 1980.

 

            O dono da Construtora que estava fazendo a obra do que seria a casa do casal, José Osni, amigo de João, organizou um pequeno churrasco em casa e o João ficou de ir assar um cupim. Além de conhecer João da APEMAT, onde ele as vezes prestava algum trabalho e tinha contatos, Jose Osni conhecia Gleide desde que ela era criança porque foi vizinho dos pais dela em Corumbá.

 

            No dia 29 de manhã cedo, ele foi ao mercado comprou a carne e deixou em casa para Gleide temperar e foi para a APEMAT. Uma colega deles do trabalho, chamada Rita, naquele mesmo dia iria dar uma festa de despedida visto que ela mudaria-se para Campinas em São Paulo e os convidou também.

 

            O combinado era irem à festa de Osni o João, Gleide, Ramão, a dona Ambrosina, mãe de Gleide com o um dos seus irmãos menores, Sérgio, com 7 anos e Almir de Moura Martins de 20 anos que também trabalhava na APEMAT e era muito amigo do casal.

 

            No fim do expediente, o caixa do dia não bateu e João não conseguiu sair no horário que combinou de ir buscar Gleide em casa, então pediu que Almir buscasse ela e Ramão em casa e voltasse pra APEMAT. Como ainda estava demorando, o João pediu para Almir pegar o carro do pai emprestado para irem todos, porque no carro dele não caberia.

 

            João o deixou em casa rapidinho, ele pegou o carro do pai e voltou na APEMAT, mas viu que, Ramão tinha ido no carro de Joao com Gleide buscar Ambrosina e o Sérgio. Sobrou só ele e Joao para irem. Quando o caixa bateu certinho, foram os dois para a casa da Ambrosina na Avenida Mato Grosso, 101, porém já tinham saído.

 

            No sinal da Avenida Calógeras com a Rua Antônio Maria Coelho, no sinal, os carros se encontraram e foram todos juntos para a casa do José Osni no Jardim São Bento.

 

            Eles chegaram por volta das 20:30 da noite. Todos que estavam no churrasco, depois contam em depoimento, que estava tudo normal. João ficou responsável pela churrasqueira e Gleide conversava com as pessoas e o clima entre os dois aparentemente estava como sempre: se falavam, riam, brincavam.

 




            Lá pela meia noite do dia 01º de março de 80, o churrasco acabou. Almir deixou o carro do pai na casa do Osni e foi no carro do João, porque a intenção deles, era ir ainda festa na casa da Rita.

 

            Eles deixaram Ambrosina com o filho em casa. Dentro do carro, João chamou Gleide para ir junto com ele, Almir e Ramão na Rita e ela não quis ir dizendo estar com dor de cabeça. Foram todos então para a casa de João deixar Gleide.

 

            O João estacionou o carro e desceram ele e Gleide, ficando Almir e Ramão sentados no banco de trás. Após alguns minutos de entrarem em casa, foi ouvido um estampido. João saiu de casa gritando e pedindo ajuda.

 

            Aqui, os depoimentos de pessoas que ouviram o estampido diferem um pouco.

 

            A rua possuía guardas noturnos e ali perto da casa estava um, o José Marques dos Santos.

 

            José conta que, viu os dois novos moradores da rua, que tinham se mudado há uns 20 dias mais ou menos, parados na porta de casa: eram o João e a Gleide. Era mais de meia noite, eles tinham chegado em um carro que parecia ser da marca Dodge e parecia que ele procurava na bolsa dela algo, ele achava que a chave da porta, e enquanto procurava, José ouviu o homem xingando a mulher de vagabunda e a mulher começou a chorar e falou: “João, o que é isso....”. Poucos minutos depois eles entraram, José diz que ouviu uma discussão alta, ela chorando e logo após, um tiro. Viu quando João saiu de casa correndo pedindo ajuda para a levar ao hospital enquanto dizia: “Matei minha mulher.”

 

            Só aí que ele notou que dentro do carro tinham 2 homens, que correram para dentro da casa. Os 3 ajudaram o homem a colocar a mulher dentro do carro, discutiram sobre quem dirigiria, mas foi o morador que saiu dirigindo e os 2 homens ficaram, fecharam a casa e saíram a pé.

 

            Segundo o Ramão e o Almir, Gleide e João desceram do carro e ficaram um tempo na varanda da casa, João ainda tentando convencer Gleide a ir com eles. No trajeto até lá, Gleide relatou que estava com muita dor de cabeça, indisposta e que ele deveria com os rapazes. Não ouviram eles discutindo, brigando ou falando alto. Os dois entraram na casa e mais ou menos 10 min depois, os dois ouviram um tiro. O João saiu gritando para chamarem um médico. Eles não entenderam muito bem, mas foram para dentro da casa e no quarto do casal, Gleide estava na cama, como que deitada com as pernas de fora, um pouco de sangue no pescoço, viva e pediu baixinho para ir a um hospital.

 

            Almir e Ramão foram para fora pedir ajuda na rua ao guarda, que respondeu que não podia ajudar. Tentaram tirar Gleide da cama uma primeira vez, não aguentaram o peso, ela caiu no chão, um deles saiu de novo pedir ajuda novamente, o guarda negou outra vez. Perguntaram se ela conseguia andar até o carro e ela disse que não. Na segunda tentativa, eles conseguiram pegar ela.

 

            O Almir insistiu pra ir dirigindo porque o João estava muito nervoso, os dois discutiram, mas João insistiu e ele foi no carro dirigindo com a Gleide deixando os 2.


            Eles viraram o colchão manchado de sangue na cama e fecharam a casa. Depois disso, dirigiram-se a casa de Amilton, um amigo do João para pedir ajuda e o carro emprestado para irem até os hospitais descobrir onde estavam o João e a Gleide. Os 3 rodaram diversos hospitais e pronto socorro procurando ver o carro do João até descobrirem que a Gleide estava internada e João teria ido para a delegacia.

 









            Voltaram na casa com outros amigos algumas horas depois, limparam o sangue no chão, tiraram os lençóis da cama e procuraram pela arma. A acharam em cima de uma pilha de azulejos no quarto. O Almir pegou a arma e entregou para Milton Dales, um funcionário da APEMAT, que por sua vez, a deu para o advogado Yvon Moreira do Egito Filho, um ex advogado da APEMAT e na época também vereador em Campo Grande.

 

            A Gleide foi internada no CTI do Hospital Santa Casa de Misericórdia.

           

            Quando Gleide foi internada, João, que bateu com o carro na entrada do hospital, foi levado em seu próprio carro por um enfermeiro na casa do diretor da APEMAT e voltaram os 3 para a Santa Casa. João fez a papelada de entrada da esposa enquanto Édio, o diretor, ligou para o Dr. Yvon Moreira do Egito pedindo que se possível fosse até o hospital. Ele foi e acompanhou João a delegacia. O delegado de plantão pediu que João voltasse na segunda, lembrando que era sábado.

 

            A mãe da Gleide foi avisada pela manhã bem cedo, por um dos funcionários da APEMAT que a Gleide estava na santa Casa depois de um acidente.

 

            Na segunda, João voltou a delegacia com outro advogado, Marcelo Geraldo Trad e foi dispensado de depoimento pelo delegado por estar chorando muito e abalado e remarcou o depoimento para o dia 07. Contudo, o delegado pediu a apreensão da arma, o exame de corpo de delito de João, pediu diligência para ouvir a vítima e testemunhas.

            O revólver Forjas Taurus calibre 38 que pertencia ao João foi apreendida no mesmo dia 03. Estava oxidada, tinha cabo de madeira, 3 capsulas intactas e 1 deflagrada.

 

            Após 7 dias internada no CTI, Gleide Maria Dutra de Deus, aos 24 anos, faleceu, no dia 07 de março de 1980. Gleide Maria foi enterrada no cemitério Parque das Primaveras.


            O exame cadavérico ou a necropsia, são a mesma coisa, foi realizado no necrotério da Santa Casa de Misericórdia pelos médicos Dr. Simplicio Neto e Dr. Raphael Perez. Gleide tinha uma ferida arredonda produzida por projetil de arma de fogo, na região anterior da coluna cervical com orifício de saída no lado oposto a 7ª vertebra e a causa da morte foi lesão na coluna por projetil de arma de fogo. Enfisema subcutâneo de grandes proporções no pescoço, tinham restos metálicos na lateral direita nos corpos vertebrais da C6 e da C7. Vítima de traumatismo causado por projetil de arma de fogo, que lesionou a traqueia, esôfago, coluna cervical e medula cervical com extravasamento de tecido nervoso e líquido cefálio.  Os médicos também expuseram no laudo que foi sem meio cruel, quer dizer, não foi a queima roupa, eles determinaram que o tiro foi de 80 a 150 cm de distância.

           

            No dia em que deveria ser o depoimento do João, que ainda era um investigado, o que seria no dia 07, o advogado dele, Marcelo Trad foi a delegacia e avisou que ele estava internado no Sanatório Mato Grosso do Centro Espírita Discípulos de Jesus, hoje, Hospital Nosso Lar.

 





            O delegado então, Aparecido Alves de Oliveira, pediu ao Sanatório, informações sobre a internação e solicitou que 2 médicos psiquiatras examinassem João para saber qual o estado dele, se podia ser interrogado, quanto tempo precisaria para se reestabelecer. No dia 12 de março, o delegado Aparecido, requisitou que os médicos, Dr. Luís Salvador e Dr. Nader João da Silva, examinassem João Fernandes para realizar o Exame Pericial de Sanidade Mental e Psíquico, o famoso exame de insanidade mental. A resposta da diretora é que o diagnostico dele era choque emocional.

 

            Com a morte de Gleide, o delegado começou a investigar um homicídio doloso, onde há intenção de matar.

 

            Na delegacia foram ouvidas todas as pessoas que estiveram com o casal naquela noite e vizinhos.

           

            O casal Marina e Waldemiro dormiam quando foram acordados, de acordo com eles, por gritos e uma discussão que parecia vim dos novos vizinhos. Waldemiro relata que se levantou e tentou ligar para polícia, após eles ouvirem um tiro, mas não conseguiu. Ele saiu até a porta e ouviu um homem dizer “deixa que eu levo a sua esposa porque você está muito nervoso” e de alguém falar alto “matei minha mulher”. Marina alega que também ouviu dizendo “eu vou levar” e outra pessoa dizer “você não leva porque você está muito nervoso”. Ambos ouviram quando eu carro saiu e somente no dia seguinte, souberam pelo guarda da rua, que na vila de 4 casas depois da deles, o casal que tinha se mudado há 20 dias, havia brigado.

 

            Almir, que estava com eles no carro do dia do tiro, repetiu tudo o que eu já contei e contou que chegou a ir ao hospital ver Gleide, acompanhado de outros funcionários da APEMAT, colegas de João e Gleide e que lá, ouviu da família dela, de um dos irmãos, que era melhor João estar bem longe de lá quando ela morresse e que a família tinha proibido a presença dele na CTI.

 

            Ramão, o irmão adolescente de João que morava na mesma casa, prestou depoimento acompanhado de uma assistente social por ainda ter 17 anos e contou tudo o que aconteceu da forma que eu já relatei no começo do episódio.

 

            Dona Ambrosina, mãe de Gleide, compareceu à delegacia no dia 11 de março para dar o seu depoimento.

 




            Segundo Dona Ambrosina, a filha casou quase 1 ano antes com o João, mas com 2 meses de casados, ele começou a agredi-la com palavras e até fisicamente, a tratar mal não só Gleide como toda a família. Algumas vezes, a filha a visitou e ela notou hematomas pelo corpo dela. Em novembro de 79, Gleide estava na casa dela quando João apareceu e eles teriam discutido na porta. Ela ouviu quando ele mandou que ela procurasse um advogado para acabar com o casamento e empurrou Gleide para dentro do apartamento. No começo da noite do mesmo dia, ele voltou e mandou Gleide pegar suas coisas que eles iriam embora, ela, Ambrosina, tentou conversar com ele, Joao teria dito que uma hora iria, em suas palavras, matar aquela desgraçada. Ambrosina então, teria falado, que Gleide não tinha pai, o pai dela era falecido, mas que ela tinha mãe, tinha irmãos, não era sozinha no que ele respondeu que tinha balas pra todos. Depois daquele evento, ela só os viu novamente no Ano Novo.

 

            No seu depoimento, ela também se refere a dois irmãos de João, que pareciam morar com João, o Ramão e um segundo, chamado Ênio, esse, parecia que tinha matado alguém aos 17 anos e estava com uns 22 e era usuário de drogas. No restante do processo, não se fala mais desse Ênio, ele só é citado no depoimento da Ambrosina.

 

            No dia 29 de fevereiro, o João a convidou para ir a uma festa na casa do Osni e Gleide insistiu muito que a mãe fosse. As 19:30, ela diz que foi para a casa da filha com o seu filho mais novo de 11 anos e que estavam lá o João, o Ramão e Almir um colega de serviço deles da APEMAT e que de lá foram todos juntos para a festa.

 

            João bebeu durante a festa e Gleide ficou um pouco afastada do marido. Todos os homens tinham bebido de tudo um pouco, cerveja, whisky, batida e a meia noite ela pediu para ir embora. João a convidou para uma outra festa, mas ouviu Gleide dizendo que não estava disposta. Eles a deixaram em casa e pela manhã, soube do que aconteceu.

 

            A costureira e amiga de Gleide, a Iracy Debla da Silva, também prestou depoimento. Elas eram amigas a 6 anos, porém depois do casamento, Gleide se afastou um pouco. Quando soube da internação na CTI, foi até lá.

 

            Duas irmãs da Gleide estavam presentes na CTI.

 

            Na quarta, dia 05, Estevão, um irmão de Gleide, pediu que autorizassem ela a entrar no quarto, porque só família podia.

 

            Elas se comunicaram por piscadas. Ao perguntar se Gleide queria que João fosse no quarto, se ela queria vê-lo, ela abriu bem os olhos e chorou, o que significava não. Perguntou em seguida se houve briga, Gleide fechou os olhos, respondendo sim. Questionou se João a queria matar, ela fechou os olhos e chorou, dizendo que sim.

 

            Soube da morte da Gleide ao ligar para o hospital.

 

            Félix Capillé, gerente da APEMAT e amigo íntimo do casal também se apresentou a delegacia. Relatou que, conheceu João quando ambos trabalharam no Banco Financial, eram amigos há 10 anos e ele o chamou para a APEMAT. João já trabalhava a 3 anos na APEMAT quando Gleide foi contratada. Félix era o chefe de Gleide. Soube do acidente umas 3 da manhã quando a diretora da APEMAT ligou para a casa dele e avisou. No dia 04, à tarde, ele foi a Santa Casa visitar Gleide e teve acesso ao quarto dela na CTI.

 

            Gleide chorou, parecia bem lúcida, estava nervosa, falando com dificuldade e pediu a ele que não deixasse nada acontecer com o João, e que ele fosse na casa da mãe dela para tentar amenizar as coisas e pediu para que ele não comprasse uma arma que um gerente de outra cidade tinha pedido a ele e que convencesse o João a não ter mais arma.

 

            Ela não contou o que aconteceu, ele também não perguntou. Gleide só pediu que ele rezasse por ela.

 

            O delegado Aparecido pediu a prisão preventiva de João Francisco Marcondes Fernandes de Deus no dia 12 de março e a prisão foi decretada no dia 13.

 

            João recebeu voz de prisão no Sanatório e a direção emitiu um termo de compromisso se responsabilizando a entregá-lo quando tivesse alta.

 

            Um ponto interessante: o que o João tinha era posse de arma. E qual a diferença entre a posse e o porte. A posse de arma é quando a pessoa pode ter a arma exclusivamente em casa ou na sua empresa, dentro daquele ambiente. Ele pode possuir a arma. Já o porte, ter porte, significa que ele pode andar na rua com a arma, circular armado, sair com a arma. Nesse caso, o João podia ter a arma em casa, mas não poderia sair com ela.

 

            O João de Deus foi preso no dia 14 de março e no interrogatório é que vamos saber o que ele diz, que teria acontecido dentro da casa.

 

            O que se dizia era ter sido tudo um acidente. Ele por alguma razão mexeu na arma e ela disparou. A família dela dizia que ele entrou na casa brigando com Gleide, pegou a arma e atirou.

 

Lembram do pedido de exame de insanidade mental? O resultado, saiu no dia 26 de março e o laudo foi que o estado psíquico do agora acusado, era normal e que ele estava apto a ser interrogado.

           

Vamos saber agora a versão dele.


            O interrogatório foi feito no dia 01 de abril.





 

            João narra sobre a ida no mercado cedo, Almir ir buscar Gleide em casa porque o caixa não fechou, irem todos a casa do José Osni. Ele e Gleide estavam a pouco tempo casados, estavam construindo uma casa, que estava ainda na fundação onde iriam morar além deles, os pais dele e a mãe de Gleide e planejavam terem filhos, a menstruação dela estava uns dias atrasada, eles imaginavam que talvez ela poderia estar já gravida.

 






            O plano era irem na Rita, mas Gleide estava indisposta então foram em casa para deixarem e ela concordou com ele ir com o irmão e o Almir. A Rita tinha dado a eles um jogo de quarto, que ela não levaria na mudança e ele queria ir agradecer. Achou que a dor de cabeça que Gleide estava podia ser um sinal de gravidez, a menstruação estava 5 dias atrasada.  Entraram em casa, foram para o quarto, os materiais da obra que eles estavam comprando estava tudo guardado lá, Gleide se sentou na cama e eles começaram a conversar normalmente.

 

            Como ia sair e era muito tarde, ele decidiu pegar o revólver. O colocou na cintura com o plástico que ele deixava em volta. Ele tinha o costume de sair armado e quando saia e estava chovendo, colocava a arma envolvida em um plástico. Ele as vezes a deixava embaixo do banco do carro, então o plástico também tinha essa função de conservar ela intacta lá debaixo do banco.

 

            Quando pegou o revólver na gaveta da mesa de cabeceira e pôs na cintura, o plástico incomodou. Ele tinha alergia ao plástico, mas usava para a proteger. Ele fez o movimento de tirar a arma da cintura e sem que ele percebesse, ela detonou, ele só ouviu um barulho que no momento nem pensou ser um tiro.  A arma não caiu no chão, não o queimou. Simplesmente disparou.

 

            Viu a esposa caída de costas na cama e uma mancha de sangue no pescoço. Colocou a arma em cima do material de construção e correu pra ela que pedia para ir ao médico.

 

            Foi para fora pedir ajuda e conseguiram os 3, botarem ela no carro, discutiram quem dirigiria um pouco.

 

            No trajeto, Gleide foi pedindo a ele que não corresse tanto para não causar um acidente.

 

            Afirmou que, não discutiu com a Gleide, só falavam sobre ela ir com ele ou não. Eles em todo o tempo de relacionamento nunca brigaram, nem passava pela sua cabeça se separar porque Gleide era maravilhosa.

 

            Também disse que tentou suicídio por essa razão a família acabou o internando, ele ficou 10 dias internado no Sanatório.

 

            Também negou ter saído de casa gritando “Matei minha mulher”.

 

            Várias pessoas foram chamadas novamente para dar depoimento, como Almir, que além de repetir o que tinha dito, detalhou a 2ª vez em ele e Ramão foram na casa e limparam o sangue do chão do quarto, o momento em que, Édio, chefe deles, chamou o Dr. Yvon Moreira do Egito, advogado, para acompanhar o Joao a delegacia e sobre quando visitou Gleide no hospital. Ela pediu para chamarem o Félix Capillé, contou que uns 2 ou 3 dias depois da visita dele soube que ela entrou em coma e que viu uns arranhões em João, mas que eram marcas de quando ele se jogou ao chão e começou a se debater de desespero.

 

            A Iracy, que também voltou, contou que Zuleide, irmã de Gleide, no dia da sua visita, disse que Gleide falou para ela que o tiro foi proposital, mas Estevão, o irmão que a ajudou na visita, disse que Gleide pediu para não fazerem nada a João porque tudo foi um acidente.

 

            Na Santa Casa, enquanto esteve internada, Gleide foi atendida por alguns médicos, entre eles, o Dr. Vicente Sant’Ana Junior, ouvido na delegacia.

 

            De acordo com o médico, na madrugada do dia 01º ele foi chamado em casa para ir ao pronto socorro ver um doente e que lá examinou Gleide, pediu uma radiografia e após o resultado, concluiu que não seria possível operá-la para retirar o projetil.

 

            Encaminhou Gleide para a CTI onde ficou alguns dias. A bala passou pela traqueia, atravessando o pescoço e cortando a medula cervical, de cima para baixo. O que aconteceu de fato, ele soube pelos jornais. Quando ela respirava, o ar saia pelo buraco da traqueia. Apesar de lúcida, não conseguia falar por falta de ar, só dava pra falar sim ou não e depois de alguns dias, ela precisou passar por uma traqueostomia, inserir um tubo na traqueia para ajudar na respiração e com o tubo, passou a ser impossível ela se comunicar com a fala.  Só sem o tubo, a comunicação dela era melhor.

 

            Contou que viu João na CTI nos primeiros dias, conversou com ele algumas poucas vezes.

 

            O depoimento dele, ajudou ou talvez não, a esclarecer alguns relatos que pareciam conflitantes, porque uns diziam que conversaram com ela, outros que ela só piscava e não dizia nada. Provavelmente, são pessoas que a viram em momentos diferentes da internação, antes e depois da traqueostomia.

 

            O Felix Capillé foi outra testemunha que retornou a delegacia para dar mais detalhes da sua visita ao hospital. Narrou que ela estava na CTI, nervosa, falando com muita dificuldade, disse a ele que estava sendo pressionada para dizer que João atirou de proposito, mas que foi um acidente e pediu que ele conversasse com a mãe dela e ajudasse o João.

 

            Ele achou melhor não falar nada com a mãe dela porque o clima estava muito pesado, um dos irmãos proferia ameaças contra o Joao, ele tinha sido proibido de chegar perto do leito dela no CTI, então ele, Félix, optou por não tocar no assunto naquele momento, com os ânimos inflados.

 

            Tanto ele quanto a esposa, só a visitaram uma vez no hospital.

 

            O caso em si era muito complicado. Nós vimos depoimentos com histórias diferentes sobre quem ouviu o que, o que Gleide falou ou não e achando que esclareceria melhor o que se passou no hospital e o que a Gleide contou, o delegado convocou alguns enfermeiros da CTI para contarem o que viram, ouviram e presenciaram.

 

             Marilza Medina declarou que, trabalhava na CTI e que Gleide só fico inconsciente uns 2 ou 3 dias depois da internação. No começo ela respondia e pedia pela presença do marido, contava que havia acontecido um acidente.

           

            Depois de ser posta nos aparelhos e ter sido inserido um tubo, só movia os dedos e os olhos até que entrou em coma total.

 

            Nos dias da internação viu o João diversas vezes e parou de o ver depois de ouvir que a família tinha o proibido de ir.

 

            Marta Maria uma auxiliar de enfermagem que também ficava na CTI, contou que, Gleide ficou quase 4 dias lúcida, sempre que ia no quarto fazer a higiene pessoal dela, alimentar, elas conversavam um pouco. Viu João nos primeiros dias muito preocupado, mas depois de uns 3 dias a família o proibiu de entrar. Gleide comentou que foi um acidente.

 

            Como elas, alguns outros enfermeiros e auxiliares foram a delegacia com as histórias mais ou menos parecidas.

 

            O MP apresentou a denúncia no artigo 121 §2º inciso II, homicídio qualificado motivo fútil, o juiz acatou o pedido da família de Gleide contratou o advogado Dr. Luiz Carlos Saldanha para acompanhar o caso.

 

            A primeira audiência de instrução aconteceu no fim de abril de 1980. O juiz foi o Dr. Wolney de Oliveira, os promotores Francisco Pinto de Oliveira Neto, o assistente de acusação, o Dr. Luiz Saldanha e na defesa, o Dr. Marcelo Trad.

 

            Decorrendo os tramites judiciais, a defesa entrou com um pedido de habeas corpus, aceito pela Turma Criminal pela maioria dos votos em maio de 80, portanto, no fim de maio, João Francisco foi solto.

 

            É nesse momento, na soltura do João, que acontece o que tornou esse caso tão peculiar.

 

            João Francisco era espírita. Assim que liberto da prisão, ele foi a Uberaba em Minas Gerais, lá ficava o Grupo Espírita da Prece, fundado por Francisco Cândico Xavier, o Chico Xavier, desde 1975.

 

            Não é claro se Gleide sempre foi espírita, mas nas fontes, se cita que casada com ele, ela passou a frequentar grupos espiritas com o marido.

 

            O Chico Xavier creio eu, conhecido no Brasil inteiro, mas só para contextualizar, até porque, ele acabou tendo um papel importante no caso, vamos explicar rapidamente quem ele foi e o que ele fazia, antes de continuarmos.

 

            Chico nasceu em 1910, filho de um operário e de uma lavadeira, curiosamente, diversas fontes dizem que a mãe dele chamava-se Maria João de Deus, que faleceu quando Chico tinha 5 anos.

 

            Nascido e criado na fé católica, depois da morte da mãe, Chico começou a ouvi-la, conversar com ela e no período em que viveu com uma madrinha. O pai casou novamente e teve outros 5 filhos, além dos 9 que já tinha.

 

            O pai o levava ao vigário da cidade quando Chico contava sobre as conversas que tinha com pessoas que só ele via e ouvia.

 

            Em 1927, uma das suas irmãs ficou doente e um casal de espiritas ajudou a família na busca pela cura da menina. Foi a primeira vez que ele teve contato com o espiritismo e com os livros de Alan Kardec.

 

            Chico foi para Uberaba em 1959 onde anos mais tarde fundaria o Grupo Espírita da Prece que promovia sessões mediúnicas, estudos, palestras, campanhas de caridade. Além do Grupo, Chico ficou nacionalmente e internacionalmente pelos seus ensinamentos e pela sua mediunidade desvelada por intermédio da psicografia.

 

            A psicografia é um tipo de mediunidade segundo a doutrina espírita, uma capacidade que alguns médiuns possuem de escrever mensagens ditadas por Espíritos que utiliza das mãos do médium para transmissão dessas mensagens.

 

            E o Chico, era esse médium. E foi por isso que João de Deus apareceu em Uberaba.

 





            Alguns casos, como o de 1976, onde Jose Divino foi acusado de matar o amigo Mauricio, o caso no mesmo ano de Henrique Gregoris também assassinado por um amigo, tiveram cartas psicografadas por Chico aceitas em julgamentos. O mesmo aconteceria com o caso da Miss Campo Grande 1975.

 

            A primeira carta psicografada por Chico em nome de Gleide foi recebida no dia 12 de julho de 1980.

 

          
















 







































A 2ª carta foi recebida no Grupo Espírita da Prece no dia 24 de outubro de 1980. A 3ª na madrugada de 08 de novembro de 1980.

 
























 A 4ª em 23 de janeiro de 1981, na carta ela cita a presença, junto a João, duas irmãs dela, Cleide e Zuleide.

 
































Entre o período das cartas, o João frequentava o Centro Espírita A caminho da Luz, fundado em agosto de 1980, que ficava e fica ainda, no bairro de Jardim Alto São Francisco em Campo Grande e que ele foi eleito vice-presidente em 1984.

 

O juiz Armando Lima da 1ª Vara Criminal emitiu a sentença de pronúncia em 22 de março de 1982. O Joao ainda aguardava em liberdade, por ser réu primário e sem antecedentes.

 

A defesa recorreu da pronuncia a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça que anulou a sentença de pronúncia em agosto de 82.


Um segundo juiz, Dr. Nildo de Carvalho, refez a emissão da sentença de pronúncia no fim de 82 e a defesa entrou com recurso parcial para retirar a qualificadora de motivo fútil, recurso que foi negado.

 

O advogado da família, o Dr. Luiz Carlos Saldanha foi aprovado em concurso para juiz e saiu do caso, sendo substituído pelos advogados Nabor Pereira e Ademar Monteiro da Silva.

 

A defesa queria que a acusação fosse de homicídio culposo, sem intenção de matar e tentaram, em vão, recursos de nulidade, embargo infringente...

 

E o processo ia se prolongando.

 

João Francisco mudou de endereço, começou a trabalhar na Comercial Discar S/A, uma concessionaria da Volks como gerente financeiro e até a data em que o julgamento ocorreria, casou-se e teve 1 filho.

 

O julgamento aconteceu no fim de junho de 1985. Juiz Dr. Nildo de Carvalho, Promotor Aldo Congro Bastos, assistentes de acusação Dr. Nabor Pereira e o Dr. Ademar Monteiro e na defesa os Drs. Marcelo e Ricardo Trad. O corpo do júri foi formado por 6 homens e 1 mulher.

 

Ao processo crime foram anexadas todas as cartas do Chico como prova documental.

 

A Zuleide, irmã que Gleide cita em uma das cartas e que a defesa anexou cartas enviadas por ela ao João após o crime ou acidente e em todos aqueles anos, foi ouvida no tribunal. Ela tinha 24 anos, idade em que Gleide morreu, 5 anos antes e era funcionária pública estadual.

 

Sobe pela mãe que João já tinha agredido Gleide, a irmã teria ido ao banheiro, Joao foi atras, eles discutiram e a mãe delas o viu a empurrando contra uma parede, 1 mês antes do ocorrido.

 

Sua irmã já tinha comentado com ela, que tinha apanhado do marido.

 

Sobre as cartas em seu nome, disse que um questionário do Grupo Espírita foi ditado a ela e que Joao disse que era para um livro. Ela deu para ele uma carta com uma mensagem de Emanuel tirada de um livro do Chico.

 

Disse que Joao procurou a família e pediu perdão, mas ninguém o perdoou. Ele mandou um documento para a família assinar relacionado a casa que ele e Gleide tinham comprado porque a venderia e pretendia dar a eles uma parte.

 

Não sabia por que o casal brigava por coisas bobas, se ele tinha inveja ou ciúmes porque sua irmã era muito bonita e as brigas já vinham do namoro e noivado.

 

No hospital, segundo ela, Gleide não falou, só fez gestos confirmando que João brigou com ela e que disse que iria atirar nela.

 

Ela também contou que esteve no Centro Espírita em janeiro de 81 com o Joao e a Cleide. O Chico psicografou uma carta para ela, mas antes, ele e Joao ficaram conversando por um bom tempo, então ela não acreditava em nada daquilo. As cartas não condiziam com a forma na qual Gleide falava, a caligrafia era diferente e a assinatura não era similar.

 

O Félix Capillé testemunhou repetindo a história de quando foi a CTI, Gleide pediu que ele falasse com a mãe dela, que ela estava sendo pressionada por um cunhado a culpar Joao, mas não foi de proposito. Também o pediu para lembrar João de tomar seus remédios e de uma vacina que ele precisava tomar. Mesmo com o pedido de Gleide, Felix não achou um bom momento para tentar conversar com a família, porque ouviu irmãos de Gleide ameaçando Joao. E esclareceu que, Joao foi transferido de trabalho, da APEMAT para a Discar.

 

Em  carta psicografada, Gleide a endereça a uma mulher chamada Maria Edwiges, que escreveu uma declaração para ser lida no julgamento em que constava que, no dia 08 de novembro de 80 ela estava em uma reunião no grupo espírita da prece em Uberaba esperando uma carta de sua mãe ou do seu marido, ambos falecidos, quando recebeu uma carta de Gleide alegando que Joao era inocente. 




















 























Foram formulados 8 quesitos a serem respondidos pelo conselho de sentença que eu vou relatar o primeiro porque é importante pro que acontece depois.

 

                        1º O réu João Francisco Marcondes de Deus, no dia 01º de março de 1980 por volta das 00:30 no interior da casa situada na Avenida dos Estados, 100, servindo-se de um revólver, desferiu um tiro contra a vítima Gleide Dutra de Deus, causando-lhe os ferimentos descritos no laudo do exame de corpo delito?  0 Sim 7 Não

 

                        Todos os outros quesitos foram desconsiderados por estarem prejudicados devido a essa votação. E por quê? O conselho não reconheceu nem que foi ele que atirou, então se ele nem atirou....

 

            O João foi absolvido por unanimidade.

 

            Assim como, talvez, alguns de vocês tenham achado isso estranho, tanto a defesa quanto o MP também acharam. Afinal, ele no júri confessou que foi a arma dele de onde saiu o tiro e ele alegava homicídio culposo, ele atirou, mas ele não atirou porque queria matar a Gleide. E aí o júri diz que ele nem atirar atirou.





            Obviamente, os advogados da família apelaram da decisão do júri em agosto de 85. A promotoria concordou com o pedido de apelação. A procuradoria de justiça também foi a favor do provimento do recurso e novo julgamento.

 

            O júri foi anulado em dezembro de 85.

 

            Foi solicitado, nesse ponto, avançado que só, um exame de balística, que, não sei por que, não foi feito a época, ou pelo menos nos volumes que eu tive acesso não consta um exame balístico, mas a família acabou desistindo do pedido do exame, então, supostamente, o revolver jamais foi periciado.

 

            O 2º julgamento foi marcado para abril de 1990, 5 anos do primeiro e 10 anos do acontecido.

 

            A juíza nesse julgamento foi a Dra. Elizabeth Taekinashi, Promotor Anisio Bispo dos Santos, Assistente de Acusação Dr. Ademar Monteiro da Silva e a defesa do Dr. Ricardo Trad. Conselho de Sentença formado por 5 homens e 2 mulheres.


            No fim de 85, a Hebe apresentava um programa na Band e gravou um especial de Natal com a Nair Belo e o Chico Xavier e nesse programa, o caso foi citado por ele. 

 

            Para esse julgamento, a defesa pagou uma cópia a Band que foi ao ar no dia 22 de dezembro de 85 para incluir como prova. As cartas, novamente foram usadas, porém a alegação da defesa continha a tese de caso fortuito, que significa que, uma força maior imprevisível e inevitável impediram o réu a agir de forma diferente, tentando atenuar a culpa dele, é uma tese que não absolve, mas, pelo que eu estudei, é utilizada para diminuir a gravidade da acusação.

 

            Nesse julgamento foram 6 quesitos basicamente igual ao do 1º júri anulado:

 

            1º O réu João Francisco Marcondes de Deus, no dia 01º de março de 1980 por volta das 00:30 no interior da casa situada na Avenida dos Estados, 100, servindo-se de um revólver, desferiu um tiro contra a vítima Gleide Dutra de Deus, causando-lhe os ferimentos descritos no laudo necroscópico?  SIM 07

 

         2º Esses ferimentos foram a causa da morte da vítima? SIM 06 NÃO 01

 

         3º O réu causa a morte da vítima culposamente, por imprudência? SIM 06 NÄO 01

 

         A conclusão do júri é que Joao Francisco era culpado. Ele foi condenado a 1 ano de detenção, que não precisaria ser com inicio em regime fechado, porém, entretanto, todavia, ele não cumpriu porque a pena foi prescrita por extinção de punibilidade.




 

            Como eu disse anteriormente, João Francisco Marcondes de Deus, refez sua vida, casou-se, além do filho, até onde consegui achar informação, ele também teve uma filha, a quem ele deu o nome de Gleide, que seria uma homenagem a Gleide Maria.

 

            Esse caso, foi exibido no dia 04 de novembro de 2004, no Linha Direta, no episódio as cartas de Chico Xavier. No Blog eu vou deixar o link de onde vocês podem assistir o episódio completo.

 

  

             

Fontes de Pesquisa


                                                Arquivo Linha Direta

                                                  Histórias Perdidas

 Midia Max 

      Biblioteca IBGE 

Midia Max 

  Chico Xavier Uberaba 

 

 

 

 

 

 

 

 


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