T03 Ep09 O caso do Maníaco do Parque
O Caso
Francisco
de Assis foi um frade católico nascido na cidade de Assis na Italia nascido
entre os anos de 1181 e 1182. O que estudiosos religiosos relatam é que Deus
teria concedido a Francisco de Assis o dom do milagre. Ele curou leprosos,
pessoas com câncer, trabalhou pelos necessitados e fundou uma fraternidade que
depois ficou conhecida como Franciscanos. Ele era de uma família rica mas que
renunciou a tudo para viver em prol dos necessitados e dedicado a vida
religiosa. Ele foi canonizado e é o padroeiro dos animais.
A oração de São Francisco é muito forte
e diz assim:
“Senhor, fazei de mim um instrumento
de Vossa Paz. Onde houver ódio, que eu leve amor. Onde houver ofensa, que eu
leve perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a União. Onde houver dúvida,
que eu leve fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero,
que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde
houver trevas, que eu leve a Luz.”
Mas não é sobre esse Francisco de Assis
que vamos falar. Mas do Francisco de Assis que apesar de ter seu nome em
homenagem a figura religiosa, não tinha nada de bondoso mas descobriu-se que
ele exatamente o oposto.
O casal Maria Helena de Sousa Pereira e Nelson Pereira tiveram 3 filhos, Francisco de Assis Pereira, era o do meio. Maria Helena, católica, deu ao filho o nome do santo, Francisco de Assis.
Ele nasceu no dia 29 de novembro de
1967 em Guaraci, cidade do interior do estado de São Paulo, cerca de 430 km da
capital.
O pai, Nelson, teve inúmeros trabalhos
pra tentar sustentar a família, ele foi pescador, barqueiro, frentista, apanhador
de laranjas e até tentou, por 3 vezes, ter um pequeno açougue. A cada mudança
de trabalho, a família muda-se, mas essa instabilidade, pra família, não
parecia afetar Francisco, ele continuava a ser uma criança meiga, quieta, mas
carinhosa.
Na infância ele adorava brincar de bicicleta e quando aos 8 anos, ganhou seu primeiro patins, um de plástico, simples, ele se apaixonou. Mas Tim, como os irmãos o chamavam, acabou sofrendo um acidente, ao cair enquanto patinava, um graveto entrou no seu ouvido e quase perfurou seu tímpano. Ele precisou operar mas isso não o impediu de continuar patinando.
Apesar do acidente e de ter superado, a
vida escolar do Francisco foi de mal a pior. Ele repetiu a 1ª serie do
fundamental e estudou até a 5ª serie. Voltou a estudar para concluir o ensino
médio no supletivo mas largou pra entrar no Exército, onde chegou a patente de
cabo. Por mais que gostasse, aparentemente, da vida militar, o que ele gostava
era de patinar.
Segundo Francisco de Assis Pereira,
posteriormente, sua infância não foi tranquila como seus pais diziam ter sido
ou achavam ter sido. Ele alega que aos 6 anos foi abusado por uma tia, chamada
Diva Aparecida. Ela era algo como 13, 14 anos mais velha que ele e
constantemente pedia que ele mordesse seus seios e a excitasse na genitália
dela. O abuso teria o marcado para o resto da vida. A tia sempre negou tudo.
O pai começou a trabalhar em um
matadouro e tanto Francisco quanto os irmãos frequentemente iam até la. Ver os
bois sendo mortos, abertos, ver o sangue deles e a posição em que eram postos,
o fascinava tanto quanto o amedrontava. E influenciaria no que ele se tornaria
anos mais tarde.
Ainda na infância, teve uma convivência
muito grande com sua avó paterna que um dia, quando Francisco tinha 8 anos e
matou um passarinho, o guardando pra tentar cozinhar, brigou com ele, aos
gritos o chamando de monstro, quando encontrou o passarinho morto.
Começou a trabalhar aos 10 anos pra
ajudar a família.
Participou e ganhou diversas
competições e se juntou a um grupo de patinadores do Parque Ibirapuera chamado
Os Suicidas.
Na sua adolescência, namorou uma menina
adepta do movimento gótico. Ela tambem patinava e eles se conheceram em
competições. Só que a experiência sexual com ela foi marcante. Durante o sexo,
uma vez, ela mordeu o pênis dele com tanta força que machucou. Depois disso,
toda vez que ele fazia sexo sentia muita dor e passou a ter dificuldade de
ereção. Ele tambem tinha fimose, um excesso de pele no pênis, que normalmente na
adolescência, o rapaz já não tem, se te tiver, precisa ser operado, mas
Francisco não operou. Isso acaba agravando as dores durante as relações sexuais,
sangramentos, pode ocasionar assadura, inchaço.
Quando a família, que estava morando em
São Paulo decidiu voltar para Guaraci, Francisco ficou. Na capital, ele tinha
certeza de que conseguiria mais oportunidades nos patins.
A vida do patinador Chico Estrela, apelido
dado pelos amigos patinadores, era cheia de competições, medalhas e horas e
horas no Parque do Ibirapuera.
Quando saiu do Exército, ele teve
diversos trabalhos, como instrutor de pista de patinação entre 1990 e 1991 no
shopping Bauru Shopping Center.
Por um ano ele morou com uma travesti,
a Thayna Rodrigues. Eles se conheceram, começaram a sair e ela o chamou para
morarem juntos. No entanto, a relação não levou muito tempo para ficar ruim. Eles
regularmente brigavam e muito. Franciso dava socos no estomago dela, eles
acabavam se agredindo. Depois de todo o caso, ela narrou como a vida sexual
deles era devido a um problema peniano que ele tinha e a dificuldade de ereção,
que sabemos, vinha da adolescência e por isso, ele sempre seria o passivo na
relação sexual.
Algumas fontes dizem que Francisco
tambem manteve uma relação homoafetiva com um chefe que permitia que ele
dormisse no trabalho, já que ele não tinha onde ficar em São Paulo.
Por um periodo, Francisco morou a cerca
de 200m do Parque do Estado, local que faria o nome dele ser nacionalmente
conhecido como o Maníaco do Parque.
O Parque do Estado ou Parque Fontes do
Ipiranga fica na cidade de São Paulo, possui o Zoológico de São Paulo, o Parque
dos Dinossauros, o Observatório, o Instituto Botânico. Ele fica na divisa das
cidades de São Paulo e Diadema e tem mais ou menos uns 576 hectares, o
equivalente a 5 km². Apesar de todas esses locais dentro do Parque, ele possui
uma area de mata imensa.
No dia 04 de julho de 1998, corpos são
encontrados no Parque do Estado. A policia é avisada, o caso foi para a 97º
Distrito da Policia Civil de Americanopolis, do outro lado do Parque, que
aciona a pericia.
Quando a pericia chegou, o primeiro
corpo visto era de uma mulher. Ela estava com a cabeça encostada no chão,
joelhos no chão, mas a parte traseira erguida, de quatro, em uma posição sexual
e nua. Ficou muito obvio que, quem a matou, colocou o corpo naquela posição
porque ela entrou em rigidez cadavérica na posição. Quase uma cena montada.
Inclusive, a fotografa desse local de
crime, foi a Telma Rocha.
O corpo ainda não estava em um estado
muito avançado de putrefação mas a equipe sentia um cheiro muito forte de cadáver
e ao abrirem o perímetro pra procurar vestígios em volta, acabam descobrindo um
segundo corpo, esse, vestindo uma calcinha preta. O estado de decomposição, de acordo com os
peritos, era de até 5 dias, podendo ser menos.
Ambos os corpos eram de mulheres. Mas
devido ao horário, anoiteceu nesse periodo entre o chamado da polícia e a
pericia chegar, a Telma relata que tirou uma foto geral, uma foto de
identificação e recolheram os corpos.
O primeiro corpo encontrado acabou
sendo identificado pelo pai, Antonio Mendes Queiroz, era sua filha caçula,
Selma Ferreira Queiroz de 18 anos, filha do casal Antonio e Maria de Lourdes. A
família morava na cidade de Cotia.
Selma havido saído de casa no dia 03 de
julho para assinar os documentos da sua demissão. Ela trabalhava como
balconista em uma rede de drogarias. Era dia de Jogo do Brasil na Copa do Mundo
de 1998, pelas quartas de final, entre Brasil e Dinamarca.
Ela tinha combinado de ver o jogo com o
familia mas ligou pra casa dizendo que
não conseguiria chegar a tempo e assistiria então ao jogo na Praça da Sé, em um
telão.
No dia seguinte, 04 de julho, um homem
que não se identificou ligou para a casa dos pais de Selma e Sara, uma amiga da
família atendeu. O homem dizia ter sequestrado Selma e pedia R$ 1.000 pelo
resgate falando que era uma dívida de drogas. Disse que retornaria a ligação.
Não retornou.
No dia 05, sem que o tal homem
retornasse, o pai de Selma é quem vai a delegacia fazer o boletim de
desaparecimento. Ele faz a identificação no sai seguinte ao BO.
O laudo do IML de Selma afirmava que
ela foi estrangulada e torturada. Provavelmente violentada sexualmente. Os
peritos colheram amostras de uma substância que achava-se ser liquido seminal.
O segundo corpo nunca foi identificado.
Não demorou nem o fim da semana para
que outros dois corpos tambem fossem encontrados. Na tarde do dia 06, um menino
que estava procurando uma pipa que caiu no Parque, quando encontra dois corpos.
Novamente a policia é notificada sobre
o encontro e vão para o local.
O estado de putrefação era muito
avançado. Os corpos estavam parcialmente nus.
Com o encontro de mais vitimas, a
Policia Civil pede ajuda ao Grupo Especializado em Mata da Policia pra
vasculharem a mata do Parque do Estado a procura de outros corpos.
No dia 08, a 1km do inicio da busca, um
dos policiais do GOE acha uma ossada. A poucos metros, outra é achada.
Já eram 6 corpos. E não seriam os
últimos.
O 1º corpo estava a 2km pra dentro da
mata andando e o outro, a 20 metros dele. Um estava sem roupas e de bruços. O
segundo, com blusa preta e de tambem de bruços.
Os policiais acharam um buraco e nele,
bolsas e objetos femininos enterrados, além de um cartão da C&A em nome de
Rosinalva Patriota Romeu, bermudas, sapatos.
A primeira reportagem sobre o que estava
acontecendo, foi a da Folha de São Paulo no dia 08 de julho de 1998. Falava
sobre corpos descobertos no Parque e que seriam vitimas de um crime sexual.
A imprensa já chamava o assassino das 6
mulheres localizadas, assassinadas na mata do Parque do Estado, de Maníaco do
Parque.
A investigação passa para o delegado
Sérgio Luis da Silva Alves da
Equipe
C-Sul da DHPP.
Ele e os investigadores, começam a
procurar casos de mulheres desaparecidas e de denuncias de crimes envolvendo
mulheres na area do Parque. A DHPP tinha Boletins de Ocorrência de 7 mulheres
dadas como desaparecidas na Grande São Paulo até aquele momento. Três mulheres
entre maio de 1996 e fim de 1997, tinham ido a delegacia falar que tinham
sofrido tentativas de estupro no Parque do Estado.
O relato de uma delas era de que um
homem moreno, forte, mais ou menos 25 anos, dizendo ser produtor de comerciais,
a convenceu a entrar no Parque, o local, segundo o homem, perfeito para tirarem
fotos.
E é enquanto vasculham os arquivos que eles
se deparam com dois inquéritos policiais. Dois corpos encontrados em janeiro e
em maio de 1998 e que tiveram o inquérito arquivado por falta de mais provas.
Pedro Fávero, um guarda que trabalhava no
Parque, encontrou o corpo de uma mulher, morta, de bruços, no dia 16 de janeiro
de 1998.
Em maio, um grupo de religiosos
evangélicos encontrou ossos e avisou a Pedro. Já estava somente a ossada, mas
se via um aparelho dentário e cabelos longos escuros.
Uma das denuncias tinha sido feita por Ligia
Cleni Crescêncio, depois que a sua
prima, Raquel Mota Rodrigues, de 23 anos.
Segundo Ligia, Raquel foi trabalhar no
dia 09 de janeiro. Ela trabalhava em Pinheiros, bairro da capital entre Vila
Madalena e Jardins, como vendedora de moveis. A família de Raquel morava em
Gravatai, no Rio Grande do Sul, seus pais Herbi e Agenor e os irmãos, Jaqueline
e André , ela foi para São Paulo trabalhar para juntar dinheiro e ajuda-los.
No fim do seu dia de trabalho, Raquel
pegou o metro e desceu na estação Jabaquara. Ela ligou de um orelhão pra Ligia falando que
um rapaz muito legal, fotografo que produzia catálogos pra empresas de
cosmético, chamou ela pra tirar umas fotos no Parque do Estado. A prima
desaconselhou Raquel a ir. Falou sobre os perigos. Raquel disse que não ia, mas
desapareceu depois disso.
Infelizmente, a identificação do corpo
achado em janeiro, era o de Raquel.
A policia acaba fazendo um retrato
falado baseando-se nas caracteristicas de homens que Raquel costumava sair ou
se interessar.
Quando os primeiros 4 corpos foram
descobertos e tanto Selma quanto Raquel já estavam identificadas, diversas mulheres começaram a se apresentar na
Policia com relatos impressionantes.
Uma delas relata que estava em uma fila
de cartório. Era o ano de 1996. Um homem se aproximou dizendo que ela poderia
ser modelo de uma empresa de cosméticos internacional. Eles ficaram conversando
por um tempo e ele ficou esperando por ela do lado de fora do cartório. Como
ela demorou, ele contou que a van da empresa que estava lá acabou indo embora e
ofereceu a ela uma carona de moto pra irem tirarem algumas fotos. Eles foram
até o Parque do Estado onde seria a locação que a empresa estava fazendo as
fotos da campanha.
Lá, ele acaba a estuprando, espancando.
Quando terminou disse a ela:
“Eu vou te dar 5 minutos, não, 2
minutos, vou te dar 2 minutos pra voce correr, se voce conseguir escapar da
mata, voce está livre, voce vai sobreviver. Mas se voce não conseguir, eu vou
atras de voce, te mato e te como morta.”
Elas repassam as caracteristicas do
homem que as atacou: Moreno, entre 24 e 30 anos, talvez 1m70, cabelo
encaracolado, nariz largo e uma falha na sobrancelha.
Uma mulher, que não quis ser
identificada, vendo as noticias sobre o Maniaco do Parque e de como outras
mulheres contavam terem sido abordadas por um homem que se dizia fotografo,
liga para o numero divulgado da equipe da DHPP com informações, sobre o que
aconteceu com ela.
Ela havia sido abordada na estação São
Bento por um homem dizendo ser de uma empresa de cosméticos e que queria tirar
fotos dela, ela não aceitou mas ele ficou insistindo. Vendo que ela não iria de
jeito algum, deixou um cartão com um número e um nome: Jean.
Os policiais ligam para o numero e
descobrem ser da JR Moto Express, uma empresa de motoboys que ficava na Avenida
Alcantara Machado, no Brás.
Ao irem até o local, descobrem que não
havia nenhum Jean trabalhando lá ou que tivesse trabalhado recentemente. Porem,
uma coisa estranha tinha acontecido.
O dono da empresa, Jorge Santana contou
que uns 3 ou 4 dias antes, dia 11 de julho, um dos funcionários, que trabalhava
lá há uns 4 meses mais ou menos e dormia lá tambem, deixou um bilhete dizendo:
“Jorge me desculpe, mas tem que ser
assim. Obrigada por tudo meus amigos e até um dia. E que Deus os acompanhe.
Abraço. Chico”
Perto do bilhete ele tambem deixou
alguns recortes de jornal sobre o caso Maniaco do Parque.
O nome do ex funcionário era Francisco
de Assis Pereira.
Exceto por uma briga ocorrida entre
eles e outros colegas após um brincar com ele sobre a sua semelhança com o
retrato falado do Maniaco, Juarez não tinha nenhuma reclamação sobre o seu ex
funcionário.
Outra coisa que o dono conta é que
aqueles policiais não eram os primeiros a irem lá e perguntarem sobre a mesma
pessoa.
Há meses, no começo do ano, outros
tinham ido lá, investigadores de pessoas desaparecidas. Parecia que uma
namorada de Francisco havia sumido.
A namorada era Isadora Fraenkel de 19
anos.
Isadora nasceu em 1980 e aos 3 anos
mudou-se para Maresias, também em São Paulo. Quando terminou o colegial foi
para a capital morar com os avôs paternos. Ela pretendia melhorar seu inglês e
alemão e começar a estudar espanhol. O pai, Cláudio, era físico, professor na
Universidade de São Paulo. O sonho de Isadora era ser comissária de bordo.
A Isadora foi vista pela ultima vez no
dia de fevereiro de 1998 saindo da casa dos avós no prédio que eles moravam na
Rua País de Araujo, 89, Itaim Bibi com
um homem de cabelos castanhos e longos, por volta das 20:30.
Dias depois que Isadora sumiu, no dia
13 de fevereiro, uns cheques dela nos valores de R$ 200 e de R$ 50 batem na
conta dela em uma agência do Itau na Cidade Jardim e o pai dela pega as copias
desses cheques e vai até a delegacia com elas.
Um dos cheques tinha sido usado em uma loja
de acessórios de moto na compra de um capacete. Como o nome no cheque era o de
Isadora, a vendedora pediu que Francisco anotasse o seu RG no verso da folha de
cheque e ele colocou o número real dele.
O cheque no valor de R$ 50 estava
inclusive, com uma assinatura claramente falsa.
Quando os investigadores da delegacia de
desaparecidos foram falar com o Francisco sobre o desaparecimento de Isadora, a
justificativa dele era de que os dois eram namorados e que os cheques, ela deu
a ele como presente de aniversário. Ele estava conduzindo a moto sem capacete e
ela preocupada, deu o cheque pra que ele comprasse.
O outro cheque ele usou pra pagar
almoços em um restaurante perto da sede da empresa que ele trabalhava.
O pai de Isadora, Claudio, negou
veementemente que Francisco era namorado da sua filha. Ele rebateu a história.
A filha namorava um menino chamado Artur e em dezembro de 1997, que era o
periodo que Francisco dizia que eles estavam namorando, Isadora não estava em
São Paulo, estava no litoral paulista na casa da mãe.
A policia mostrou uma foto de Francisco
para o porteiro do prédio que Isadora morava com os avós mas ele não o
reconheceu. O homem que foi no prédio no dia que Isadora desapareceu deu o nome
de Tiago ou Charles, o porteiro interfonou e Isadora autorizou que ele subisse,
depois de uns 40 minutos eles saíram, mais ou menos 20:30.
Descobriu-se que em outubro de 1995,
Francisco foi detido por constrangimento
ilegal e importunação em São José do Rio Preto. Ele atacou uma balconista,
Alessandra de Oliveira Alves que estava indo para o trabalho, empurrando ela
para um terreno vazio na tentativa de violenta-la. Um segurança do local
conseguiu deter o estupro. Foi preso em
flagrante Ele ficou preso? Não. Ele pagou R$ 80 reais de fiança foi solto e o
caso não andou.
Com todos esses elementos, com esses
indícios voltados para Francisco, a prisão temporária dele foi decretada no dia
15 de julho de 1998.
Mas o Chico Estrela já estava longe.
No dia 24 de julho, o dono da JR
Express liga para o delegado Sérgio e pede que ele vá com urgência a empresa.
O vaso sanitário da empresa entupiu. Na
tentativa de desentupir, um encanador acabou retirando o vaso do chão e ao
fazer isso, além de outros objetos, um RG parcialmente queimado foi encontrado
no encanamento. Era o RG de Selma.
Se a policia tinha qualquer duvida do
envolvimento de Francisco no caso, agora eles não tinham mais.
A foto de Francisco rodou o pais
inteiro e deu-se inicio a caçada ao Maníaco do Parque.
Os pais de Francisco, Maria Helena e
Nelson, dão entrevistas falhando não acreditarem que o filho normal, amoroso e
tranquilo deles, poderia ser o Maníaco.
Dona Maria Helena, chega a tentar
receber na JR Express, os valores dos últimos dias trabalhados do filho.
A DHPP consegue uma gravação com uma
emissora em que Francisco dava uma entrevista.
A reportagem era sobre patinadores noturnos. Essa gravação é apresentada
a Sara, irmã de Selma que reconhece a voz. Era do homem que ligou pedindo
dinheiro em troca da irma dela.
As buscas no Parque ainda estavam
acontecendo e deu resultado. No dia 28 de julho, mais dois corpos foram
encontrados, um perto do outro. Eram 8
agora no total.
A terceira vítima é identificada. Era
Elisangela Francisco da Silva de 21 anos. O IML conseguiu identificar pelas
impressões digitais. Ela estava morando há 2 anos em São Paulo com uma tia. No
dia 09 de maio de 1998 ela tinha sumido. O último lugar que ela foi vista com
vida foi na Avenida Rebouças em Pinheiro, depois de sair de casa para ir ao
Shopping Eldorado.
O que também a polícia conseguiu foi
coletar líquido seminal de um dos corpos.
O IML extraiu a amostra contendo 45
espermatozoides e acabaram não conseguindo obter o DNA e enviaram então o
material para o Centro de Investigações de Crimes Sexuais da Universidade de
Mogi das Cruzes. Mas eles tambem não conseguiram. Segundo eles, além de ser
necessário no mínimo 50 espermatozoides na época para conseguir o DNA, a
amostra foi mal colhida. O corante usado pela pericia estragou a qualidade da
amostra e eles não colheram com SWAB, um cotonete grande usado para colher
material e ao invés do SWAB, usaram uma espátula ginecológica que não é o ideal.
Uma ex namorada de Francisco, chamada
Janete Nogueira Lemos com 22 anos, dá entrevista contando que em 1995, engravidou
dele, mas Francisco negou que fosse pai e terminou tudo com ela. A criança
nasceu, era um menino e já estava com 2 anos e meio. Nunca foi feito exame de
DNA para se comprovar se a historia era verídica ou não, mas a imprensa começou
a dar a noticia de que o suspeito de ser o Maníaco do Parque era pai.
A procura por Francisco continuava.
Pistas levavam o rastro dele até o Mato Grosso.
O segundo corpo encontrado no dia 28 de
julho tambem foi identificado. Era o de Patricia Gonçalves Marinho. Ela
trabalhava como balconista nas Lojas Brasileiras, uma rede de lojas de
departamento que fechou no ano seguinte, 1999. Ela sumiu no dia 17 de abril de
1998 sem deixar rastros. Quando o corpo dela foi encontrado, partes dos lábios
estavam faltando. Tinham sido arrancados por mordidas.
Os primeiros corpos encontrados na
verdade tinham sido as ultimas vitimas do Maniaco pelo estado dos corpos e
exames do local de encontro de cadaver.
Com o caso estampado em todo jornal,
revista e a cobertura, que a gente sabe como é em casos assim, pais e mães com
filhas que tinham traços parecidos com as vitimas identificadas, procuravam a
DHPP.
Como foi o caso de Nelson Carsoni. A
filha dele Rosana Célia de 23 anos morava a uns 600 metros do Parque. Saiu no
dia 16 de junho de 1998 e não voltou. Ela tinha um filho de 2 anos, Bruno. O
pai estava convencido que ela era um dos corpos encontrados e não
identificados. Ele deu entrevista, fez cartazes e ia diariamente a delegacia.
Porem, Rosana na verdade estava
vivíssima. Ela não tinha sido vitima do Maniaco ou de qualquer outro criminoso,
ela tinha fugido de casa com a roupa do corpo porque, de acordo com ela, a
madrasta pegava muito no seu pe. Como não estava conseguindo emprego e queria
ficar longe, foi embora pro rio de Janeiro sem avisar ninguém.
Aqui no Rio ela conheceu uma senhora
que a deixou morar de favor em uma das casas dela em uma vila pequena, em Vila
Isabel, na zona norte. Rosana conseguiu um emprego como balconista em padaria
de Copacabana, assinou carteira e estava dividindo um quarto com uma colega perto
da padaria sem intenção de voltar. Só que, só descobriram que ela estava no
Rio, uns 10 dias depois da prisão dele.
O advogado Ademar de Barros assume a
defesa do fugitivo e pede em entrevistas a diversas emissoras de tv que ele se
entregue. Por diversas vezes ameaça abandonar o caso se Francisco continuasse
fugindo.
A mãe, Maria Helena tambem vai ao ar
pedir que o filho se entregasse enquanto ainda acreditava que ele não poderia,
não teria como ser o culpado daqueles crimes.
Outra ex namorada entrega a polícia
diários que seriam do Francisco em que ele dizia sentir-se atraído por
crianças, dizia querer casar com elas.
Diversas pistas davam conta do
Francisco, no Rio, no Paraguai, em diversos lugares. A polícia continuava a
busca pelo homem com certeza, mais procurado do Brasil naquele ano. Já fazia 15
dias que ele tinha fugido e as famílias das vítimas aguardavam ansiosas pela
prisão de quem eles acreditavam ser o algoz das filhas deles.
Como o prazo dado pelo advogado Ademar
pra que Francisco se entregasse acabou, ele renunciou ao caso.
O psiquiatra Guido Palomba fez um
perfil do Maniaco a pedido da DHPP. O maníaco não era normal, mas tambem não
era louco. Não sentia qualquer remorso, era perverso e tinha um instinto sexual
deformado.
Mas a caçada estava para chegar ao fim.
Depois de 23 dias o Maniaco do Parque seria descoberto.
Na pequena cidade de Itaqui, no Rio
Grande do Sul na divisa com a Argentina, um homem chegou há muito pouco tempo,
se apresentou como Pedro, um homem magro e de cavanhaque. Faminto, dizendo ser
um pescador que estava a procura de trabalho e que namorava uma moça na cidade
argentina do outro lado do rio.
Como eu já disse o caso do Maniaco do
Parque tomou proporções nacionais e a noticia da fuga dele e a foto do suspeito
era amplamente divulgada. Era difícil alguem nesse pais que não sabia do caso.
Pedro comentou com alguns pescadores
que morou em São Paulo e que lá trabalhou como motoboy. Os homens começaram a
desconfiar.
João Carlos Dornelles Vila Verde e sua
esposa viram as fotos do Francisco de Assis Pereira na TV e tinham quase
certeza de que o homem chamado Pedro era ele. Enquanto o desconhecido foi tomar
banho na pensão do João Carlos, ele olhou as coisas do tal Pedro. Na mochila
estava o RG de Francisco e fotos, varias fotos de mulheres.
Eles imediatamente ligaram para a
policia.
Era dia 04 de agosto de 1998 quando Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque foi preso.
De madrugada, ele foi levado para o
Aeroporto de Uruguaiana e de lá para Porto Alegre onde os policiais da DHPP já
esperava por ele para leva-lo de volta a terra da Garoa. Já em São Paulo ele
ficou detido na DHPP.
Ele negou tudo. Negou ser culpado.
Negou conhecer as meninas, exceto por Isadora. Negou ser o Maníaco do Parque. Negou
estar fugindo. Ele estava viajando procurando competições de patins.
Ele foi apresentado a imprensa em
coletiva.
Como foi a fuga de Francisco?
Ele saiu de São Paulo logo após o
retrato falado foi divulgado. De ônibus ele foi para Assunção no Paraguai. Ficou
dois dias lá e foi para Ponta Porã, no Mato Grosso. Ele diz que foi visitar
alguns parentes. De Ponta Pora ele voltou para Assunção, onde permaneceu por
mais dois dias, depois foi até Buenos Aires e de carona em carona chegou a
Itaqui.
O pai de Francisco em uma entrevista
agradeceu ao pescador João Carlos, que ligou para a polícia culminando na
prisão do Maníaco.
"Ele parou meu filho.”
Uma patinadora do Ibirapuera entrega a polícia
uma fita VHS em que Francisco praticava patinação. Em um em um trecho ele está
dando uma entrevista, falando e os peritos conseguem tirar uma foto desse
momento pra comparar com as mordidas nas vítimas do Parque do Estado.
O primeiro supra sumo televisivo desse
caso foi dado pelo Programa do Ratinho. Ele, atraves do repórter Saulo Gomes, o
mesmo Saulo Gomes que gravou a confissão da Fera da Penha, quem é apoiador já
ouviu sobre ele no caso dela lá na Orelo.
O programa ao vivo gravou o reencontro do Francisco com os pais. Foi uma confusão, um empurra empurra, uma briga... E no vídeo dá tambem para ver o Perito Ricardo Salada super novinho na DHPP, ainda demorariam 4 anos pro nome dele ficar famoso no caso Richtofen.
Enquanto ficou na DHPP em cela
individual era sempre vigiado pois temiam que ele tentasse suicídio. Depois foi
transferido para o Centro de Recuperação Prisional de Taubate. No dia da
transferência, mas de 1000 pessoas estavam na frente da Casa de Detenção para
tentar lincha-lo.
A defesa dele foi assumida por Maria
Elisa Munhol que tambem atuou nas defesas dos acusados da Escola Base e do Caso
Bodega, os episódios 12 da 2ª temporada e o episodio 4 da 3ª. Auxiliando Maria
Elisa estavam Ubiratan Cassio de Alencar e Lineu Cardoso.
A confissão do Francisco não foi dada
primeiro a policia, mas indiretamente a VEJA.
Uma repórter da VEJA, Angelica Santa
Cruz, hoje está na revista Piaui, conseguiu entrar com um gravador de voz, onde Francisco conversava com os advogados.
Os policiais acharam que ela devia ser alguem da equipe dos advogados e não a
barrou. E sem saber o que aconteceria, ela acabou gravando o momento em que ele
confessa a Maria Elisa todos os assassinatos. Era uma bomba. Ele confessou que
assassinou 9 mulheres, dentre elas, Isadora Fraenkel.
Foi tão surreal as coisas que o
delegado do caso soube que ele era o Maniaco do Parque, porque confessou ser,
pela redatora da VEJA que ligou pra ele avisando que no dia 12 de agosto sairia
a confissão na capa da revista intitulada FUI EU.
A Policia Civil se mexeu pra que quando
a capa saísse, o Francisco já tivesse passado pelo interrogatório e eles
tivessem no inquérito a confissão.
A pericia levou Francisco a um dentista
forense para fazer um molde da sua arcada dentada.
A defesa muda a estratégia e inicia a
narrativa da tese da inimputabilidade, ele não poderia ser julgado pelo que fez
por ter doença mental.
Francisco presta um depoimento longo a
policia relatando como matou suas vitimas.
A ultima tinha sido Selma.
Era o dia do jogo Brasil e Dinamarca.
Ele estava no trabalho com alguns colegas bebendo cerveja e se preparando pra
assistir ao jogo, mas mudou de ideia e saiu pra ver a disputa no telao da
Avenida Paulista.
Pegou o patins, a bandeira do Brasil,
uma corneta, um walkman e foi. Na Avenida da Liberdade ele viu Selma sentada.
Puxou assunto com ela e conversaram. Ela contou que tinha sido demitida de uma
rede de drogarias. Ele a convidou, segundo o que ele contou, para irem ao
Parque do Estado conhecer um acampamento e ela aceitou. Os dois foram andando
até a Avenida Alcantara Machado, onde ficava a JR Express pra pegar a moto que
ele usava. Uma 125 cilindradas.
Ela entrou, colocou uma roupa dele de
patinador e acabou esquecendo a carteira de identidade que ficou no colchao e
ela não viu. Foram para o Parque já no fim da tarde e lá ele a forçou a tirar a
roupa e a estuprou. Deitou ao lado dela e ficou alisado o cabelo dela com as
mãos. Por fim, a estrangulou com um pedaço de corda que ele sempre tinha na
pochete.
Com ela morta, começou a morder os
seios, lateral das coxas, pescoço. Ele ainda voltou na mata pra ficar com o
corpo e a posicionou com o quadril pra cima como foi achado, como se estivesse
de 4.
A primeira vitima fatal na cronologia
dele era Pitucha, uma menina de 15 anos, vitima dele em outubro de 1997.
Os dois estariam no Ibirapuera. Ele foi
para encontrar alguns amigos e a viu. Quando ele a viu surgiu a vontade de
mata-la. Em seguida ele puxa conversa e
ela topa ir com ele no Parque do Estado.
O convite era pra irem a uma pista de
skate no Golden Square Shopping, na Avenida Kennedy em São Bernardo do Campo,
mas quando passaram pelo Parque ele perguntou se ela não queria acampar e
entraram.
Ele a estrangula com um pedaço de corda
e a joga dentro de um buraco, seminua. Ele voltou ao local mas não encontrou o
corpo e achou que tinha esquecido onde realmente era.
Em janeiro de 1998 ele encontra Raquel.
Como costumava pegar o metro e ir de Santana a Jabaquara, pegou o habito de ir
procurando mulheres, uma que parecesse triste, cabeça abaixada, calada, olhando
para o nada. Quando ele encontrava uma mulher dentro dessa característica, ele
começava a conversar e a conversa seguia o rumo dos interesses dela, ou dos que
ele percebia que seriam os dela, os assuntos que ela preferia.
Naquele dia 16 de janeiro ele já foi
pra rua certo de que iria matar. Na estacao Dom Pedro I ele abordou uma outra
moça. Morena, cabelos curtos, seios fartos mas ela ia para uma festa e recusou
o convite. Ele desceu na estação da Sé e viu Raquel em um dos vagões. Ela disse
que tinha o sonho de ser modelo, que morava com uma tia e namorava um policial.
Lembrava que ela chegou a ligar e dizer que iria ligar pra uma prima. Ele a
estrangulou mas não chegou a estuprar e só a mordeu depois de morta porque não
queria a machucar.
A Patricia e ele conheceram-se em uma
galeria de roqueiros e patinadores no centro de São Paulo. Ela morava com uma
tia, chamada Josefa. Sonhava em ser modelo, era vendedora. Conversaram sobre
música e sobre um tal acampamento que existiria no Parque do Estado. A moto
dele estava ao lado do Teatro Municipal e ela concordou em ir com ele de moto. O
modus operandi foi o mesmo para mata-la.
A penúltima vitima que ele fez foi a
Elisangela. Sua família era de Londrina no Parana mas desde 1996 era morava na
casa de uma tia em São Paulo. Abandonou a escola na 7ª serie pelas dificuldades
financeiras da família. Cuidava da filha de uma prima, era evangélica.
Recentemente tinha saído da Igreja Batista e ido para a Deus É Amor.
Uma amiga deixou Elisangela no Shopping
Center Eldorado as 6 da tarde. Quando anoiteceu ela foi embora sozinha e
Francisco se aproximou dizendo ser um fotografo com uma proposta tentadora. Ela
aceitou ir ao Parque fazer algumas fotos para uma revista. Lá, antes mesmo da
primeira pose, ele a agarrou pelo pescoço. Elisangela lutou muito pela vida.
Mas não conseguiu. Francisco a estuprou e a esganou até a morte.
Nessa fase de inquérito ainda,
Francisco confessa a morte de mais uma mulher, Rosilda Franco de Oliveira de 20
anos, mas não foi possivel confirmar.
No dia seguinte a confissão para a
policia, Francisco é levado até o Parque para apontar onde estava o corpo de
Isadora.
Ele foi direto aonde ele deixou o corpo
já ossada e queimado.
Isadora andava pela rua, Francisco
estava de moto. Parado em um sinal ele a viu e parou na calçada ao lado dela,
aproveitando que ela aguardava o sinal abrir. Ele puxa assunto. Ela conta sobre
o sonho dela em ser aeromoça. Ele a convence a irem até o Parque.
Ele começa a beija-la a força e grita
pra que ela fique parada, sem se mover. Ele mordeu os seios dela, o rosto,
coxas, nadegas, braços. Ele ordena que ela se vista. A abraça e deita ao lado
dela no chão. Com um pedaço de madeira pressionou o pescoço e ela morreu.
Depois da morte, ao lado da calcinha
dela ele pega um volume e leva com ele, algo volumoso e só depois ele nota que
era um talão de cheques.
Por duas vezes ele ainda volta onde
Isadora foi deixava pra passar a mao no corpo dela.
Em seguida ao seu interrogatório sobre
o sumiço de Isadora, Francisco saiu da delegacia e foi ao Parque do Estado onde
o corpo estava, tirou combustível da moto e colocou fogo no corpo para que se
ele fosse encontrado, a policia não ligasse a morte a ele.
Atraves de uma foto, mostrada para
Francisco de mulheres desaparecidas, ele reconhece outra vitima: Rosa Alves
Neto de 21 anos.
Rosa foi vista pela ultima vez no
Parque do Ibirapuera no dia 24 de maio de 1998.
Ela era natural de Pernambuco. Mas
morava no Valo Velho um bairro de São Paulo com a mãe e 3 irmaos. Estava no 3º
ano do ensino médio e estava trabalhando em uma empresa chamada Marluvas.
Ela saiu de casa no dia 24 vestindo
calça jeans, blusa preta e um tamanco de pano preto. Os pais estavam viajando.
Ele narra que a viu chorando e que ela
contou que estava desempregada. Ele tambem a convenceu a irem ao Parque e lá
ele a estrangulou.
Ela tinha um bip, pra quem não era
nascido nos anos 90 talvez não saiba o que é mas é so procurar, ela tinha um
teletrim, que ate chegou a ser encontrado em Barueri perto de um hospital na
época das buscas por ela.
Rosa foi identificada atraves dos
exames da arcada dentária.
Em todos os casos, a motivação dele
era, nas suas palavras, morder a carne das vitimas. A mordida o excitava, mas
não há provas de que ele tenha comido literalmente alguma delas.
Uma outra desaparecida Michele dos
Santos Martins de 20 anos a policia acreditava que seria uma das vitimas do
Maniaco do Parque. O outro corpo achado e enterrado sem identificação no Cemitério
de Perus tambem foi exumado pra se tentar identificar.
Quando foi realizada a coletiva de
imprensa, uma mulher assistia de casa. A operadora de caixa de mercado, Sandra
Aparecida de Oliveira de 19 anos. Ela começa a passar mal. Aquele homem preso,
o Maniaco do Parque, era o homem que a violentou.
Sandra foi ao Ibirapuera no dia 09 de
novembro de 1997. Ela tinha brigado com o marido com quem tinha um filho de 2
anos, ele queria se separar. Ela não tinha emprego na época, como que ia sustentar
o filho? Pra espairecer foi ate o Parque ver os patinadores embaixo da marquise
projetada por Oscar Niemeyer. Um homem se aproximou, o Chico Estrela como todo
mundo lá o chamava. Ele diz que ela é bonita e que ela era exatamente o que ele
estava procurando pra posar. Ela pergunta quanto ganharia. Ele diz R$ 700. Ela
topa e sobe na moto pra irem até onde as fotos seriam tiradas. Ele sugeriu cortar caminho pelo Parque do
Estado.
Sem dizer nada parou a moto e deu uma
gravata nela a amarrou com a alça da bolsa dela. Ele a beijou, mordeu seus
seios, a obrigou a fazer sexo oral nele. Ela ficou amarrada em uma arvore e ele
foi embora. Ela conseguiu se soltar e fugiu.
Em agosto de 1998, aconteceu o 2º supra
sumo televisivo. O Domingo Legal reconstituiu no programa, com atores, em
detalhes, no Parque do Estado, como o Maniaco do Parque matava suas vitimas. Os
atores iam interpretando e um narrador ia detalhando o que estava acontecendo.
Foi extremamente criticado, não so pela interpretação mas tambem pelo horário,
afinal o programa passa a tarde no domingo.
Mas ainda tinha tempo para um 3º supra
sumo televisivo.
Todos conhecemos o Linha Direta, um
programa que estreiou na Rede Globo no dia 29 de março de 1990 com o caso das
Mascaras de Chumbo. Era um programa que o jornalista Hélio Costa tinha pensando
nos moldes do Unsolved Mysteries que agora é uma serie na Netflix. O Linha
Direta saiu do ar em julho de 1990, então foi curto.
O Marcelo Rezende queria muito não
trazer o linha Direta de volta mas ter um programa dele próprio na Globo, com
foco no jornalismo investigativo, envolvendo crimes. E foi quando ele e o
Roberto Talma, diretor da Globo, tiveram a ideia de entrevistar Francisco, já
imaginando esse programa investigativo mas voltado para utilidade publica, em
um formato que hoje conhecemos como o Linha Direta.
A Globo pagou R$ 7000 pela entrevista
aos pais de Francisco e com o dinheiro eles compraram um Corsa.
Essa entrevista de mais ou menos 40
minutos foi ao ar no Fantástico e foi um misto de investigação, entrevista,
sobrenatural foi um monte de coisa junta.
A produção levou pro Parque 2 sensitivas,
a Socorro Leite e a Regina Jovanete pra se conectarem as almas de quem morreu
lá. Tinha um astrólogo que fez o mapa astral do Francisco. E tudo isso
misturado com a primeira entrevista que ele deu a uma emissora. E anos mais
tarde, ele daria outra entrevista para o Marcelo Rezende mas quando ele já
estava na Record.
E aqui um fato curioso: a Socorro Leite
que o Marcelo levou pro Parque é a mesma sensitiva que em 2002 foi ao Carandiru
com o Gugu. Quem lembra? Aquilo ali entrou para os anais da historia. Deu uma
confusão, ela processou o SBT. Babado.
E foi essa entrevista que deu o start
pro retorno do Linha Direta em 1999 com o caso do PC Farias e da estudante Ana
Carolina da Costa. O Marcelo Rezende apresentou por anos e o programa ficou no
ar até 2007 e voltou agora em 2023.
Francisco passou por uma audiência de
instrução com o juiz do 1º Tribunal do Juri, Jose Rey Borges Pereira em 19 de
agosto de 98. Nessa audiência ele contou como matava as mulheres em detalhes.
Como a defesa alega insanidade, o juiz determinou que os psiquiatras Sergio
Paulo Rigonatti, Antonio Carlos Justino Cabral, Maria Adelaide de Freitas
Caires e Hilda Clotilde Penteado fossem os responsáveis pelo laudo de
insanidade mental em 30 dias.
O MP tambem pediu um exame de fimose
pra tirar duvidas sobre alegações de Francisco.
No caso de Selma o promotor Edilson
Mougenot Bonfim o indiciou a homicídio triplamente qualificado, ocultação e
vilipendio de cadaver e atentado violento ao pudor.
O juiz José do 1ª Tribunal do Juri
terminou por desmanchar o corpo de peritos que foram indicados para fazerem os
exames psicológicos em Francisco.
Ele descobriu que uma psiquiatra
contratada pela defesa foi a 3 sessoes nos 20 dias em que eles trabalharam e a
promotoria pediu a impugnação do laudo deferido pelo juiz.
Novos peritos são convocados para
realizar os exames. O resultado do laudo do psiquiatra Paulo Argarate Vasques foi
de que ele era semi imputável, então o juri decidiria se ele era capaz ou não.
Francisco era frio, antissocial, incapaz de ter relações profundas,
egocêntrico. Ele não era um doente mental mas possuía sim um transtorno mental.
Uma reportagem de setembro de 1998 do
Estado de São Paulo confirmou que a vitima exumada era Michele.
Recordam da Pitucha? Aquela menina de
15 anos que em entrevista e na confissão Francisco dizia ter sido sua primeira
vitima fatal?
Não era.
O que na verdade aconteceu é que, ele a
estrangulou com um pedaço de corda e a jogou em um buraco só que ela não estava
morta, estava desmaiada. Ela ficou lá jogada ate recobrar a consciência e
conseguir correr. Semi nua e sem saber o que fazer fugiu ate que encontrou uma
viatura policial.
Foi socorrida e levada a um hospital
mas o medo a fez fugir. Ela fugiu do hospital, fugiu de São Paulo e só
reapareceu quando Francisco já estava preso.
Além do nome dela não ter nada a ver
com apelido Pitucha, o apelido dela tambem não era esse. Francisco que a chamou
assim mas ela nunca tinha tido esse apelido.
Do momento que ela se apresentou ate o
fim dos julgamentos de Francisco ela ficou sob os cuidados do Estado no
programa de proteção a testemunhas.
O primeiro julgamento ocorreu em
setembro de 1999. Francisco estava sendo acusado dos crimes de roubo, estupro,
atentado violento ao pudor a 9 vitimas sobreviventes. Ele foi condenado a 107
aos em regime fechado.
O segundo julgamento marcado para
agosto de 2001 era sobre o homicídio de Rosa Alves. Ele foi condenado a 16 anos
em um juri composto por 5 homens e 2 mulheres.
O próximo julgamento dele foi o de
fevereiro de 2002. Pelo assassinato de Isadora Fraenkel ele foi condenado a 24
anos e 6 meses.
O ultimo julgamento aconteceu em julho
de 2002 e o de condenação mais alta. Ele estava sendo julgado pelos
assassinatos de Selma, Patricia, Raquel e outras duas vitimas não
identificadas. As acusações eram de homicídio, ocultação de cadaver, estupro e
atentado violento ao pudor. O juri formado por 4 mulheres e 3 homens o
condenaram a 121 anos, 8 meses e 20 dias.
Em todos os julgamentos, foi refutado a
tese de inimputabilidade.
Contudo a história do Maniaco do Parque
ainda não havia acabado.
Ele estava preso na Casa de Custódia de
Taubate quando, em dezembro de 2000 estourou uma rebelião coordenada pelo PCC.
E a gente sabe o que geralmente acontece em rebeliões: presos são assassinados.
Os detentos foram sedentos atras do
Maniaco pra mata-lo mas o líder do PCC, Marcola, preocupado que a morte dele
acabasse atrapalhando e tirando o foco das reivindicações da rebelião, proíbe
que Francisco seja morto, o que não impediu que ele apanhasse. E muito.
Em todos os jornais e veículos de
comunicação saiu a noticia de que ele era um dos mortos durante a rebelião mas
não. Ele ficou bem vivo e com o fim da rebelião, foi transferido para Itai e
depois para a Penitenciaria de Iaras onde esta ate hoje. Iaras é um lugar onde
estupradores ou condenados jurados de morte vão.
Ainda temos tempo para um ultimo supra
sumo televisivo. Em maio de 2001, nosso falecido Gugu, sempre envolvido nesses
casos, pagou uma entrevista com o Maniaco do Parque, mas não só isso. Ele tambem colocou o Maniaco frente
a frente com o pai de uma das vitimas. Não preciso nem dizer que foi tanto no
Ibope quanto na polemica, no minimo um estouro. Ele foi extremamente e
duramente criticado.
A Maria Helena, mae do Francisco depois
de algum tempo da prisão dele e tudo isso tambem se envolveu em polemica.
Durante uma entrevista a revista Isto É, ela reclamou da imprensa. Mas não no
sentido que vc ta pensando.
Quando questionada sobre os pagamentos
que ela e o marido receberam pelas entrevistas, ela disse:
“Não cobro por entrevistas, mas se
alguem oferecer dinheiro aceito.”
Ela aproveitou pra reclamar que a
Record prometera a ela quitar uma divida da casa que eles tinham no valor de R$
15 mil e não pagaram. O dinheiro do Fantástico eles compraram um carro, o Corsa
que eu contei pra vcs. Ela tm se mostrou insatisfeita com um diretor de uma
rede de farmácias que ao vivo no programa do Leao Lobo prometeu remédio para o
Senhor Nelson, o pai e que ele não deu nenhuma.
Bastou pra que as famílias das vitimas
se revoltassem. Ficou parecendo que eles estavam ganhando dinheiro em cima da
morte das filhas deles. E cobrando por isso. Dinheiro esse que eles achavam que
já que fora pago, era devido as famílias, que eram tambem vitimas do Francisco,
não aos pais dele.
Foi uma discussão bem intensa no
periodo e abre uma discussão interessante sobre como a imprensa lidava com a
guerra de audiência pagando criminosos para darem entrevistas.
Em Iaras, não tinha pra nenhum outro em
relação a recebimento de cartas. Francisco, o motoboy, era campeão.
Algumas delas, eram mais ou menos como
essas:
“Por enquanto, nossos beijos são assim.
Mas quero te beijar de verdade. Acho que tens saudades. Eu te amo, te amo etc,
te desejo, te quero de corpo e alma. E me perdoe por tudo que eu estou
sofrendo. Sabe Francis, eu não me conformo e choro. E eu preciso ser forte.”
Jussara Gomes, uma catarinense de 60
anos era uma dessas mulheres que especialistas dizem sofrer de hibristofilia,
uma parafilia que causa atração por homens assassinos, e essa parafilia atinge
mulheres. Depois eu quero fazer um post explicando melhor porque é uma
parafilia bem interessante.
Jussara começou a escrever pra
Francisco, mandar presentes ate que os dois decidiram se casar em 2002, por
procuração. Ela tava disposta a ir morar em São Paulo e mudar a vida dele pra
ficar com ele, mesmo preso em regime fechado.
O matrimonio aconteceu, mas durou só
alguns meses. Ela disse que ele era uma pessoa estranha e pediu a separação.
Todos sabemos que o código penal
brasileiro depois do pacote anticrime aumentou o tempo máximo de pena pra 40
anos mas antes disso eram 30. Francisco esta preso desde 1998 o que significa
que ele, estando preso em penitenciaria comum, pode ser solto em 2028, quando,
mesmo que condenado a quase 300 anos, completara os 30 anos de reclusão cumprindo
sua sentença integralmente. Ainda se discute como evitar que isso aconteça,
então nos próximo anos veremos.
Aos 56 anos ele hoje se diz convertido,
frequenta os cultos evangélicos e faz tricô pra passar o tempo, e come, dizem
que ele engordou mais de 30 kg durante os anos. É sempre visto andando com a
Biblia.
E aqui vai uma novidade que saiu a
poucos dias. A Prime Video da Amazon anunciou que fara um filme e um
documentário sobre o Maniaco do Parque. Foi consultado o processo, entrevistado
mais de 50 pessoas entre familiares das vitimas, sobreviventes, peritos e a
previsão de lançamento dos dois é para o ano que vem.
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