T03 Ep10 O caso Grávida de Canelinha
O Caso
A cidade de Canelinha no
Estado de Santa Catarina fica distante 63 quilômetros da capital do estado, Florianópolis.
Canelinha é muito conhecida na região como a Cidade
das Cerâmicas, alcunha proveniente do número enorme de olarias que existem na
cidade. E uma dessas olarias, depois de muito tempo abandonada, acabou
tornando-se palco de um crime hediondo.
Flávia Godinho Mafra nasceu no dia 15 de dezembro de
1995 e era filha do casal Sueli e Flávio Godinho, não só nascida mas criada em
Canelinha.
O sonho da Flávia era ser professora. Ela adorava crianças
e via no trabalho de professora uma forma de fazer diferença.
Enquanto trabalhava em uma loja de bordados de
algumas amigas ela entrou para a Unifebe, um centro universitário de Brusque,
uma cidade da região, distante uns 15 km de Canelinha para estudar Pedagogia e
ela, formou-se.
Em outubro de 2019, casou-se com Valdeli Mafra, seu
primeiro e único namorado. E tanto Flávia quando Valdeli não poderiam ter
ficado mais felizes quando em janeiro de 2020, Flávia descobriu que estava
grávida.
Mesmo o começo da pandemia e o lockdown, não
desanimaram a jovem pedagoga. Com um grupo de amigas, Flávia ajudou a formar o Pedagogia
de Projetos, uma forma de ajudar crianças pequenas em casa com atividades
lúdicas e leitura de histórias.
A chegada da sua primeira filha era a realização de
um desejo muito grande que Flávia tinha em ser mãe e tanto a sua família quanto
a do seu marido e tambem os amigos do casal, estavam muito ansiosas pela
chegada da Cecilia, nome que foi escolhido por eles para a bebe que nasceria em
setembro de 2020.
Nas redes sociais, Flávia compartilhava a evolução da
gestação, ensaio de gestante, a escolha dos moveis do bebe, a decoração do
quartinho, a escolha das madrinhas e padrinhos e a ansiedade para a chegada da
primeira filha, além dos cuidados extras que ela estava tendo por ter sido
diagnosticada no pre natal com diabetes gestacional.
Porem, uma outra mulher, conhecida de Flávia, tambem
compartilhava com quem a seguia nas redes sociais a espera por uma filha, mas
essa filha, não existia.
Rozalba Maria Grime tinha 26 anos e estava há 6 anos
com Zulmar Schiestl e trabalhava como costureira. O marido trabalhava na cidade
de São José, na Grande Florianópolis então passava dias fora de Canelinha. Ela,
os pais e o irmão eram todos de Canelinha. Quem a conhecia a descreve como
calma, tranquila, prestativa.
Ela e Flávia se conheciam, como grande parte da
cidade, já que era uma cidade com mais ou menos 12 mil pessoas.
As duas estudaram na mesma escola, conheciam pessoas em
comum, não eram amigas, mas se conheciam.
Não há nenhuma prova concreta além de um documento
que relata que, em novembro de 2019, Rozalba estaria grávida de 4 semanas, de
acordo com o delegado do caso, mas não foi localizado exames, consultas de pré
natal.
Ela, segundo o seu próprio relato, nesse mês de
novembro, sofreu um aborto espontâneo enquanto tomava banho.
Porem, o que não é algo tão incomum de acontecer nos
primeiros meses de gestação, que é a perda do bebe nesse periodo, para Rozalba
foi um gatilho para que ela decidisse que ela teria uma filha, custe a vida de
quem custasse.
Ela mantem a história da gravidez para a família,
para o marido, para as clientes, pessoas próximas e agia como se espera que uma
grávida agisse.
Ela e Zulmar montaram em casa o quarto da filha,
escolheram o seu nome, Antonella, fizeram ensaio gestante e pra conseguir
terminar de fazer o suposto enxoval, Rozalba chegou a montar uma rifa.
Pra que a gravidez ficasse mais crível, Rozalba
ganhou peso, estufava a barriga e se alguem questionava o motivo da barriga não
estar tão grande quanto geralmente fica, ela sempre utilizava a justificativa
de que o médico dizia que a bebe era muito pequena então ela não fez tanta
barriga. Ela ficou barrigudinha, ficou? Mas quem já ficou grávida como eu mesma
já fiquei duas vezes, tanto de um menino quanto de uma menina, sabe que o usual
é a barriga ficar muito grande, até em casos em que o bebe não nasça tão grande
ou que não nasça tão pesado. E houve pessoas que a questionaram, mas não eram
perguntas de desconfiança, tanto que nenhuma que perguntou imaginaria a
tragédia que estava para acontecer.
A primeira coisa que Rozalba fez foi procurar
advogados para saber como fazer o que as pessoas chamam de adoção a brasileira.
Esse tipo de adoção é quando seja a mãe ou a família
biológica da criança, a entrega a outra pessoa sem passar pelos procedimentos
de adoção legais e essa pessoa que pega a criança, a registra como se fosse sua
própria filha. Apesar de ser crime, ta lá no código penal e prevê uma pena de 2
a 6 anos de reclusão, acontece muito por aqui ainda.
Só que a Rozalba não teve sucesso. Primeiro que ela
era muito específica e queria o bebe pra ontem. Precisava ser um bebe,
precisava nascer em determinado mês e precisava ser uma menina, porque era o
sexo do bebe que ela vinha fingindo estar esperando e tambem o sonho dela, ser
mae de uma menina. Segundo que, mesmo
nesse tipo de adoção, não se acha um bebe na esquina dentro dessas condições
desse jeito. E os advogados que ela chegou a consultar a orientaram a procurar
a adoção legal que é demorada e ela não podia esperar. Então a ideia foi
descartada.
O próximo passo nos planos de Rozalba foi procurar
mulheres gravidas em Canelinha e se aproximar delas.
Ela entrou em grupos de gestantes no Facebook e
começou a adicionar essas mulheres e mandar mensagens, perguntando o sexo dos
bebes delas, o tempo de gestação.... Bem estranha e bem invasiva.
E ela iniciou essa procura pela vitima perfeita. A
que daria a ela a filha que ela tanto queria, mesmo que pra isso, a mae da bebe
morresse.
Ela soube que a Flávia estava gravida e a procura nas
redes sociais e se reaproxima, puxa assunto. E em julho de 2020 ela decide que
a Flávia era sem sombra de duvidas, o que ela precisava.
Depois, no julgamento ela chegou a dizer :
“Foi Deus quem colocou a Flávia no meu caminho.”
A Flávia estava com 36 semanas de gestação. A
Rozalba, que não estava gravida mas dizia estar, estaria de 10 meses, porque
lembra que em novembro ela estaria de 4 semanas? E essa demora já esta
suspeita. Por mais que ela desviava da questão dizendo que o medido deveria ter
errado o tempo da gravidez dela, o bebe já teria que estar para nascer.
Rozalba considerou até, matar a cunhada e ficar com o
bebe que ela esperava porem desistiu porque não bateria o tempo de nascimento
com o que ela precisava.
Os contatos dela com a Flávia eram diários ao ponto
de já estarem incomodando. A Flávia fez alguns comentários com amigas próximas
sobre estar sem jeito com a Rozalba, de como ela estava sendo inconveniente, mas
que ela estava sem graça de impor limites e de acabar a magoando.
No começo de agosto de 2020, a Rozalba inventa um chá
de fraldas surpresa para Flávia. Pra que a historia ficasse mais verossímil,
ela chega a convidar umas amigas de Flávia para esse chá. Ele seria na cidade
de São Joao Batista, vizinha a Canelinha e ela pede que a Flávia não comentasse
com ninguém sobre a surpresa, pra que as pessoas não ficassem chateadas por ela
saber.
O dia do crime se aproximava. A data do falso chá era
27 de agosto a tarde. Pela manha ela envia mensagens para as amigas convidadas
e desmarca, inventa uma desculpa e cancela o chá, exceto para a Flávia. Rozalba
envia mensagens dizendo que estava com dores e que achava que a filha estava
perto de nascer, que passou o dia sentindo dores. Tudo para encenar o que viria
a seguir.
Naquele dia, na ultima vez que ela fala com o marido
ela o avisa que Rozalba e ela se encontrariam na esquina de um mercadinho para
irem a uma festa e que na volta, ela iria na casa da mae.
As câmeras de segurança do bloco de Rozalba a gravam
saindo de casa as 14:30, 14:36 mais ou menos. Uma outra câmera, 1 hora depois,
pega Flávia entrando no carro de Rozalba, um Chevrolet branco e tambem grava o
carro passando por uma ponte sentido o bairro Galera em Canelinha.
Nesse bairro existia uma olaria abandonada, na Rua Goldofredo
Benevenutt, que semanas antes, Rozalba
foi para conferir se servia para o proposito que ela queria. O lugar era ermo,
as poucas casas próximas eram distantes, não havia transeuntes, a estrada era
de terra... Perfeito para o crime que ela estava disposta a cometer.
Três para as 6 da noite, Zulmar, marido de Rozalba é
gravado pela mesma câmera de segurança do prédio, entrando em casa com algumas
bolsas e saindo rapidamente logo em seguida. Ele com outros rapazes estava
levando Rozalba ensaguentada com um bebe no colo para o Hospital e Maternidade
Maria Sartori Bastiani.
Ela dá entrada no hospital com a história de que
havia dado a luz na rua e a bebe caído em cima de pedras de cascalhos.
A bebe estava muito machucada, com cortes profundos
nas costas e em um dos bracinhos.
Ela foi internada mas o medico que atendeu não encontrou
sinais de que teria ocorrido um parto o que ele achou estranho. Mas a
desconfiança dele era de que talvez a mulher tivesse pego a criança com a mae
biológica e estaria talvez mentindo para conseguir por a criança em seu nome
então a equipe medica reporta a policia o que estava acontecendo.
Como os ferimentos da bebe eram graves, os médicos
acharam melhor envia-la para o hospital infantil Joana de Gusmão em Florianópolis
e Zulmar foi acompanhando a suposta filha na ambulância.
Rozalba entra em contato com familiares e conhecidos
e conta que o bebe nasceu na rua, mas que o bombeiro que a socorreu acabou
dando cortes na neném e por isso ela havia ido para Florianopolis.
Quando Flávia não volta, os amigos e a família postam
nas redes sociais o desaparecimento dela e pedem ajuda, informações, qualquer
coisa que levasse aonde ela poderia estar.
Assim que ouvem que Rozalba estava no hospital
internada, vão para lá perguntar o que ela sabia sobre o sumiço de Flávia já
que ela tinha sido a ultima a ve-la.
Acreditando que ela estava fragilizada, afinal tinha
acabado de ter uma filha e na rua, a filha precisou ir para a capital, então
eles tomaram cuidado em não a pressionar mas perguntaram o que tinha
acontecido. Rozalba conta que entregou algumas fraldas para Flávia e a deixou
em uma ponte onde um Fox Preto dirigido por uma mulher, morena que usava
aparelho dental e que ela ouviu Flavia a chamar de Suziane ou algo parecido.
E a Rozalba compartilhou a postagem de um familiar de
Flavia sobre o desaparecimento, comentou que ela com certeza apareceria, que
rezava pra tudo dar certo. Falsa e sórdida.
No dia seguinte, 28 de agosto, a Rozalba recebe alta logo pela manha cedinho e vai para a casa dos pais.
Em outro bairro, em uma
olaria abandonada, por volta das 9 da manha, a família de Flávia a encontra.
Flávia estava desfigurada, com diversos golpes na
cabeça, com uma mascara de dormir no pescoço e com o ventre rasgado sem sinais
da criança. Era uma cena completamente chocante. Imaginem pra família, pro
marido, encontrar a Flavia daquela maneira e não fazer ideia de onde estava a
bebe.
O delegado Paulo Alexandre Freyesleben e Silva assume
o caso.
O que a policia tinha até aquele momento era a
denuncia do hospital sobre um parto inexistente, a ultima pessoa que se sabia
ter visto a vitima e um bebe desaparecido.
Eles então vão ate Rozalba que na primeira abordagem,
nega ter algum envolvimento com o assassinato de Flávia, mas sua negativa não
se sustenta por muito tempo e ela acaba confessando.
Foi ela quem matou Flávia para ficar com o bebe. Ela
começa a narrativa sobre como tudo ocorreu.
Ela armou um falso chá de fraldas, buscou Flávia no
seu próprio carro, dentro do carro, como era uma surpresa, ela da uma máscara
de dormir pra Flavia e pede que ela coloque. Do mercadinho até a olaria levou
uns 15 minutos.
Rozalba desce do carro primeiro quando chegam ao
local e ela tira Flavia. Enquanto caminha para dentro da olaria sem saber,
Rozalba pega uma pedra e golpeia Flavia na nuca. Flávia cai de barriga para
baixo e Rozalba defere diversos golpes com a pedra na cabeça dela até achar que
a matou.
Com Flavia quase desfigurada, Rozalba volta ao carro
e pega um estilete que ela comprou e deixou no carro. E com esse estilete ela
começa a cortar o ventre de Flavia para retirar o bebe do útero.
Tudo durou um pouco mais de 1 hora. Ela tinha visto
vídeos e pesquisado na internet sobre como fazer uma cesárea e tinha absoluta
certeza de que sabia como fazer.
Pra cortar ela relata que precisou fazer muita força
e não notou se Flávia estava viva ou não e que logo que conseguiu tirar o bebe,
correu para o carro e saiu em velocidade.
So que quando ela saiu, a mala do carro que ela abriu
ficou aberta. Há um vídeo de uma câmera onde é possivel ver o carro passando
levantando poeira e com a mala aberta. E foi a mala aberta que chamou atenção
das pessoas pelas quais ela passou.
Um carro, com uns rapazes avisou sobre a mala e mais a frente ela parou o carro e esses mesmos rapazes ao verem, vao ate ela e a veem ensanguentada e com um bebe no banco de tras. Ela conta que acabou de ter o bebe e pede que eles liguem para o marido dela avisando.
Eles cobrem a criança, acredito que um deles tira uma foto da Rozalba com a criança no colo no banco traseiro, porque essa foto existe, então pelo que entendi foi um deles que tirou.
Eles ligam e tambem tem a gravação do marido dela passando pela
mesma ponte que Rozalba passou mais cedo, ele de moto.
Ao chegar lá , o marido vai guiando os rapazes, um
ate assume a direção do carro da Rozalba e vai atras de Zulmar, que antes de ir
para o hospital, passa em casa.
Na gravação deles passando voltando, dá pra
ve o Zulmar com uma bolsa plástica no colo e depois ele entrando com essa bolsa
no apartamento. A policia depois vai o questionar sobre essa bolsa que eles no
primeiro momento achavam ser de Flavia.
O incrível é que essa mulher realmente acreditava que
ninguém jamais iria descobrir o que ela fez. Que ela tinha conseguido o que
tantos não conseguiram, praticar o crime perfeito.
Rozalba e Zulmar foram imediatamente presos. A
policia tinha duvida sobre a participação ou não do marido no crime, já que ele
era o mais intimo dela, pai da suposta criança e que não parecia que ele não
teria condições de descobrir toda a verdade antes.
O corpo de Flávia foi encaminhado para o IML que deu como a causa mortis choque hipovolêmico, que significa morrer após uma perda extrema de sangue e líquidos, concluindo assim que durante a cesárea forçada, Flávia estava ainda viva, apesar de inconsciente.
O sepultamento de Flávia Godinho Mafra ocorreu no dia
29 de agosto de 2020 no cemitério municipal de Canelinha.
Pra confirmar a paternidade do bebe internado, foi
realizado um exame de DNA que claro, confirmou, era Cecilia.
A policia solicitou um mandado de busca e apreensão
para o apartamento de Rozalba e em uma gaveta da casa foram encontrados os
pertences de Flavia como carteira, celular e outros documentos.
Presa, ela foi ficou na cidade de Tijucas, onde
depois seria o julgamento e depois foi encaminhada para o presidio em Chapecó a
pedido da defesa.
O marido, Zulmar foi para o presidio Tijucas até que
as investigações terminassem.
Ele ficou preso 45 dias. O delegado após a quebra do
sigilo telemático, que é a quebra de registros telefônicos, mensagens de
WhatsApp, chegou a conclusão de que ele não estava envolvido.
Zulmar trabalhava em outra cidade e como ele ficava
muito pouco tempo em casa, Rozalba foi o manipulando. Mensagens trocadas por
eles nos meses anteriores mostravam ele insistindo em ir nas consultas, pedindo
que ela marcasse exames e o dia do pre natal para quando ele estivesse em casa
e ela dando diversas desculpas pra ele. Ela chegou a, com outro numero, forjar
uma mensagem que seria da medica enviando para ela, e encaminhou para ele
falando que estava desmarcando a consulta daquele mês, ela dizia que o exame
não tinha ficado pronto, ela inventou o que vc pode imaginar de mentiras e para
que eles não tivessem sexo, ela falava que o obstetra tinha imposto essa
condição porque a posição do bebe prejudicava o pratica sexual e podia causar
sofrimento ao bebe.
E não foi só a ele que ela enganou. A família inteira
realmente acreditava que ela estava gravida. As pessoas estavam na espera de
Antonella.
A família dela
precisou ate sair da cidade quando ela foi presa porque a população revoltada
com tudo que aconteceu, começou a hostilizar todos eles e com medo eles ficaram
um bom tempo longe da cidade.
Cecilia recebeu alta do hospital 10 dias depois de
dar entrada. E foi pra casa com o pai.
A defesa de Rozalba foi assumida por Bruna dos Anjos.
A tese dela era de que Rozalba era inimputável, que precisava de tratamento
medico e possuía doença mental.
Ela solicitou e o tribunal de justiça acatou, que o
Instituto Geral de Pericias realizasse um exame de incidente de insanidade
mental. O laudo, de novembro de 2020, foi de que Rozalba era imputável, que como
vocês já sabem, significa que ela não possuía doença mental que justificasse
não ser julgada.
O Ministerio Publico aceitou o pedido da policia
civil e denunciou Rozalba Maria Grime por homicídio quintuplamente qualificado,
englobando as qualificadoras, motivo torpe, uso de meio cruel, emboscada, crime
para garantir a pratica de outro crime e feminicídio. Além dos crime de tentativa de homicídio
qualificado contra a criança, parto suposto, subtração de incapaz, ocultação de
cadáver e fraude processual.
A defesa sustentou a tese de insanidade, ate
contrataram o psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro para contestar o laudo do IGP. Ele
é um psiquiatra forense até bem conhecido, atuou no caso Flordelis, tambem pela
defesa, no caso do homem que deu a facada no Bolsonaro em 2018 e no caso da
Suzane von Ricthofen.
O que a advogada alegava era a frieza de Rozalba e a
vida de mentiras que ela sempre viveu. Aos 18 anos, ela teria sofrido o
primeiro aborto. Ela inventou estar com câncer, quando era mais nova, pra que a
família ficasse com pena dela, fez a mae gastar dinheiro comprando medicamentos
pra uma doença que não existia. E não demonstrava qualquer culpa pelo que fez.
Eles tentaram um desaforamento, levar o julgamento
para Florianopolis sob as alegações da
falta de imparcialidade em Tijucas e o risco de integridade fisica e moral da
cliente dela, mas não conseguiram. O juiz autorizou somente a transferência da
acusada para um presidio feminino lá.
Enquanto estava presa, Rozalba escreveu diversas
cartas, algumas vazaram para a imprensa onde ela dizia estar sendo maltratada e
ameaçada no presidio, se dizia arrependida e dava a entender que pensava em
suicídio e não se perdoava por ter feito o que fez e agradecendo por estar
tendo sessões com um psiquiatra dentro do presidio. Ela dividia a cela com uma
mulher presa por tentar roubar uma criança.
O julgamento foi marcado para acontecer no dia 24 de
novembro de 2021. O juiz Jose Adilson Bittencourt Junior presidiu o juri no
prédio da câmara dos vereadores de Tijucas que tinha espaço para alocar um
julgamento com a proporção que o caso tomou.
O promotor, Alexandre Muniz pedia a condenação dela
por todas os crimes que ele a indiciou.
No juri, ele defendeu que nada efetivamente
confirmava que Rozalba esteve gravida um dia na sua vida. Não havia provas
disso.
Ele pediu, anteriormente ao julgamento, pela
inocência e retirada das acusações de Zulmar, o que foi feito. Ele depois
acabou se mudando de Canelinha definitivamente.
Foram 6 testemunhas de acusação e teria sido 1 de
defesa, o irmão de Rozalba, mas ele apresentou um atestado de sintomas de Covid
e não foi ao julgamento.
Logo no começo, um dos jurados passou mal durante a
oitiva da primeira testemunha, o policial que chegou primeiro ao local e isso
atrasou tudo porque precisaram chamar outro jurado e passar em vídeo tudo o que
a testemunha tinha dito.
E a Rozalba falou no julgamento. Contou que ver as
amigas e a cunhada serem mães enquanto ela sofreu, segundo ela, um aborto, foi
o que a fez tomar a decisão de que manteria a historia da gravidez e
conseguiria um bebe.
Tambem disse que não se arrependeu de nada ate ser
presa porque se ela tivesse se livrado, não teria se arrependido, ela
registraria a menina como filha sem culpa alguma.
Ela contou que, em relação a como matou Flávia.
“ bati com o tijolo na cabeça dela, na segunda tijolada ela perdeu a consciência. Eu cortei a barriga, fui cortando bem devargazinho ali porque eu queria o bebe”
Após 16 horas, o conselho de sentença condenou
Rozalba por todos os crimes. Ela recebeu uma pena de 56 anos e 10 meses de
reclusão e 8 meses de detenção.
A defesa depois do julgamento entrou com recursos em
instancias superiores pedindo anulação de partes da pena, como a ocultação de
cadaver, a tentativa de homicídio tentado contra o bebe e o feminicídio porque
de acordo com eles, ela não tentou ocultar o corpo já que o deixou onde cometeu
o crime, ela não matou Flavia por ódio ou por discriminação da condição dela de
mulher mas sim para roubar a criança e que ela não tentou matar o bebe, mas
ficar com ele.
A ultima movimentação que eu localizei de recurso no
processo dela, estava como não provido então ela continua presa por todas as
condenações, não sei se a defesa esta solicitando novos recursos ou não.
O Valdeli esta hoje novamente casado, criando a
Cecilia que já fez 3 anos no mês passado e ele tem hoje um filho mais novo, que
se eu não me engano chama-se Vicente, mas ele é muito reservado, não é de falar
sobre o caso, não possui perfil publico em rede social e é bem discreto.
Esse foi um crime que absolutamente mexeu com a
cidade inteira, não so por ser pequena mas pela brutalidade dele, por ter sido
cometido por alguem acima de qualquer suspeita ou de desconfiança. Conhecida
pelas pessoas, nascida e criada com as mesmas pessoas.
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