T03 Ep11 O caso Crime 113 Sul

 

O Caso





            Esse caso aconteceu em Brasília, Distrito Federal, há 14 anos atrás. No dia 28 de agosto de 2009, José Guilherme Villela, Maria Carvalho Mendes Villela e Francisca Nascimento da Silva, foram brutalmente esfaqueados até a morte em um apartamento em um bairro nobre de Brasília.

 

            José Guilherme Villela nasceu no dia 12 de agosto de 1936 na cidade de Manhuaçu em Minas Gerais. Filho do casal, José Villela e Olga Pimentel Villela. Seu pai era um funcionário público na cidade de Ubá, tambem em Minas Gerais e sua mãe era professora em Manhuaçu. José Guilherme tinha duas irmãs, Anna Maria e Terezinha de Jesus.

 






            Em 1945 a família mudou-se para Belo Horizonte e José Guilherme decidiu que estudaria Direito e passou para a Universidade de Minas Gerais, hoje a Universidade Federal de Minas Gerais, mas nos anos 50, ainda uma instituição privada com subsídios do Governo Estadual.

 

            Ele foi presidente da União Universitária Mineira e formou-se em 1959.

 









            Brasília estava recém-inaugurada em 1960 quando José Guilherme decidiu ir morar na nova capital do país.

 

            Ele conseguiu um emprego, como advogado, no escritório do na época, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Victor Nunes Leal, que foi aposentado compulsoriamente pelo AI 5.

 

            Em 1962 ele foi aprovado no concurso para o Tribunal de Contas do Distrito Federal, chegou a procurador e ficou no Tribunal até 1988.

 

            Por um breve periodo, foi consultor juridico do prefeito do Distrito Federal entre 1964 e 1967.

 

            Deu aulas na Universidade de Brasília de 63 a 64 como professor auxiliar e tambem no Centro de Ensino Unificado de Brasília em 67 e tambem foi membro do Conselho Nacional da OAB/DF entre 66 e 75.

 

            Nesse interim, José Guilherme e Maria Carvalho Mendes se conheceram.





 

            Maria nasceu no dia 30 de janeiro de 1941 em Jacobina, na Bahia. Filha de Clovis Cerqueira Mendes e Anedita Carvalho Mendes, o pai era comerciário e a mãe dona de casa.

 

            Aos 7 anos Maria e a família mudaram-se para Salvador e quando ela completou 21 anos, um tio foi nomeado para um cargo em Brasília e Maria foi para a capital junto com ele.

 

            Ela tambem formou-se em Direito.

 

            Não sei exatamente como eles se conheceram, mas o tempo entre namoro e casamento foi curto.

 

            No dia 15 de dezembro de 1962 Maria e Jose Guilherme casaram-se na Paróquia Santa Rita de Cássia, na Asa Sul em Brasília.

 

            José Guilherme e Maria tiveram dois filhos. Adriana e Augusto. Adriana nasceu dois anos após o casamento deles.

 




            José Guilherme foi escolhido pelo Supremo Tribunal Federal para ir para o Tribunal Superior Eleitoral em outubro de 1979, governo de Joao Figueiredo e tomou posse em 12 de junho de 1980.

 

            Como ministro efetivo ficou no TSE de 1982 a 1986.





 

                Adriana, a filha mais velha, mesmo com os pais querendo que ela seguisse suas carreiras, optou pela Arquitetura, enquanto Augusto seguiu os passos do pai e da mãe na advocacia.

 

                Maria Villela tambem foi funcionária pública por anos, se aposentando como taquígrafa do STF. Taquigrafa ou taquigrafo é aquela pessoa que fica seja em sessões públicas ou julgamentos, digitando naquela máquina bem pequena e bem rápida. Eles escrevem na verdade por abreviações e precisam escrever extremamente rápido pra acompanhar tudo que é dito e quem diz para manter tudo bem documentado.

 

                O José Guilherme, com a Maria, abriu um escritório de advocacia, a Villela Advogados Associados no Edifício Denasa, Setor Comercial Sul ocupando todo o 14º andar.

 





                Maria atuava como gestora do escritório que acabou se tornando um dos mais conceituados de Brasília atuando em casos por todo o Brasil e defendendo diversas personalidades políticas, como José Sarney, Paulo Maluf e Fernando Collor de Mello, durante seu processo de impeachment.

 

 

                Um sobrinho de José Guilherme chegou a contar, em uma homenagem do TSE ao ex ministro, que, durante o golpe militar, José Guilherme chegou a ser detido e que o senador Arnon de Mello, foi quem interveio e conseguiu a libertação de José Guilherme e que ele foi a vida inteira muito agradecido ao Arnon e quando o filho do senador Arnon, Fernando Collor de Mello, presidente do Brasil foi processado e o processo de impeachment iria começar, mesmo não tendo votado em Fernando, José Guilherme atendeu ao pedido de Leda, viúva de Arnon, para atuar na defesa de Fernando.

 

 

            O casal é sempre descrito como reservados. Pouco saiam e sempre era vistos juntos em eventos sociais. Nas férias, o destino preferido deles era a Europa em viagens planejadas meticulosamente por Maria. José Guilherme era sempre chamado pelos amigos de príncipe dos advogados, por ser sempre tão educado, polido e por circular em todas as rodas de forma ponderada. Torcedor do Atletico Mineiro, José Guilherme matinha a mesma rotina: caminhada de manhã cedo, ir para o escritório a tarde a tarde de onde costumava sair por volta das 21 horas.

 





            O patrimonio deles após os crimes, foi avaliado em mais de R$ 44 milhões de reais. Um patrimonio construído do zero e com trabalho.

           

            Mas eu disse que esse foi um crime de 3 vítimas.

 

            Francisca Nascimento da Silva era a governanta do apartamento dos Villela há 32 anos. Ela costumava dormir no apartamento que ocupava o 6º andar do Bloco C da 113 Sul e ir para Santa Maria, uma região administrativa do Distrito Federal onde a família dela morava.

 

            Adriana Villela optou por estudar Arquitetura e Urbanismo na UNB, apesar dos desejos dos pais para que ela trilhasse o caminho do Direito.

 

            Na faculdade, ela conheceu e se apaixonou por Flávio Perche, que tambem estudava Arquitetura na UNB.

 

            Eles namoraram por 2 anos até que Adriana descobriu estar grávida aos 19 anos.

 

            Mas uma tragédia mudou o rumo da sua vida.

 

            Flávio sofreu um acidente de moto, mas apesar de socorrido, acabou falecendo 5 dias depois, aos 23 anos. Adriana estava com 4 semanas de gestação.

 

            Ela deu à luz a Carolina Villela Perche Carneiro. Sua única filha.

 





            Em 1987 ela se formou e sua formação acadêmica sempre foi voltada para a Arquitetura Sustentável, assunto ainda muito novo nos anos 90.

 

            Ela fez mestrado na UNB em Desenvolvimento Sustentável e trabalhou como estagiária na Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, tambem trabalhou para o Governo do Distrito Federal e em empresas de arquitetura, nunca ficando muito tempo em alguma.

 

            O relacionamento dela com os pais, principalmente com a mãe era turbulento. Donas de personalidades muito fortes e tambem muito parecidas, elas constantemente se desentendiam.

 

            Apesar de não morar mais com os pais, Adriana ainda mantinha um laço financeiro com eles. Segundo o Ministério Público, Adriana recebia dos pais uma mesada de R$ 8,500 por mês. Diversas cartas e e-mails trocados entre Adriana e a mãe, encontrados em buscas posteriores, confirmam que havia essa dependência financeira e pedidos de Adriana por pagamentos e discussões.

 

            Em uma dessas cartas, Maria escreve: 

 

            “Adriana, a nossa paciência se esgotou. Espero que de hoje em diante voce não pegue no telefone para faltar ao respeito com quem quer que seja, principalmente conosco.


            Você não é obrigada a conviver conosco portanto se não pode nos tratar com o respeito que temos direito, evite nos dirigir a palavra toda hora.

 

            Estamos cansados seus destemperos. Se voce sofre de agressividade compulsiva, procure tratamento adequado, porque isso está lhe fazendo muito mal. Nós precisamos de tranquilidade para trabalhar e nos virar com dinheiro para atender as necessidades, principalmente as suas. Não se esqueça que o respeito é a base das relações humanas e os pais têm direito a ele.

 

            A nossa casa é de pessoas honradas, pela nossa conduta somos pessoas respeitadas no nosso meio social, há alguma coisa errada com voce. Quem se dirige aos pais dessa maneira não merece ser tido como filho. Já lhe demos muitas oportunidades, mas voce não soube aproveitar nenhuma. Hoje me arrependo da maior das coisas que fiz para voce.

 

            As pessoas que por motivo ou outro não sabem respeitar seus semelhantes mais ou cedo ou mais tarde, serão excluídas do convívio social pela família e depois pela sociedade.” 

 

            Porém nem só cartas ríspidas e cheias de magoas foram encontradas. Diversos e-mails e bilhetes com confidencias, preocupações, conversas amenas tambem foram encontradas, como essa por exemplo:


             Maria se refere a Adriana como Nana

 

            “Nana querida, seu sucesso é nossa alegria. Não deixe de ler sua dissertação e seguir a orientação da banca do mestrado guardando muitos textos para o seu doutorado. Seja bem-vinda a casa paterna que a receberá de braços abertos. Beijos carinhosos, sua mãe.”







            Ou essa carta:


 

                “Minha filha, compreendo que as vezes sou severa demais, mas cada um tem sua forma de externar sua atenção. Nosso apoio voce sempre terá no sentido de estimular, de dar-lhe força, para que voce se realize.”

 


                Essas buscas resultaram em um total de 22 cartas entre mãe e filha localizadas e que mostravam como era a relação. Com altos e baixos, mas que para a polícia mais tarde, demonstraria a motivação por trás do triplo homicídio.

 

                Adriana não tinha uma residência fixa e como eu já comentei, mudava constantemente de trabalhos e não teve relacionamentos amorosos duradouros. Além de Brasília, ela tambem ficava bastante tempo em Alto Paraiso de Goiás, onde os pais tambem tinha propriedade.

 

                Carolina, filha de Adriana e neta mais velha do casal Villela, trabalhava com os avós. Ela havia se formado em Direito na UNB, estava prestando concurso público para a polícia civil.

 





                No dia 31 de agosto de 2009, Carolina achou estranho chegar no escritório dos avos e eles não estarem. Tentou ligar para eles, mas sem sucesso.

 

                Então Carolina foi direto para o apartamento na 113 Sul enquanto ligava para a mãe e para o tio, preocupada.

 

                Quando ela chegou, o porteiro disse que não tinha ninguém no apartamento que ele soubesse e Carolina pede pra ir até a garagem do prédio ver se os carros deles estavam na garagem. E estavam.

 

                Ela então liga para o namorado da época, para um amigo que era policial e para a melhor amiga e pede que encontrem com ela lá. Todos subiram até o 6º andar e enquanto aguardavam o chaveiro que foi chamado por ela para abrir a porta do apartamento, Carolina conversou com alguns vizinhos do prédio que ela viu para saber se alguem havia visto algo.

 

                O chaveiro abriu a porta e o foram o namorado dela e esse amigo que entraram no apartamento. Ai entrarem os 3 corpos lá dentro já estavam em um avançado estado de putrefação. O namorado levou Carolina para o elevador, desceu com ela e contou que seus avos estavam mortos.

 

                José Guilherme foi assassinado com 38 facadas. Maria, com 12 facadas e Francisca, com 23 facadas.

 

                A polícia é chamada.

 

                Os corpos de Francisca e José Guilherme estavam na cozinha e o da Maria estava no quarto do casal perto do closet, que era a única area da casa mexida.

 





                O caso foi para os cuidados da 1ª Delegacia da Asa Sul, liderada pela delegada Martha Vargas.

 





                Martha Geny Vargas Borraz era delegada na delegacia em maior evidência de Brasília. Quando o Crime da 113 Sul aconteceu, o nome da Martha era avultado para a vaga de diretora da Polícia Civil e como possivel candidata a deputada pelo Distrito Federal. A Diretoria da Polícia Civil nunca foi ocupada por uma mulher então a indicação dela era algo inédito e que se acreditava, que abriria portas para mais mulheres em posições de chefia na polícia civil.

 




                O caso ficou 90 dias na 1ª Delegacia sem que nada novo acontecesse. Martha dava entrevistas, falava do caso, alegava que tinha 4 linhas de investigação, mas ainda não se sabia claramente se o crime era um latrocínio ou um homicídio.

 

                A pressão da imprensa crescia. Um ex-ministro do TSE havia sido esfaqueado até a morte e não se sabia quem tinha feito aquilo.  As vítimas receberam a maior parte das estocadas quando já estavam no chão, não havia marcas de defesa, o apartamento não havia sido arrombado, não se sabia de ameaças, de inimigos.

 

                As câmeras do prédio não gravavam as imagens e além de nada ter sido gravado, ninguém viu nada, nem ouviu nada, nem sabia de nada.

 

                O caso seria repassado para uma delegacia especializada quando Martha convoca jornalistas com uma novidade: os assassinos foram descobertos.

 

                E é aqui que o caso tem o seu primeiro plot twist para dizer o minimo, bizarro.

 

                Uma vidente tinha resolvido todo o caso. Isso mesmo que voce ouviu. Uma vidente levou a polícia aos assassinos.

 

                Segundo a denúncia do MP, a vidente Rosa Maria Jaques, ligou para a delegacia, falou com Martha e contou que os assassinos estavam escondidos. E ele deu até um endereço: Rua 17, Chácara 500, lote 06, Vila São Jose, Vicente Pires, Distrito Federal. E que lá, no endereço, a polícia encontraria as chaves do apartamento dos Villela, chaves que seriam de uma das vítimas. A vidente alegava que, essas informações chegaram a ela atraves do José Guilherme. Ao ler a notícia no jornal, a foto de José Guilherme piscou para ela e contou quem era os responsáveis pela sua morte, da sua esposa e da sua governanta.

 





                Essa foi a história contada para a imprensa.


                O que aconteceu foi o seguinte: no dia 31 de outubro de 2009, Rosa Maria e seu marido, João Tocchetto, apareceram na delegacia alegando saberem quem cometeu o crime da 113 sul atraves dos seus poderes mediúnicos.

 




                Os dois foram levados até o apartamento dos Villela e lá, Rosa começou a dizer estar tendo visões e que ela estava vendo os assassinatos pelos olhos de quem os matou e que sabia onde ele estava e podia levar a polícia até lá.

 

                E aí foi todo mundo pro endereço em Vicente Pires, que era a casa de Claudio José de Azevedo Brandão. A Rosa mostrou a casa, mas alertou a polícia de que eles só poderiam entrar naquela casa depois de alguns dias e eles precisavam esperar. E, eles esperaram.

 

                A equipe foi embora e retornaram no dia 03 de novembro de 2009.

 

                A descrição que Rosa Maria teria dado do suposto criminoso ou criminosos era de haveria um homem moreno, com falha nos dentes e que ele estaria com outros 2 homens brancos. Na casa estaria algo que ligaria as pessoas ao crime.


                Os policiais foram em Vicente Pires no dia 03, fizeram uma busca, disseram não ter encontrado nada, mas levaram o Claudio até a delegacia para uma oitiva. Claudio diz que não sabia de nada e como a busca não encontrou nada, ele foi liberado.

 

                Só que, parece que a esposa dele, Glaucia, contou que a polícia deveria procurar dois amigos e vizinhos deles, porque quando a polícia apareceu lá, eles fugiram. Eram o Alex Peterson e o Ramil Jalal.

 

                A equipe da 1ª delegacia se dirige então para a casa do Alex e lá, eles encontram um molho de chaves em um chaveiro da empresa em que tanto Alex quanto Rami trabalhavam. E aí o que aconteceu? A delegada Martha e o agente da polícia, chamado José Augusto Alves, encontraram nesse molho, a chave do apartamento que pertencia ao José Guilherme.  

 

                A delegada então solicitou a prisão temporária de Ramil, de Claudio e de Alex e ela foi deferida.

 

                No dia 11 de novembro, o Alex Peterson acabou confessando que a chave era dele e que o Claudio que tinha dado a chave.

               

                Mas antes de seguir vamos entender quem era a Rosa Maria Jaques né?

 

                A Rosa Maria diz que sua primeira experiencia com o sobrenatural foi aos 6 anos e que a partir daí elas nunca mais pararam. Na década de 70, quando estava por volta dos 20 anos, ela começou a dar consultas.

 

                Ela e marido eram um tipo de Lorraine e Ed Warren brasileiros sabe? Eles vendiam os serviços de clarividência, expulsão de espíritos, adivinhação do futuro....

 





                Rosa era uma vidente conhecida. E em Brasília havia quem procurasse esse tipo de serviço, como alguem que já foi citado aqui: o Fernando Collor de Mello.





                O ex-presidente utilizava sempre os serviços da famosa Mae Dinah, mas não só dela. O que se diz é que ele utilizou de várias videntes durante seu mandato e bem na época do processo eleitoral e do pedido do impeachment, pelo que se diz, ele se consultou com a Rosa Maria.

 

                Como o caso do Crime da 113 Sul estava em evidenciar e envolvia alguem que tambem tinha prestado serviços ao Collor, a Rosa Maria se inseriu na investigação. E ela se inseriu mesmo.

 

                O caso acabou indo realmente para a Corvida em dezembro de 2009. A Corvida, a Coordenação de Crimes contra a vida.

 

                Quando o caso chegou lá sob o cuidado da delegada Mabel de Faria, acontece a segunda reviravolta do caso inteiro.







                Acontece que, a polícia civil abriu uma investigação interna contra a delegada Martha Vargas em relação a condução do crime da 113 Sul.

 

                Os presos temporariamente, o Alex, Ramil e o Claudio contaram que foram torturados e obrigados a confessarem algo que não era verdade.

 

                As investigações descobriram que, Alex e Ramil só tinham se conhecido 5 dias antes da busca na casa de Alex, então não teriam como terem planejado um latrocínio sem nem ao menos se conhecerem.

 

                Nos e-mails da delegada foram localizados dezenas de trocas de e-mail e informações entre ela, Rosa e João. E não só informações, como tambem fotos. Até pedidos de passagens áreas e conversas sobre entrevistas.

 





                E ainda mais, a chave, a tal chave que seria do apartamento dos Villela era mesmo do apartamento, mas não era uma chave perdida. Na perícia feita dois dias depois dos crimes, aquela chave foi apreendida pelo instituto de criminalística, mas alguem, não colocou as chaves como evidências. As fotos das chaves estavam no laudo do perito, mas não estavam armazenadas. O tempo todo ficaram com a Martha e com o agente José Augusto, segundo a denúncia do Ministério Público.

 

                Foi requisitado uma perícia e ela comprovou que eram as mesmas chaves. 





 

                As chaves foram recolhidas do local do crime no dia 01 de setembro, mas, só foram inseridas como evidências em novembro de 2009, como tendo sido as encontradas na casa do Alex Peterson. Entenderam o que eles fizeram? Plantaram provas!

 

                Lembram que tanto Alex quanto o Ramil, a esposa do Claudio disse terem fugido da polícia? Bem, o que aconteceu é que de fato, eles os dois tinham sido já presos ou acusados não fica muito claro isso, mas eles tinham tido envolvimento com crimes, um na Lei Maria da Penha e outro por furto. E isso teria motivado que eles se escondessem quando viram a polícia, mas nenhum deles tinha mandado de prisão ou deviam algo ainda para a justiça.

 

                Nessa troca de e-mails entre Martha e o casal vidente, Martha sempre se parece muito preocupada em conseguir algo que resolvesse o caso e ele não saísse das mãos dela, comentava que o promotor de justiça estava em cima dela querendo tirar o caso da delegacia e que ela precisava de algo para finalizar o inquérito.

 

                Ela chega a enviar fotos dos homens para Rosa, que depois iria em oitivas posteriores, identificá-los.

 

                E exames de corpo de delito feitos depois, provaram machucados compatíveis com torturas nos presos.

 

                Descobre-se que Rosa Maria e o marido foram levados ao local do crime, o que não deveria ter acontecido já que ela não era da polícia, não tinha nada a ver com nada e não tinha autorização protocolada para estar lá. Viu-se que a delegada repassava informações sigilosas para os dois, eles sabiam mais sobre o que estava acontecendo no caso do que muito policiais da equipe, como ficou provado na denúncia do MP, inclusive isso está literalmente escrito na denúncia.

 

                Todo passo dado era ou avisado aos videntes, ou a opinião deles era solicitada. Com eu já comentei, passagens aéreas foram compradas pela Martha para os dois quando eles pediram que ela comprasse. De Brasília para São Paulo.

 

                A Rosa e o marido foram chamados pela Corvida para serem ouvidos pela primeira vez em março de 2010 e novamente em maio, mesmo, a Martha Vargas tendo os aconselhado em intercepção telefônica concedida pelo MP, ouvir ela em ligação com os dois, a não irem a Corvida. Aconteceu até dela ter acesso que a Corvida tinha prendido um rapaz chamado Daniel e com ele tinha um anel com o nome de Carol e algumas outras coisas e ela ligou para João Toccheto contando que, a investigação da Corvida, que deveria ser sigilosa, levou a prisão de um rapaz com um anel que ele dizia ser da namorada. Esse rapaz era um conhecido do Claudio Brandão, o primeiro rapaz, que a Rosa teria indicado a casa lá em Vicente Pires. E dois dias depois, quando Rosa Maria e João foram serem ouvidos na Corvida, eles deram a entender que alguem seria apreendido, alguem teria algo da neta das vítimas, quer dizer: com o que a Martha contou, eles chegaram com ares de que a mediunidade dela fazia ela ter informações. Só que eles não contavam que a Corvida tinha grampeado os telefones e sabiam de tudo.

 

                Nesse dia na Corvida, a Rosa Maria chegou ao ponto de dizer que o espírito do casal Villela estava ao lado da delegada Mabel, apontado para as 3 fotos, dos até então ainda presos, Claudio, Alex e Rami, na mesa da delegada e, segundo Rosa Maria, dizendo que era aqueles homens seus assassinos.

 

                Ela, sem ser perguntada, diz que Adriana, filha do casal não tem nada a ver com o crime, que a delegada Martha é inocente das acusações que estavam pensando em fazer contra ela e que a chave que fora encontrada na casa do Alex não tinha sido plantada, mas levada pelos homens para lá. E como ela sabia disso tudo? Os espíritos e seu dom da clarividência tinham mostrado tudo para ela. O passado e o futuro.

 

                Houve uma conversa interceptada entre Rosa Maria e o filho Alan, em que ela dizia com todas as letras, que tudo que estava acontecendo com as investigações do crime da 113 sul era muito bom porque dava mídia, o que a ajudava a faturar.

 

                No fim das investigações, ao todo 12 pessoas foram denunciadas pelo MP.

 

                A delegada Martha Vargas e o agente da polícia Jose Augusto foram afastados, Rosa Maria e o marido foram presos em agosto de 2010 no bairro do Jardim Botânico, um bairro nobre, em Porto Alegre onde estavam morando.

 

                Eles foram acusados de estarem atrapalhando as investigações. Rosa foi para o Presidio Feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia, presidio no Gama.





                O que a Corvida acreditava ser a motivação para que 3 homens inocentes tivessem sido não só acusados, mas presos por algo que eles não tinham nem conhecimento?

 

                Para eles, tudo foi feito para encobrir o mandante dos crimes. Aliás, no caso, a mandante do crime: Adriana Villela.

 





                E com essa nova suspeita, o caso volta a ter uma reviravolta.

 

                A Carolina, neta mais velha dos Villela (eles tinham uma outra neta, filha de Augusto, a Sofia que tinha 9 anos mais ou menos na época), a Carolina passou no concurso da polícia civil e começou o curso de formação de agente da polícia 1 mês após os assassinatos, imagina... Agora ela estava vendo a instituição da qual ela fazia parte, acusando a mãe dela de ter ordenado a morte de 3 pessoas, duas delas, sendo seus próprios pais.

               

                Em setembro de 2010, Adriana é presa temporariamente sob a alegação de que solta, atrapalharia as investigações.

 





                E não foi só a Adriana que foi presa. Guiomar Barbosa, uma senhora na faixa dos 70 anos, outra funcionária dos Villela e que fazia faxinas para eles há anos, tambem foi presa por falso testemunho.

 

                Em um dos seus depoimentos, Guiomar relatou ter visto um ex porteiro do prédio próximo ao local no dia do crime, ela fez essa citação na 2ª ou 3ª vez que foi ouvida. Durante seu depoimento ainda em 2009, ela tambem falou sobre um sonho que teve. Nele, Maria e Francisca brigavam com 2 homens encapuzados dentro do apartamento. Assustada, ela diz que chegou a contar sobre o sonho com a Francisca, mas que ela achou aquilo uma bobagem e não deu importância.

 

                No depoimento que deu a polícia em setembro de 2009, Guiomar relatou que, José Guilherme e Maria se davam muito bem com a Adriana. Que na manhã do crime ela deu uma faxina no apartamento. Contou que os porteiros tinham sido trocados no começo daquele ano e só o de noite ficou. No segundo depoimento, ela lembrou do Denir, um pintor. O Denir, naquele dia 28, foi duas vezes lá fazer uns reparos e que Francisca, mais tarde deu a ele R$100.

 

                A Guiomar ainda deu um 3º depoimento e nesse ela fala que Francisca tinha emprestado um dinheiro para o Leonardo, aí sim, ela fala que viu algumas discussões entre Adriana e Maria, mas que desde junho de 2009, elas estavam se entendendo e pareciam muito próximas. Ela tambem lembrou que viu quando chegou no prédio naquele dia, um homem sentado na guarita dos porteiros e Marcos, um porteiro, estava lá, mas o outro homem parecia com o Leonardo, mas que não sabia ao certo porque quando o viu ele baixou a cabeça e foi para o quartinho dos porteiros.

 

                Uma semana depois de presa, Guiomar foi liberada atraves de um habeas corpus.

 

O pintor que costumava fazer trabalhos nas casas de José Guilherme e Maria, o Denir da Silva, contou para a família que, o que ele lembrava era de ter ouvido algo de um dos porteiros do prédio algo que ele achou estranho, um comentário sobre como os Villela deveriam ter uns 300 apartamentos de tanto boleto de IPTU que chegava.

 

                Adriana pediu que Denir fosse intimado pela polícia para dizer o que ele lembrou sobre esse porteiro.

 

                O porteiro era Leonardo.

 

O Marcos, porteiro que a Guiomar citou, foi tambem ouvido pela polícia e sobre o Leonardo, disse que depois da demissão, nunca mais viu Leonardo.

 

                Além dessa confusão de prisões e de confissões e de investigações, sai a história de como Martha e Rosa Maria chegaram no Claudio José de Azevedo, que a Rosa Maria parou lá em frente à casa e apontou.

 

                O nome dele teria sido dado por um preso chamado José Ailton, conhecido por Brechó. Os dois estiveram presos juntos. O interessante é que José Ailton era filho da Guiomar.

 

                Adriana ficou 3 semanas presa no presidio feminino.

 

                Passado exatamente 1 ano do triplo assassinato, Adriana ainda estava presa e levaram ela até o apartamento dos pais para fazer um exame de confronto de impressões digitais.

 

                O papiloscopista Rodrigo Menezes de Barros, do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal, foi realizar uma perícia experimental em uma impressão palmar que a polícia acreditavam serem de Adriana em uma porta de armário do escritório. Era uma análise morfométrica de impressões papilares em função de tempo.

 

                O último dia que Adriana dizia ter ido no apartamento dos pais no dia 13 de agosto.

 

                O resultado do exame era que as digitais encontradas e as colhidas eram compatíveis e que, tinham sido feitas de 3 a 9 dias antes da coleta, então o lapso de tempo era de até 9 dias antes do crime.

 

                No começo de outubro de 2010, o presidente do Tribunal do Juri, Sandoval Gomes de Oliveira, aceita a denúncia contra Adriana.

 

                Enquanto tudo isso acontecia, na 8ª Delegacia em Brasília, da delegada Débora Menezes, um detento dá o nome de quem seria o responsavel pelo Crime da 113 Sul: Leonardo Campos Alves, o ex porteiro do prédio dos Villela.

 




                O detento seria companheiro de cela de Dantas Conceição Alves, um dos filhos de Leonardo preso por assalto a banco na Pampulha.

 

                Depois foi dito que o nome dele tbm poderia ter aparecido em grampos telefônicos em uma operação de investigação de uma chacina, só que os grampos seriam ilegais e foi daí que surgiu a história da delação pra tornar o nome crível.

 

                O Leonardo tinha sido demitido. Ele se desentendeu com um outro porteiro, o Marcos. Esse Marcos se atrasou um dia e o síndico reclamou do atraso com o Leonardo porque a portaria ano podia ficar vazia, o Leonardo culpou o vazio da portaria em Marcos. Quando Marcos soube, foi tirar satisfação com o Leonardo e no meio da briga, Leonardo pegou uma faca e ameaçou o Marcos e por isso ele acabou sendo demitido.

 

                E foi com esse argumento, que ele foi chamado para depor.

 

                Ele tinha 44 anos e por 14 trabalhou naquele prédio.

 

                Em 2009, quando o crime aconteceu, Leonardo já não trabalhava lá há 2 anos e morava na cidade de Montalvânia, distante 700km de Brasília, em Minas Gerais, era a cidade natal da esposa dele, Damares.

 

                O Leonardo, com o dinheiro da rescisão, montou um bar pra ele e uma loja de bijuteria para a esposa.

 

                Leonardo tinha 7 filhos pra sustentar e nem a loja e nem o bar estavam dando lucro.

 

                Além disso, Leonardo descobriu que estava sendo traído e pra se vingar, ele colocou fogo na casa em que eles moravam e ele mesmo se queimou e ficou dias internado.

 

                Quando teve alta, largou tudo em Montalvânia e voltou para Brasília com um sobrinho da sua ex-mulher, um rapaz chamado Paulo Cardoso Santana.

 

                Em Brasília, os dois iam nas portarias dos prédios na Asa Sul perguntando se tinha vaga de porteiro, de zelador, ou algo assim.

 

                Um dia, depois de uma manhã inteira procurando, os dois voltavam para a rodoviária no horário do Almoço. No setor Autarquia Sul, eles acabaram encontrando José Guilherme perto do Edifício Denasa, onde o escritório dele ficava.

 

                 Uma equipe da 8ª delegacia foi para Montalvânia e no dia 15 de novembro de 2010, Leonardo foi preso. A Corvida não foi informada, o Ministério Público não foi informado. A delegada Debora pediu diretamente ao juiz da comarca que expedisse o mandado de prisão temporária.

 

                Não preciso dizer que isso depois causou diversos problemas e reclamações do Ministério Público, apontando que Debora estava se envolvendo na investigação para tentar proteger Martha Vargas que já estava sendo investigada.

 

                Leonardo foi preso na casa da ex-sogra, com quem ele mantinha uma boa relação e estava morando desde que voltou de Brasília.

 

                Ele foi interrogado ainda em Montalvânia. E depois de uns dias, a equipe disse que tinha uma confissão.

 




                A história seria a de que, ao encontrarem com José Guilherme, Leonardo pediu a ele um emprego no que Jose Guilherme teria respondido que se ele fosse arrumar emprego a todos que pediam, ele já poderia abrir uma agência.

 

                Depois do encontro, Leonardo e Paulo continuaram andando a tarde batendo de portaria em portaria.

 

                O Paulo teria proposto assaltarem o apartamento dos Villela. Paulo era filho de pai trabalhador rural, mãe lavadeira. Aos 20 anos chegou a passar uma temporada com os tios em Brasília, no Nova Gama onde eles moravam. Ele tinha passagens pela polícia e naquele ano de 2009, depois que o crime da 113 sul já tinha acontecido ele foi preso acusado de matar um homem que devia a ele um dinheiro da venda de uma joia. Isso já deixou a equipe em alerta, porque se falava que uns brincos de Maria teriam sumido. Eu digo que se falava porque, vamos voltar e lembrar que essa equipe que prendeu Leonardo, não esteve em momento alguma envolvida em qualquer investigação. Era uma outra delegacia, e eles caíram nisso de paraquedas então não sabiam do andamento de nada.

 

                Com a insistência do sobrinho, Leonardo topou o assalto para o fim do dia.

 

                Anos antes, enquanto os Villela estavam de férias fora do país, a pedido do síndico, Leonardo arrombou a porta do apartamento para consertar um vazamento, então ele o conhecia por dentro. Ele sabia onde as câmeras estavam e sabia que havia uma porta lateral que não tinha vigilância, o que facilitava o acesso. Tambem sabia que as câmeras estavam sempre em manutenção e não gravavam, e que, quando gravavam, eles rebobinavam a fita e gravavam por cima.

 

                Os dois teriam entrado por essa porta e subido até o 5º andar pelo elevador de serviço e do 5º para o 6º de escada.

 

                A rotina do casal era a mesma, então eles deveriam estar em casa por volta das 19:00.

 

                Com as mangas da blusa do Leonardo, eles fizeram uma especie de touca e se esconderam atras de uma divisória de acesso a escada para esperar por José Guilherme que chegou pela porta de serviço do apartamento.


                Quando ele abre a porta é empurrado com força por Paulo para dentro do apartamento. Ele cai no chão e fica lá, desmaiado.

 

                Na bancada da cozinha, segundo essa confissão de Leonardo, estariam 2 facas. Leonardo pega uma delas e começa a esfaquear José Guilherme nas costas.

 

                Depois da confissão, quando deu entrevista coletiva, Leonardo disse que matou Jose Guilherme por medo.

 

                Continuando o relato, ele diz que os dois ouviram um barulho no elevador. Como não tinha nenhum outro apartamento naquele andar, ele imaginou que talvez fosse Maria e os dois se esconderam na cozinha e esperaram.

 

                Era a Maria. Ela entrou pela porta da frente e não teria notado o corpo do marido na cozinha, atras da porta de serviço.

 

                Os dois a atacaram no hall do apartamento, anunciaram o assalto e pediram por dinheiro. Ela tentou correr para o closet, mas Paulo a alcançou e a esfaqueou em uma das costelas.

 

                Ferida, eles a levaram até o closet e ela deu a eles diversas joias. Em um fundo falso, havia 3 caixas de uísque com 27 mil dólares que ela deu a eles, além de R$ 600 que ela tinha na carteira.

 

                Eles puseram tudo dentro de uma mochila.

 

                Paulo que ficou pedindo mais dinheiro e Maria só dizia que não tinha mais, mas que assinaria cheques se eles quisessem. Paulo começou a se irritar, avançou nela e começou as estocadas com a faca no peito dela. Ela caiu no chão do corredor.

 

                Quando os dois saiam do apartamento, deram de cara com Francisca chegando. Mandaram que ela se deitasse no chão e os dois a esfaquearam até a morte.

 

                Até esse ponto, tanto a confissão de Leonardo quanto a de Paulo, dada um pouco depois, não tem muitos divergentes. O que fica diferente é a partir daí.

 

                Leonardo diz que eles saíram do apartamento só puxando a porta de saída e saindo. Paulo diz que eles trancaram a porta com a chave de uma das vítimas.

 

                Só que, o apartamento foi aberto por um chaveiro, porque estava trancado, e já tinha a história da chave plantada.

 

                O Leonardo diz que as facas ficaram lá na cena do crime. Paulo diz que eles a levaram e jogaram no Rio Poçaozinho em Montalvânia.

 

                La na cena tinha 1 faca, mas a criminalística não pode determinar presença de DNA nela.

 

                Ao saírem do prédio, Leonardo e Paulo foram para rodoviária, jogaram as roupas que usavam fora, colocaram outras novas e foram embora de Brasília, voltaram para Montalvânia.

 

                E aí depois de toda essa confissão aparentemente cheia de detalhes, os dois são encaminhados para Brasília e começam a desmentir tudo o que disseram.

 

                Foram 3 versões dadas somente pelo Leonardo.

 

                Na 4ª versão dele, tudo que ele sabia do crime foi atraves de um irmão que foi abordado na rua por 5 homens com um envelope e dentro dele a confissão completa para que Leonardo decorasse. Alguns dias depois desse encontro, os mesmos homens, que ele não sabia quem eram, voltaram e deram a ele joias e dinheiro.

 

                No 5º e novo depoimento, Adriana Villela é apontada pelo Leonardo como mandante do crime. Ela ligou para ele em Minas e ofereceu 10 mil dólares pra que ele só forjasse um assalto.

 

                Daí pra frente, foi só pra trás.

 

                O advogado de Paulo, Fabricio Dornelas, diz que, a delegada Mabel, responsavel pelo caso na Corvida, aconselhou o cliente dele a dizer que alguem encomendou o crime para que a pena dele fosse menor.

 

                Geraldo Flávio, tambem um advogado lá de Montalvânia, contou que, uma mulher se aproximou dele na delegacia da cidade e que, achando ser ele o advogado de Paulo, falo com ele que seria interessante ele conversar com o seu cliente, que seria, na cabeça dela o Paulo, de assumir um crime de mando, que tinha uma pena muito menor que latrocínio. Só que, o Geraldo estava na delegacia pra ver outro detento, não tinha nada a ver com o caso.

 

                E na verdade, o Fabricio mesmo, estava defendendo o Paulo lá na cidade, do crime do assassinato lá do dinheiro da joia.

 

                O Fabricio Dornellas, contou em uma entrevista que ele deu para o podcast do Metrópoles voltado para o crime da 113 sul, vocês podem buscar, ele está disponível em todos os agregadores de áudio, é muito bom, para o jornalista do Metrópoles ele conta que ligaram na casa dele um dia pedindo que ele fosse até a delegacia no fim da tarde, que um policial de Brasília queria falar com ele sobre o Paulo. Era a 2ª equipe de Brasília que chegava na cidade, era a equipe da Corvida.

 

                Ao chegar, uma mulher disse que Paulo estava negando que alguem tivesse mandado ele e Leonardo lá em Brasília e eles o chamaram lá para que, como advogado de Paulo, explicasse para ele que era vantajoso para ele, pagar por crime de homicídio ao invés do de latrocínio. A pena base de homicídio é de 6 a 20 anos, o de latrocínio, um crime patrimonial e hediondo, a pena começa com 20 anos e vai até 30.

 

                Dias depois da prisão de Leonardo, uma carta que estava enterrada, enrolada no fundo de uma fossa dentro de um isopor é localizada no terreno de um morador de Montalvânia.

 

                Era a casa de Neilor Teixeira, agricultor, ex-cunhado de Leonardo e tio de Paulo.

 

                Não fica muito claro como essa carta foi descoberta ou chegou na polícia.


                Na carta, Neilor escreveu que Leonardo o chamou em fevereiro de 2009 para matar um casal e que Leonardo disse que a filha do casal pagaria pelo serviço, que era em Brasília.

 

                Esse Neilor já era suspeito de um outro homicídio na cidade, parece que alguns moradores o achavam uma pessoa agressiva, estranha. Ele já tinha sido preso, já tinha ameaçado o prefeito, tinha um histórico turbulento tambem.

 

                Porém, o Neilor, depois do crime e de Leonardo voltar para Montalvânia, parece que sofreu uma emboscada e alguem, que não se sabe quem, ele também diz que não viu, atirou 3 vezes nele. Ele não foi atingido, mas o que ele disse é que depois do crime, ele começou a receber ameaças e essa foi a razão dele ter escrito a carta e enterrada, caso algo acontecesse com ele, saberiam quem poderia ter sido.

 

                O furo na história dele era a linha do tempo porque, quando ele fala que Leonardo o chamou, ele narra que Leonardo estava morando ainda em Brasília, mas não era a verdade. Leonardo já tinha sido demitido e já estava morando em Montalvânia.

 

                Com mais essa pessoa inserida na história do crime, o Leonardo já muda a versão dele de novo. Já era a 5ª. E ele introduz um novo personagem, como se já não tivessem muitos.

 

                Leonardo conta que com ele e Paulo tinha mais 1 homem: Francisco Mairlon Barros Aguiar, um rapaz de 22 anos, morador de Brasília, que trabalhava como entregador de gás no mercadinho do pai. E nessa versão, quem cometeu os assassinatos foram Paulo e Francisco, ele mesmo, o Leonardo, só ajudou os dois.

 




                O Francisco Mairlon foi preso e negou participação. Ele conhecia o Leonardo do bairro em que eles moravam, do mercadinho que o pai dele tinha, porque o Leonardo ia sempre lá fazer compras e era só isso. Não eram amigos, não tinham intimidade, eram só conhecidos.

 

                Mas Francisco foi outro, que por fim, confessou ser o 3º homem na cena do crime.

 

                Os julgamentos dos 4 indiciados, Leonardo, Paulo, Francisco Mairlon e Adriana foi marcado para acontecer em 2013. Três estavam presos. Adriana, não.

 

                Um pouco após ser solta, no periodo em que ela ficou detida em 2010, Adriana recebeu a sua metade da herança dos pais e mudou-se para o apartamento que a família tinha no Leblon, um bairro na zona sul do Rio, um dos mais ricos da cidade do Rio de Janeiro e seu advogado de defesa, o renomado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, vinha interpondo que mantiveram Adriana em liberdade e adiou o seu julgamento até 2019.

 

                O Ministério Publico defendia a tese acusatória de que, no dia 28 de agosto de 2009, Adriana Villela, cansada das brigas dos pais e motivada pelo desejo de obter para si o mais rápido possivel, o dinheiro dos pais, ordenou que os 3 homens, Leonardo, Paulo e Francisco, os matassem naquele dia.

 

                Às 15 horas, José Guilherme e Maria se encontraram no escritório. Há uma gravação da Maria Villela deixando o escritório as 17 horas e indo para um salão de beleza. O José Guilherme deixa o trabalho as 19. Se calcula que ele deve ter chegado em casa em torno das 19:30, 19:50.  A Maria chegou bem pouco tempo depois. As três vítimas foram surpreendidas e assassinadas.

 





                Em troca da morte dos pais, Adriana teria oferecido R$ 60 mil para Leonardo e R$ 10 mil para Francisco. Francisca teria morrido por estar no lugar errado na hora errada.

 

                No dia 10 de dezembro de 2013, o julgamento de 3 dias de Leonardo e Francisco começou.

 





                Ambos alegavam inocência e que, suas confissões foram baseadas em torturas e ameaças.

 

    Leonardo foi condenado a 60 anos em regime fechado por 3 homicídios qualificados mais furto qualificado.


Francisco foi condenado a 55 anos em regime fechado tambem por 3 homicídios e furto qualificados.

 

O julgamento do Paulo foi ocorreu no dia 05 de dezembro de 2016. Ele foi acusado de homicídio triplamente qualificado e no caso de Francisca, por homicídio duplamente qualificado.

 

Ele acabou condenado a 62 anos e 1 mês.

 




Depois de inúmeros recursos e adiamentos, o julgamento de Adriana Villela aconteceu em Brasília no dia 23 de setembro de 2019, 10 anos depois dos assassinatos dos seus pais e da governanta deles.

 




Foi o julgamento mais longo da história do Distrito Federal. Foram 10 dias de tribunal do júri.

 

Os promotores foram Mauricio Miranda e Marcelo Borges Leite. O advogado Pedro Calmon atuou com a promotoria como assistente de acusação em nome da família de Francisca.  O juiz foi Paulo Roberto Santos Geordano. Ao todo, nos 10 dias foram ouvidas 24 testemunhas, 8 de acusação e 16 de defesa.

 





                Adriana foi acompanhada pela família, irmão, filha, amigos, todos defendendo sua inocência.

 

A defesa ficou como eu já contei para vocês, com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay e tambem pelo Marcelo Turbay.

 





        A defesa apresentou o álibi de Adriana para o dia do crime.

 

        Ela participou de um curso de arquitetura moderna no Instituo Cervantes na 7007/709 Sul. Pessoas presentes no curso, falaram no julgamento e confirmaram que ela estava lá a tarde inteira.

 

        Ela faz algumas ligações, comprovadas pelas empresas de telefonia, para alguns amigos convidando para tomarem um café.

 

        Uma amiga, Graziela, a chama para tomarem café na sua casa. Então por volta das 18 horas a Herb do celular mostra ema indo em uma padaria na 207 Sul. Ela passa em um empório e de lá vai para a Vila Planalto onde a amiga morava. Ela chegou na casa da amiga um pouco antes das 19 e saiu perto das 21 horas.

 

                A  Adriana falou no julgamento por umas 8 horas. E tanto ela quanto sua defesa batiam no ponto de que, se ela fosse a mandante, porque ela teria sido tão ativa na cobrança sob a polícia em investigar as mortes e pegasse os assassinos.

 




          A principal peça que a promotoria usava era o laudo do papiloscopista da palmar de Adriana.

 

          O perito Rodrigo Menezes falou sobre o exame, sobre o método que usou, sobre o exame ainda ser experimental e sobre o lapso de tempo que os resultados deram entre a produção da palmar e o dia dos crimes. O que colocava a Adriana no apartamento pelo menos dias antes, mesmo ela dizendo não ter ido na casa dos pais desde o dia 13 daquele mês.

 

        A defesa convocou um outro perito, do Instituto de Criminalística do Distrito Federal que contou que no entendimento dele, o laudo não poderia ser usado por ter uma metodologia questionável, não ter mais pesquisas que comprovassem a eficiência do teste, já que aquela era a primeira vez que ele estava sendo feito naquelas condições.

 

          Tambem foi muito questionada a competência do perito que fez o laudo já que não foi o instituto de criminalística que o produziu, mas sim o de identificação civil, mas no fim, o juiz aceitou que o laudo fosse utilizado como prova.

 

           Mesmo com todos esses questionamentos, Adriana Villela foi condenada a 67 anos e 6 meses de reclusão podendo recorrer em liberdade e foi o que aconteceu.





    Utilizando-se de um artigo do Código de Processo Penal, Adriana ficou em liberdade até que, não coubessem mais nenhum recurso, então ela ainda está em liberdade morando no Leblon.

 





        A primeira turma criminal de Brasília reduziu a pena dela por unanimidade em 2022 para 61 anos, mas eles estao pedindo a anulação do julgamento.

 





       A ex faxineira dos Villela, a Guiomar foi condenada tambem, mas por ter mais de 70 anos, teve a pena reduzida de 8 para 4 anos e depois a pena prescreveu. O seu filho José Ailton foi condenado a 5 anos e 4 meses.

 

        Em entrevista ao Metrópoles, 10 anos após todo o caso, Leonardo falou sobre as brigas que viu entre Adriana e os pais e que ela supostamente teria até quebrando tudo dentro de um apartamento que eles deram a ela porque não gostou da decoração. Ele reforçou que não matou ninguém, que só confessou por medo do que a polícia poderia fazer com a sua família e de não tinha nada contra os Villela ou contra Francisca e que ele foi 3 vezes ao apartamento deles, para levar uma banheira, ajudar a subir algumas compras e para levar um móvel em certa ocasião e foi isso.

 





        Doze pessoas da equipe da 1ª Delegacia foram denunciadas por tortura, falsidade ideológica e improbidade administrativa.

 

        Martha Vargas foi condenada a 16 anos e 28 dias de prisão em 2016 por falsidade ideológica, tortura e tambem a 1 ano e 6 meses por fraude processual e violação de sigilo. Ela foi absolvida do indiciamento por denunciação caluniosa.

 





Ela perdeu o cargo, teve suspensão dos seus direitos políticos por 5 anos, pagamento de multa de 100 vezes o valor do salário minimo e proibida de ter vínculo com o Poder Público por 3 anos. Ao perder o cargo ela tambem perdeu direito ao salário de R$ 16 mil e a aposentadoria dela foi cassada em 2018.

 

O agente de polícia José Augusto Alves tambem foi condenado a 3 anos e 40 dias por tortura, perdeu o cargo, o salário, teve seus direitos políticos suspensos por 4 anos, pagamento de multa de 50 salários-mínimos e sem poder ter vínculo com o poder publico por 3 anos.

 

Quando foram soltos, Rosa Maria e o marido só responderam na justiça por obstrução de justiça.

 

Saíram de Porto Alegre e foram morar no interior de São Paulo, em Monte Alegre do Sul.

 

Atualmente eles têm um canal no Youtube com mais de 400 mil inscritos, chamado Caça Fantasmas Brasil. Inclusive eu lembre desse caso do crime da 113 sul depois que eu vi um vídeo deles na Boate Kiss, falando supostamente, com as almas das pessoas que morreram.

 

Eles tambem tem livros publicados que voce pode encontrar na Amazon pra comprar se voce quiser. Eles não falam mais do caso, a Rosa foi no podcast do Vilela, o Inteligência Limitada, que eu achei muito bizarro devo dizer, mas ela e o marido não falam sobre o crime da 113 sul.

 

A última movimentação judicial que eu encontrei sobre a Adriana foi relacionado ainda aos inventários dos pais. Foi feita uma inspeção judicial em 2020, depois emitido um alvará pra levantar valores que eles tinham em contas no exterior para que fosse tudo repatriado, dá pra ver que alguns valores foram liquidados para o Augusto e para a Adriana.

 

Tambem havia um processo relacionado ao escritório de advocacia no Edifício Denasa, que foi fechado, mas o condomínio entrou na justiça cobrando valores de condomínio não pagos. Parece que Adriana pagou as parcelas das salas que por herança ficaram com ela, mas o irmão não pagou as dele e elas acabaram sendo leiloadas, cada unidade por R$ 320.000.

 

    

 Fontes de Pesquisa


G1

Podcast Revisão Criminal

TJDF

TSE

Correio Braziliense

 Correio Braziliense

 Correio Braziliense

Correio Braziliense

             Correio Braziliense

            Correio Braziliense

          JusBrasil

            Escavador

            Metropoles

            Metropoles

            Metropoles

              Correio Braziliense

             Correio Braziliense

                                                                                  MPDF

      R7

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