T03 Ep08 O caso Danielle Damasceno

 O Caso





                Danielle Rocha Damasceno, filha de Waldemario Damasceno e Terezinha de Jesus Oliveira Rocha, tinha 20 anos.


                Naquele dia 19 de março de 2001, ela saiu de casa para nunca mais voltar.

 

                O corpo dela foi encontrado degolado em um terreno por volta das 6 da manha do dia 19, na Rua 09 do Conjunto Jardim Primavera perto do Parque do Mindu, degolada e com um corte profundo no peito.

 





                A policia começa a investigação procurando, no celular de Danielle, suas ultimas ligações, pessoas próximas, namorado,  quem a viu por ultimo.

 




                Havia uma linha de investigação sobre um suposto homem, que que Danielle estaria vendo e que era casado. A esposa teria descoberto e a ameaçado de morte.

 




                Mas o mistério do que teria acontecido a Danielle, acabou em poucos dias, quando Fred Fernandes da Silva Junior, foi preso.

 





                Fred Junior, nasceu no dia 14 de outubro de 1979. Era filho de Fred Fernandes da Silva, um funcionário federal, técnico agrícola e Maria da Conceição dos Santos da Silva, uma bancária.

 





                Ainda criança, Fred e a família saíram da cidade de Labrea e foram para Manaus.

 

                Em 2001, eles moravam no bairro Parque 10 e ele estava cursando Educação Fisica e trabalhava no Amazonas Shopping como vendedor em uma loja de informática.

 

                Ele e Danielle se conheceram no Colégio Ceima, onde estudavam. Na escola, eles não se davam muito bem, mas uma amiga comum aos dois, os aproximou. Era 1998. Eles começaram a namorar e ficaram juntos por 1 ano, mas mesmo depois de terminarem, de vez em quando ainda ficavam.

 

                No dia 18 de março, Fred vai trabalhar. Na saída, ele encontrou um amigo, soldado do Exército e foram beber.

 

                Meia noite, Fred deixa o amigo no quartel e voltou pra casa, mas ele queria usar droga, então saiu pra comprar e usar.

 

                Ele liga pra Danielle, de quem ainda era amigo e pergunta se ela queria sair. Ela aceita e pede pra ele passar na casa dela.


                Por volta das duas da manhã, o Fred passa na casa de Danielle com o carro do pai dele. Ele morava no Parque 10 e ela no bairro Dom Pedro. Eles compram drogas e ficam passeando um pouco pela cidade até pararem na casa de Fred.

 

                Não se sabe exatamente como, mas no quarto dele, Fred se descontrola e ataca Danielle com um mata leão. Ela desmaia.

 




                Fred então, coloca Danielle no carro, para nas imediações do Parque do Mindu e na Rua 09, com um cutelo, uma faca grande a degola e larga o corpo no local.



                Fred volta pra casa como se nada houvesse acontecido.

 

                No dia seguinte, uma amiga da Danielle liga para o Fred perguntando se ele sabia onde ela estava e ele diz que não sabia e que não falou com ela. Diz Fred, que quando ele desligou o telefone e pegou o seu celular é que percebeu que ele tinha falado com ela. No celular dele tinha uma troca de ligações e mensagens entre ele e ela.

 

                Mesmo sabendo do que tinha feito, Fred continua seguindo com a vida. Ele não conta nada a ninguém.

 

                A polícia chegou no Fred atraves do celular de Danielle. Ele tinha sido a última pessoa com quem ela falou.

 

                Entre os dias 18 e 19, Danielle saiu a noite com uma amiga, voltou pra casa, depois um pouco mais tarde, saiu com um rapaz que ela estava namorando e voltou pra casa. Até que o Fred ligou.

 

                Quatro dias depois do crime, enquanto ia para o trabalho, Fred foi parado pela polícia e levado à delegacia para interrogatório.

 

                Fred dá duas versões na delegacia.

 

                Na primeira, ele não sabia nada sobre o que aconteceu com a Danielle. Na 2ª versão, tanto ele quanto Danielle saíram com o traficante que vendia pra eles, chamado Felipe Fernandes de Souza, o Fio.

 




                Por fim, Fred confessou.

 

                Contou tudo o que aconteceu.

 

                Segundo Fred, o seu uso de drogas tinha aumentado. Ele usava de tudo um pouco. E de uns tempos, ele começou a ter pensamentos suicidas e de matar os pais, matar alguem, nesses períodos de uso.

 

                O IML produziu um laudo necroscópico que dizia que alguem canhoto tinha matado Danielle. E foi depois disso que surgiu a ideia de que Fred teria um cumplice. O que ele nega. Ele diz e afirma que fez tudo sozinho.

 

                O laudo ginecológico, que foi o segundo laudo do IML, apontou que Danielle tinha tido relação sexual recente, mas não encontraram sêmen. A imprensa levanta a suposição de que Fred era com quem ela fez sexo, o que ele nega. De acordo com ele, como eles estavam altos, tinham usado drogas, ele não tinha tido vontade de fazer sexo naquele dia.

 




                O cutelo, que ele usou para degolar Danielle, foi depois apreendido na casa dele.

 




                Fred foi preso e mandado para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.

 

                Os pais do Fred saíram em defesa do filho e o apoiaram. Três meses depois, em junho de 2001, eles e os dois filhos, Hélio e Adonis, vão até a Cadeia visitar Fred Junior.

 

                Depois de saírem, no caminho de casa, ao pararem no cruzamento das Avenidas Duque de Caxias com a Avenida Ramos Ferreira, dois homens em uma moto abordam a Palio Verde em que a família estava e começam a atirar.

 




                Fred Fernandes da Silva morreu com dois tiros na cabeça. Maria da Conceição, levou um tiro que pegou no braço e se alojou no pulmão. O irmão, Adonis, que na época tinha 9 anos, estava no colo da mae e foi atingido por 2 tiros de raspão. O irmão que estava no banco traseiro nada sofreu.





                Meia hora depois do ocorrido, a notícia chegou na Cadeia. Um dos presos ouvia o radio quando foi noticiado que toda a família tinha sido assassinada e ele correu pra contar ao Fred. Um pouquinho depois, um agente carcerário apareceu e retirou Fred da cela coletiva e colocou no isolamento, pra que não houvesse lá dentro uma tentativa de matá-lo.

 

                Dona Maria da Conceição e o filho mais novo ficaram internados no hospital.

 

                O velório de Fred Fernandes aconteceu sem a presença deles. Fred Junior teve autorização para ir ao enterro do pai.

 






                Fred Fernandes foi assassinado por uma pistola .40 , uma arma de uso restrito da policia estadual.

 

                A investigação chegou nos pais de Danielle, Waldemario e Terezinha, assim como em alguns policiais.

 




                Os primeiros suspeitos, além dos pais de Danielle, foram Ronaldo da Silva, Olavo Paixão e Claudiney da Silva Feitosa.  

 

                A motivação do crime seria vingança para que

 


 

                “fazer ele saber como é perder um familiar”

 


 

                Ele, seria o Fred Junior.

 

                Uma testemunha, tambem um PM, lotado no Quartel do Batalhão de Policiamento Especial, conta que, houve uma reunião entre os coronéis Aroldo da Silva Ribeiro e Raimundo Roosevelt Conceição de Almeida, alguns policiais e o senhor Waldemario e dona Terezinha no próprio batalhão e foi acertado que por R$ 100 mil reais, eles organizariam a morte de Fred Junior.

 

                Como ele seria transferido da Cadeia Publica para o Compaj, em vista a desativação da Cadeia, aquele seria um bom momento para o crime, mas a informação vaza e como não era mais possivel mata-lo, o senhor Waldemario teria então dito a frase sobre matar alguem da família dele.

 

                Aroldo da Silva Ribeiro era comandante do policiamento especial da PM e o Raimundo, assessor do secretário de segurança pública.

 




                Durante toda a investigação a polícia civil descobre um esquema da polícia, um grupo de extermínio, que cobrava pra matar desafetos de quem os pagasse.

 

                No fim das investigações, foram acusadas de partícipes do  atentado que tirou a vida de Fred Fernandes:  Waldemarino, Terezinha, Krishnna José de Oliveira e os policiais, Francisco Trindade Saraiva Pinheiro, Cleto Ferreira Filho, Erivan Carvalho Pereira, Wellington Mateus Gonçalves, Cleomar da Silva Cunha, Raimundo Sandoval Gimaqui, Claudiney da Silva Feitosa, Ronaldo Melo da Silva, Olavo Luiz Farias Paixão, Raimundo Roosevelt, Francisco Trindade Saraiva e Aroldo da Silva Ribeiro.

 

                De todos esses, nem todos chegariam ao fim do processo, como Cleto e Cleomar que foram assassinados.

 

                O julgamento do brutal e injustificado assassinato de Danielle Damasceno aconteceu em 2003. Fred Junior foi condenado. Não sei a quantos anos, porque, por alguma razão, as fontes que eu usei, não relatam nem os anos que ele foi condenado e nem por quais crimes.

               

                 O que sabemos é que, por 3 anos e 4 meses, ele ficou em regime fechado.

 

                Na cadeia, ele trabalhou e teve um excelente comportamento. Não muito depois que começou a cumprir pena, se converteu a uma denominação evangélica.

 

                Em 2004 ele se casou com Michele Siza Monteiro, com quem é casado atualmente.

 

                Quando foi preso, ele estava cursando Educação Fisica e parou devido ao encarceramento. Já preso, quando teve progressão para o semiaberto, onde ficou por 2 anos, começou a cursar Psicologia, que ele fez por 5 períodos.

 

                Após os 2 anos, ele tbm teve a progressão para o regime aberto concedida, e ficou por 1 ano e 6 meses na Casa do Albergado até ser totalmente liberado em 2010.

 

                Fred acabou se tornando pastor da Igreja Aliança Evangélica no bairro de Cidade Nova em Manaus e esta na mesma igreja atualmente.

 




                O inquérito policial do caso Fred Fernandes foi finalizado e o MP denunciou Waldemarino, Terezinha, Olavo Luiz, Claudiney da Silva, Ronaldo Melo, Aroldo da Silva, Raimundo Rooselvelt e Francisco Trindade.

 

                O julgamento dos pais de Danielle foi marcado umas 3 vezes e remarcado. Toda vez que chegava no dia, ou um recurso era impetrado, ou eles não iam, ou a defesa não comparecia, sempre acontecia alguma coisa.

 




                O primeiro que efetivamente aconteceu foi o de Ronaldo, Olavo e Claudiney.

 

                Todos indiciados por homicídio qualificado, que seria a de cometer o crime mediante pagamento e tambem com recurso que dificultou a defesa da vitima.

 

                Os 3 em plenário, citaram um coronel Lemos, que tinha um filho e que esse filho, tinha participado da morte de Danielle. Mas, o assassino confesso negou e continua negando ate hoje que alguem o ajudou.

 




                Ronaldo e Olavo foram condenados a 33 anos e 8 meses em regime fechado, só que, entretanto, eles não foram presos. A justiça permitiu que eles respondessem em liberdade os recursos, mesmo sendo condenados a cumprir pena em regime fechado. Todos continuaram trabalhando e vivendo a vida normalmente.

 




                Os apontados como mandantes da emboscada foram ao Tribunal do Juri no fim de novembro de 2013.

 

                E ambos foram condenados a 33 anos e 11 meses.

 

                Todavia, tambem não foram presos. Recursos impetrados chegaram até o STJ e até o ano passado, eles ainda aguardavam em liberdade.

 

                Só que, no começo desse ano, 2023, para ser mais precisamente em abril,  uma coisa bem curiosa, pra dizer o minimo aconteceu.

 

                Os outros filhos de Waldemarino e irmãos de Danielle, procuraram a policia para reportar o desaparecimento do pai.

 

                Ele já estava separado de Terezinha e casado novamente.

 

                No fim de 2022, um dos filhos contou que ele avisou que viajaria com a nova mulher para o Ceara e depois disso simplesmente sumiu.

 

                Não ligou mais, não entrou em contato, eles tambem não souberam mais nada do pai.

 

                Até que um belo dia, a esposa dele aparece em Manaus com uma urna, afirmando que Waldemarino tinha morrido de Covid e que ele foi cremado e as cinzas estavam na urna.

 

                Olha a situação. E vamos lembrar que não da pra fazer DNA em cinzas por motivos óbvios né?

 

                E ela não veio só com urna não. Veio tambem com uma certidão de óbito. Ai voce pensa: então ta tudo certo. Morreu mesmo tem certidão de óbito. Na na ni na não. A certidão estava em um nome que, esse filho, diz não reconhecer porque não era o do pai dele.

 

                O que a madrasta dele fala? Que Waldemarino estava no Ceara usando um nome falso, lembra que ele estava aguardando em liberdade mas estava condenado? Entao ele criou um nome e documentos falsos e quando ele morreu, ela deu esses documentos e por isso a certidão não estava no nome dele.

 

                Ai o que acontece?

 

                Não se pode fazer identificação de cinzas. A certidão esta em outro nome. Os filhos queriam dar entrada no inventario, ter acessos aos bens do pai e, não podiam. Porque oficialmente, ele esta vivo. E os filhos foram pedir a policia pra investigar por onde o pai foi visto ou não, pra que, tivessem certeza do que ocorreu pra dar entrada na herança.

 

                Muito bizarro não é?


                E uma coisa tambem peculiar nessa historia do Waldemarino e da Terezinha foram as acusações. Quando a filha deles foi assassinada, eles foram muito firmes ao dizerem que o Fred era o culpado. Ate que em 2013, ate mesmo em entrevista, antes do julgamento, o Waldemarino inocenta o Fred e diz que a filha foi morta por policiais.

 

                A policia distribuiu a foto de Waldemarino como desaparecido e pedindo ajuda com informações caso alguem saiba de algo.

 




                Nessa historia toda, ainda estava pendente o julgamento dos últimos 3 acusados, Francisco Trindade, Aroldo e Raimundo Roosevelt.

 




                O Coronel Aroldo durante todo esse periodo em que não acontecia nada, chegou a ser preso em 2017 durante uma operação da PF que investigava pagamentos de propinas.

 

                O juri dos 3 ultimos acusados, foi em outubro de 2022. Eles tambem estavam respondendo por homicídio duplamente qualificado, mediante pagamento e recurso que dificultou a defesa da vitima.

 

                Nove testemunhas foram ouvidas, uma até por condução coercitiva e outra por videoconferência.

 

                No fim, o conselho de sentença foi unanime e absolveu os dois coronéis já reformados e o ex soldado Francisco Trindade.

 

               

                                                            Fontes de Pesquisa


Amazonas Atual

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A Critica

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