T03 Ep12 O caso Castelo do Piauí

 O caso











                Castelo do Piaui. é uma cidade distante a 184km de Teresina, capital do estado.

 







                O município foi fundado em 1762 e segundo o IBGE de 2021, possui 19. 716 habitantes. O IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) da cidade é de 0,596, o que é considerado muito baixo. O do Estado é de 0,690 e do Brasil, no mesmo ano, foi de 0,754.


                É uma cidade muito típica do interior. Quase abandonada pelo poder público que não investe em infraestrutura, com pessoas humildes, com renda muito inferior ao necessário.

 

                Castelo do Piauí não tem delegado fixo e só tem 3 policiais. A delegacia tem 2 salas e 2 banheiros. Banheiro esse que também faz vez de deposito de arma e de guardar coisas apreendidas.

 






                Como uma cidade pequena, todo mundo se conhecia. Ou estudaram juntos, ou moravam perto, ou iam a mesma igreja, ao mesmo mercadinho. De uma maneira ou outra, as pessoas da cidade sabiam quem era quem, filho de quem, sobrinho de quem, avo de quem.

 

                As maiores intercorrências eram furtos, pequenos roubos e motos sendo pilotadas por quem não tinha habilitação pra pilotar ou por não ter idade pra isso.

 

                 Mas o que aconteceu no dia 27 de maio de 2015, mudou pra sempre Castelo do Piaui.

 

                Naquele dia 27 de maio, 5 amigas, decidiram que iriam até um ponto turístico da cidade conhecido como Morro do Garrote. Uma delas, de última hora acaba desistindo de ir.

 






                Como quase todos os envolvidos nesse caso são menores de idade, eu vou usar nomes fictícios pra que fique mais fácil de entender.

 

                Das 4 meninas, somente uma eu vou usar o nome dela e mais um pouco a frente vocês irão entender o porquê, é a Danielly. As outras 3 iremos chamar de Renata, Julia e Iris. Duas delas tinham 17 anos, 1 tinha 16 e outra 15 anos.

 

                Elas estudavam na mesma escola, Escola Estadual Francisco Sales Martins, todas estavam no Ensino Médio.

 





                Naquele dia, elas pegaram duas motos Honda Bross 150 cc, e cada dupla foi em uma até a trilha que levava ao Morro.

 

                A intenção delas era tirar fotos. Algumas fontes dizem que as fotos seriam para um trabalho escolar, outras, que elas decidiram ir lá tirar fotos para postarem nas redes sociais após fazerem um trabalho escolar.

 

                Danielly Rodrigues tinha 17 anos, estava no 3º ano do ensino médio. Seus pais, Jorge e Zefinha, tinham uma pequena mercearia. O sonho dela era estudar medicina. Era do grupo jovem da igreja, gostava de futebol.

 







                Júlia, de 15 anos, estava no 1º ano. Os pais eram comerciantes e ela queria muito estudar arquitetura.

 

                A Isis tinha 16 anos, estava no último ano da escola e pensava em se formar e estudar moda.


                Renata era uma das mais velhas do grupo com 17 anos também. Estava no 3º ano.

 




                O que as 4 meninas não podiam imaginar é que elas não estavam sozinhas no Morro.

 

                Escondido a dias lá estava Adão José de Souza, de 40 anos e com ele estavam outros 4 adolescentes. Vamos aqui, também usar 3 nomes fictícios e 1 deles, eu vou usar o nome real, que é o Gleison. Então com o Adão estavam o Gleison, o Ivan, o João e o Bruno. Eles tinham idades entre 15 e 17 anos.

 






                Gleison começou a furtar aos 10 anos. Seu primeiro furto foi o de um cd. Em 2015, ele tinha 17 anos. A família morava no bairro chamado Refesa, na periferia de Castelo do Piauí com a mãe Elisabete, a avo Francisca e outros 5 irmãos em um casebre de terra batida há 1km do Morro do garrote. A família se sustentava com a pensão de um salário-mínimo do irmão mais velho de Gleison, que tinha 19 anos e uma doença mental, do bolsa família que a mãe recebia e do pouco dinheiro que o padrasto ganhava uma vez ou outra em bicos. A mãe na época, estava gravida de 3 meses.

 





                Ele só estudou até a 5ª serie e abandonou a escola. Em 2014 ele passou 45 dias no Centro de Internação Provisória e quando saiu, jurou que nunca mais colocaria os pés lá.

 

                Em maio de 2015, antes do fatídico dia, ele passou por uma audiência com o promotor em Castelo por outros atos infracionais que cometeu, mas o promotor achou que só pedir a mãe que o matriculasse na escola seria o suficiente: não foi. Ele ainda na audiência, disse ao juiz que ele queria ser mesmo ser bandido.

 

                Ivan, de 15 anos, tinha 3 irmãos mais novos e um mais velho com 16 anos que já não morava mais com os pais.

 





                Sua família morava no bairro da Cohab, mas com a extensa lista de crimes cometidos por ele no bairro, todos foram expulsos e acabaram indo morar perto do Centro, em uma casa muito simples, sem porta, que pertencia a uma tia e que parecia ter sido um bar antes.

 

                Ivan nasceu em São Paulo, onde a família morou por anos. Eles voltaram para Castelo 11 anos antes, em 2004.

 

                Era usuário de maconha e crack. Roubava motos em Castelo do Piauí sob encomenda e levava para a cidade de Juazeiro do Piaui.

 

                A mãe, Patrícia de 38 anos, estava desempregada, o pai Manoel de 63 anos, era um carpinteiro aposentado por transtorno mental.

 

                Ivan já tinha sido internado uma vez, depois de tentar esfaquear um policial militar que tentou pegá-lo depois dele ter furtado celulares, um relógio e uma espingarda.

 

                A mãe por diversas vezes tentou matriculá-lo na escola sem sucesso. As escolas não queriam dar vaga para o menino. Ela chegou a acionar o Conselho Tutelar pra conseguir colocá-lo na escola, mas foi em vão. Ele não ficava na escola.

 

                Por uma semana, ele foi internado na Fazendo da Paz, uma comunidade terapêutica para usuários de drogas, mas ele fugiu.

 

                No dia 25 de maio ele e um outro adolescente menor de idade, que também está nesse caso de hoje, o Bruno, haviam sido autuados por roubo.

 

                Bruno, de 15 anos, morava no Conjunto Vila Nova com a mãe, Cristiane, que era dona de casa, com o pai, José, um vendedor de peixe e de galinhas, e com dois irmãos: um de 16 e uma de 14. A casa deles foi dada através de um programa do governo e a família vivia com o que recebia de Bolsa Família.

 

               



                Ele parou de estudar na 5ª serie e era acusado na cidade de além de outros delitos, a de espancar um senhor idoso para roubá-lo.

 

                O João, de 16 anos morava com a mãe, Ana num casebre perto de uma lagoa no bairro Cohab. Que depois ela precisou sair. Os pais haviam se separado no fim do ano anterior, 2014.

 





                João vez ou outra, fazia uns bicos na casa de um vereador da cidade, Raimundo Mineiro. Quando não estava lá, estava na rua usando drogas.

 

                Com esses 4 meninos, estava um adulto: Adão José de Souza, de 40 anos.





 

                Adão nasceu em Castelo do Piauí e foi para São Paulo. Em São Paulo ele foi preso diversas vezes por roubo, tráfico de drogas, furto, homicídio e porte ilegal de armas. Quando conseguiu a liberdade condicional, foi embora pra Castelo do Piaui. Foragido, ele ficou em Castelo se escondendo nas redondezas do Morro do Garrote, enquanto vendia drogas para os adolescentes da cidade e cometia roubos.

 

                Naquela tarde do dia 27 de maio de 2015, as vidas desses 8 adolescentes, que já se conheciam, chegaram a estudar alguma vez juntos e que eram de realidades completamente diferentes, se cruzaram.

 

                Quando as 4 meninas se preparavam para irem embora, foram surpreendidas.

 

                Segundo elas, Gleison foi o primeiro a aparecer.

 

                Ele colocou uma faca no pescoço de Danielly. As outras 3 tentaram correr, mas desistiram quando ele começou a ameaçar que se elas corressem, ele mataria Danielly.

 

                Uma delas chegou a dizer que voltou porque não aguentaria viver com a culpa de ir e algo acontecer com uma amiga sua.

 

                Depois de dominadas, os outros adolescentes e Adão apareceram.

 

                Não se tem certeza exatamente de quem fez exatamente o que. Da ordem das coisas.

 

                As 4 meninas foram amarradas com as próprias roupas a um pé de cajueiro. Todas foram brutalmente espancadas e por 2 horas, elas foram violentadas sexualmente pelos 5: os 4 adolescentes e Adão.


                Depois dessas horas de abuso, nuas, elas foram, uma por uma, jogadas do alto do morro. Era uma queda de 10 metros.

 





                Não sendo suficiente, Adão ordena que os meninos desçam pra ver se elas estavam mortas e que jogassem pedras nelas pra certificar de que elas morressem.

 

                No mesmo dia, a polícia estava à procura de um homem que assaltou um posto de gasolina e disparou um tiro na gerente.

 





                Eles já sabiam que na cidade estava um homem procurado em São Paulo, o Adão e que ele talvez fosse o assaltante do posto.

 

                Quando estavam perto do Morro do Garrote, eles viram duas motos e apreenderam.

 

                No caminho para a delegacia, o irmão de Renata viu as motos sendo rebocadas e perguntou onde que elas tinham sido achadas.

 

                Preocupado ele avisa aos pais que vão direto pra delegacia. Já era início da noite e as meninas que tinham ido saído para tirar umas fotos ainda não tinham voltado, o que não era normal.

 

                O policial que estava na delegacia informou que só se podia fazer alguma coisa depois de 24 horas do desaparecimento, o que, sabemos que não é verdade. Não existe isso de se esperar 24 horas.

 

                O povo se revoltou com aquilo, pegaram vários pneus e começaram a colocar fogo neles em frente a delegacia.

 




                Um pequeno grupo de meninos, pegam umas lanternas e decidem eles mesmo irem ao morro procurar.

 

                A primeira coisa que eles encontram quando chegam, é um short feminino. Depois um sutiã e várias peças no caminho.

 






                Eles avistam as meninas, amarradas nos braços e pernas com as roupas. Eles tiram as blusas deles e tampas as garotas.


                A polícia chega no local e junto com ela, uma ambulância.

 

                Das 4 meninas, somente 1 estava ainda lúcida e vendo esses meninos chegando, achando serem os mesmos, grita chorando:

 


 

                “para, pelo amor de Deus.”

 


                

                Elas são socorridas para o Hospital Municipal Nilo Lima e chegaram em estado gravíssimo. Como o estado de saúde delas era crítico, acharam melhor levá-las para o hospital em Campo Maior, uma cidade maior e longe uns 85km de Castelo do Piauí e ainda na madrugada elas são transferidas de lá para o Hospital de Urgências em Teresina.

 




                As meninas precisaram ser examinadas e colheram vestígios para o IML, como por exemplo, material embaixo das unhas delas.

 

                Danielly teve esmagamento do lado direito da face, lesões no pescoço e traumatismo torácico.

 

                Elas tiveram pulsos cortados, mamilos e olhos furados.


 

                Uma delas teve traumatismo craniano, perdeu um pouco de massa encefálica, teve sangramento interno na barriga e perdeu parte da orelha.





                Outra, além das diversas lesões, foi esfaqueada na coxa.

 

                As próprias meninas, ainda no hospital em Castelo, disseram o pouco que se lembravam e sobre quem teria feito aquilo.

 

                O delegado Laércio Evangelista na mesma noite, prendeu dois dos adolescentes: o Bruno e o João. No dia seguinte, foi a vez de Ivan e Gleison. João, o primeiro a ser preso, estava na rua, drogado, todo sujo e com a calça, ainda manchada de sangue.

 








                No primeiro momento, todos os 4 confessaram e apontaram Adão como o mandante. Adão já tinha fugido de Castelo do Piauí, mas acabou sendo pego dois dias depois tentando entrar na cidade de Campo Maior.

 





                Os 4 meninos tiveram que ser retirados da cidade. A população ameaçava linchá-los. As famílias deles começaram a ser ameaçadas. Como eu disse, teve a mãe de um deles que precisou sair de onde morava por isso, ameaças.

 

                Vinte dias antes, o delegado lembrou que tinha pedido a internação do Ivan não só por atos infracionais, mas por ter furtado um notebook.

 

                Na manhã seguinte, os 4 foram levados ao mesmo local e Gleison mostrou e contou na versão dele, como Adão teria coordenado tudo. E lá ainda estava as coisas das meninas, como os celulares dela, sutiã e muito sangue.

 





                Por serem menores de idade, os 4 meninos foram recolhidos e seriam julgados de acordo com o ECA. O ECA, no seu artigo 121 que trata da internação do menor, diz que o máximo que se pode ficar internado é 3 anos e aí o ECA estipula que ele precisa sair em liberdade assistida e a liberdade compulsória é aos 21 anos.

 

                Os 4 foram mandados para uma delegacia em Teresina.





 

                As 4 meninas ficaram internadas em Teresina. Iris, a em condições um pouco melhor que as outras, foi transferida para um hospital particular.

 





                Danielly era a que estava em estado mais crítico. Ela fez uma traqueostomia, então ficou impossibilitada de falar, mas por alguns dias, se comunicava com a família e com os amigos através de mensagens. Mas o estado de saúde dela piorou. Ela passou por 3 cirurgias. O diretor do hospital abriu uma campanha de doação de sangue para ajudar Danielly. E centenas de pessoas foram doar, mas infelizmente não foi o suficiente.

 

                Depois de 10 dias internada, Danielly sofreu uma hemorragia torácica e não conseguiu. Apesar das doações e mais 3 cirurgias, ela faleceu no dia 07 de junho de 2015.

 




                Danielly foi velada na Igreja Matriz Nossa Senhora do Desterro em Castelo do Piauí no dia 08 de junho e sepultada no cemitério Santo Expedito.

 






                A primeira, das 3 sobreviventes a ter alta foi Iris. No dia 09 de junho, foi Julia a ser liberada e no dia 04 de julho, Renata também teve alta.

 

                Funcionários do hospital, familiares, amigos, criaram a campanha chamada Flores para elas, com o objetivo de arrecadar fundos para ajudar as famílias a ficarem em Teresina durante o tratamento das meninas.

 





                Quando ouvidos em audiência no dia 11 de junho, dos 4, 3 menores disseram que era inocentes. As famílias afirmavam que eles confessaram porque sofreram espancamento na delegacia.

 

                No dia 09 de julho, o juiz Luiz Leonardo Brasileiro mandou internar os adolescentes pelo máximo de tempo que o ECA permitia, como eu disse, 3 anos. Eles foram acusados de 5 crimes: estupro, 1 homicídio qualificado com o feminicídio, 3 tentativas de homicídio e associação criminosa.

 




                Eu disse que quando as meninas foram internadas, foram colhido material delas como sangue, amostra de vestígios embaixo das unhas e sêmen. O laboratório da Polícia Civil de Pernambuco realizou exame de DNA e, as fontes afirmam que das amostras pegas dos 5 acusados, deu match com o Adão e mais 2 adolescentes.

 

                Os 4 foram transferidos para o Centro Educacional Masculino, o CEM.

 

                Como os outros internados não aceitaram muito bem a chegada dos 4 garotos, a direção de Centro Educacional conversou com eles e eles pediram então para ficarem isolados dos outros, mas juntos no mesmo alojamento.

 

                Isso acabou não se mostrando uma boa ideia.

 

                Durante a madrugada do dia seguinte, os outros três meninos, Ivan, Joao e Bruno se uniram e com pontapés, murros, socos e batidas com a cabeça no chão, mataram Gleison.

 

                Ele ficou com o rosto completamente irreconhecível e teve o crânio severamente afundado.

 





                Os 3, confessaram e disseram que fizeram pra se vingar dele, porque Gleison os teria delatado, mas por algo que eles não fizeram.

 

                Pelo homicídio eles foram novamente julgados e condenados, mas como já estavam internados pelo máximo de tempo previsto pelo ECA, o assassinato não alterou a medida socioeducativa que eles precisavam cumprir.

 

                Depois disso, os 3 foram transferidos para o Centro de Internação Provisória.

 

                Gleison foi enterrado em Teresina. A família teve medo de levar o corpo do menino para Castelo do Piaui.

 




                O Adão enquanto estava preso, deu algumas entrevistas e alegava que era inocente e estava sendo usado como um bode expiatório.

 

                Ele acusava um vereador de Castelo do Piauí e um policial militar.

 

                O vereador seria o Raimundo Mineiro, aquele mesmo em que João fazia pequenos trabalhos. Segundo o Adão, ele seria o pai da gerente do posto que ele atirou, o que na verdade não era. E disse que o policial militar Elias Junior estava envolvido em tentar formar uma milicia na região, que teria sido o Elias quem o mandou ao posto roubar e que ele estava por trás de diversos crimes cometidos em Castelo.

 

                Houve uma desconfiança em relação ao policial, que foi inclusive quem atendeu ao local do roubo, o posto e segundo testemunhas, ele sabia exatamente o valor que foi roubado, o que teria levantado dúvidas de como ele saberia isso.

 

                O pai de um dos meninos, diz que, o filho havia dito que o Elias Junior pagou a ele R$ 2 mil reais para confessar o estupro das meninas e que ele iria conseguir um bom advogado para todos os meninos.

 

                Em relação ao vereador, que era na verdade irmão da gerente do posto, nada foi encontrado. O PM Elias Junior chegou a ser afastado do cargo pela Corregedoria da PM. Mesmo afastado, ele não foi acusado de envolvimento no estupro coletivo das meninas.

 

                O julgamento de Adão José aconteceu em fevereiro de 2018 com um júri formado por 5 mulheres e 2 homens.

 





                Como o caso estava em segredo de justiça, o Ministério Público pediu que a sessão ocorresse com portas fechadas para preservar a identidade das meninas e as informações então foi um julgamento sem a presença de ninguém, exceto defesa, acusação, conselho de sentença e os que trabalhavam no fórum.

 

                Adão foi condenado a 100 anos e 8 meses em regime fechado por porte ilegal de arma, estupro qualificado, homicídio qualificado, tentativas de homicídio, corrupção de menores e associação criminosa.

 

                Os menores de idade no mesmo ano de 2018 saíram da internação para a liberdade assistida, mas não demorou para que alguns deles, voltassem ao crime.

 

                Bruno voltou a ser preso em 2019 por tentativa de assalto em Teresina.

 

                Ivan, em 2019 também, sofreu uma tentativa de homicídio em Teresina depois de uma briga.

 

                Joao não possui nenhuma outra passagem pela polícia.

 

                Adão cumpre pena hoje na Penitenciaria Irmão Guido em Teresina.

 

                A mãe de Gleison defendeu o filho quando ele foi internado. Ela contou a um jornalista que, o filho dela mais velha, que tem um transtorno mental, vez ou outra tentava mexer com uma das irmãs mais novas e Gleison ficava revoltado com aquilo e sempre falava que odiava estupradores ou abusadores e que ela não achava que ele mesmo seria capaz de fazer algo assim.

 





                Depois da morte dele, ela entrou na justiça pedindo ao Estado do Piauí uma indenização por danos morais, já que o filho foi assassinado dentro de uma instituição pública.

 

                A justiça deferiu o pedido e condenou o Estado a pagar R$ 60 mil a família. Ao saber da decisão, o juiz Leonardo Brasileiro entrou com um pedido de bloqueio desse dinheiro. Ele pediu o bloqueio com o pedido de que, esse dinheiro, fosse destinado as famílias das 3 meninas sobreviventes do estupro coletivo.

 

                Ele disse em entrevista que entendia a situação em que a família de Gleison vivia, mas que, ele tinha participado de um crime brutal e que a situação das vítimas, que viviam com as sequelas do que passaram, precisava ser indenizada.

 

                O juiz teve o seu pedido atendido e foi bloqueado em favor das vítimas no ano de 2019. Eu tentei dar uma olhada no processo e ver se tinha uma decisão diferente e liberação do dinheiro para a mãe de Gleison, mas não encontrei nada além do deferimento do bloqueio e outras movimentações que eu não entendi nada.

 

                Julia foi para Teresina morar com o irmão em um apartamento que os pais alugarem lá por um tempo. Terminou a o 1º ano, estava, na última vez que a família falou sobre o que aconteceu, se preparando para começar o 2º ano.

 

                Renata, a que ficou em estado mais grave e ficou internada por 36 dias, ficou na UTI, passou por diversas cirurgias, reconstruiu a sua orelha e apesar de ter perdido um pouco de massa encefálica, conseguiu ter uma ótima recuperação.  Das 3, foi a única a dar uma entrevista e falar sobre sua vontade em fazer medicina veterinária, reconstruir a vida e em como ela enxergava as coisas. Eu vou deixar aqui um trechinho da entrevista dela.

 

                Por 3 anos ela usou somente roupas brancas para pagar uma promessa que um familiar fez pela vida dela a Nossa Senhora.

 

                Não se tem muitas informações sobre as meninas. Elas se mantem discretas, não falam sobre o que aconteceu e não dão entrevistas.

 

                O que eu consegui de informações que parecem ser mais recentes são as de que, tanto Ivan quanto Bruno teriam voltado a viver em Castelo do Piauí, isolados na zona rural da cidade.

 

                Duas vítimas também teriam acabado voltando para Castelo. A única que permaneceu em Teresina foi Renata que não quis mais voltar.

 

                Quando tudo aconteceu em 2015, foi um choque imenso na cidade então dois psicólogos foram chamados para ajudar não só a comunidade, mas também as meninas. Os psicólogos Grace Wanderley de Barros Correia e Jayme Panerai Alves, já haviam trabalhado com os sobreviventes da Boate Kiss e da Escola de Realengo aqui no Rio e ficaram em Castelo do Piauí por 5 meses.

 

                Tanto Renata, quanto Julia e Iris, mantem terapia e atendimento médico.

 

               

 Fontes de Pesquisa:


G1

Compromisso e Atitude

Compromisso e Atitude

Uol

Compromisso e Atitude

G1

Compromisso e Atitude

G1

Portal ODia.com

O Dia News

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Pedro Mundim

Wikipedia

G1


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