T03 Ep05 O caso Maníaco da Torre

O Caso 






    Eram duas da tarde do dia 27 de julho de 2015, quando um agricultor encontra o corpo de uma mulher, nu, com a barriga pra cima e braços abertos, em uma plantação de milho, em Maringá, na PR 317, na direção da cidade de Iguaraçu.

 




      Distante 5km, embaixo de uma torre de transmissão, o vestido, calcinha, bota e cinto pertencentes a vitima, são localizados na noite daquele mesmo dia. Junto aos roupas, um pedaço de um para choque de um carro, na cor azul metálico tambem é localizado ao lado das roupas. Era a peça que ajudaria a policia e finalmente descobrir quem era o responsavel pelas mortes que estavam acontecendo a anos em Maringá.

 




      A vitima foi identificada como sendo Mara Josiane dos Santos, de 36 anos, garota de programa.  

 




      O local de crime era muito semelhante a outros casos de assassinatos ocorridos em Maringá.

 

      Vitima garota de programa, deixada perto ou embaixo de torres de transmissão de energia, sem roupa, barriga pra cima, braços e pernas abertas, quase como uma cruz.

 

      O delegado da DH, delegacia de homicídios de Maringá, Diego Elias de Freitas, determinou que Mara Josiane, tinha sido a ultima vitima daquele criminoso.

 




      As mortes de garotas de programa começaram em 2010. A primeira vitima assassinada com o mesmo modus operandi que ficaria conhecido 5 anos depois, foi Edinalva José da Paz de 19 anos.

 




      Seu corpo foi encontrado em um local conhecido como Sitio Kuroda, uma plantação de soja, no dia 07 de julho de 2010.

 

      Ela era garota de programa e tinha uma filha pequena. Apesar de ser encontrada no dia 07, exames necroscópicos confirmavam que ela havia sido assassinada 48 horas antes.

 

      O jornalista investigativo Roberto da Silva, trabalhava no jornal Diário do Norte do Paraná e quando esses casos começaram a acontecer, ele iniciou o mapeamento deles e tambem a organizar as vitimas, foi quando percebeu um modus operandi similar de assassinatos durante os próximos anos.

 




      Sua primeira reportagem sobre o caso é publicada em 2012.

 

      Ele passa a nomear o suspeito, como Maniaco da Torre, fazendo alusão ao local onde grande parte das vitimas era deixada, embaixo de torres de transmissão de energia.

 




      Muitas dessas mulheres trabalhavam na Avenida Brasil, que cortava várias Zonas de Maringá, como a 5, a 1 e a 3, por exemplo, era uma avenida bem extensa.

 

      Roberto acreditava que até 2015, o Maniaco da Torre teria feito em torno de 13 vitimas, segundo o perfil que ele montou e os locais de crime durante esse recorte temporal.

 

      Mulheres garotas de programa, deixadas nuas e com a barriga pra cima, membro inferior e posterior abertos e sem que seus pertences pessoais ou roupas fossem encontrados. Algumas, quando os corpos foram encontrados, já estavam em estado de putrefação avançado.

 

      Naquele ano de 2012, é criada a Delegacia de Homicidios em Maringá e todos os casos são direcionados pra lá.

 

      Antes, os homicídios eram investigados pelas delegacias distritais, o que acabava atrapalhando a percepção de semelhança entre os casos, já que os distritos não se comunicavam entre sim.

 

      Com a criação de delegacia especializada, Roberto da Silva leva até o delegado responsavel a época, sua investigação e a certeza de que ele tinha, de que havia um assassino em série solto em Maringá.

 

      Roberto mapeou aquele modus operandi e assinatura desde 2007. E tinha certeza de que a mesma pessoa estava cometendo aqueles homicídios.

 

      Algumas linhas de investigação desses casos eram elas serem mortas por alguem do tráfico de drogas, já que umas vitimas era usuárias de drogas ou estavam sendo assassinadas por alguem tentando controlar os pontos de prostituição e matando as que não aceitavam.

 

      A policia chegou a infiltrar duas investigadoras da DH nos locais de prostituição e por 2 dias elas tentaram conseguir, sem sucesso, alguma informação.

 

      Depois da morte de Edinalva, encontrada na Estrada da Roseira, outras duas vitimas foram deixadas no mesmo local.

 

      No dia 24 de março de 2012, uma mulher é achada na Estrada da Roseira. O corpo já estava muito danificado e não foi possivel o reconhecimento. Ela não foi identificada.

 

      Menos de 1 mês depois, dia 09 de maio de 2012, Silmara Aparecida de Melo, de 33 anos, é descoberta embaixo da torre da Estrada da roseira, em uma plantação de milho.


      Silmara morava na cidade de Sarandi, era casada e mae de 2 filhos.

 

      Trabalhava como garota de programa em Maringá e tinha sido visto por ultimo, em uma lanchonete, próxima a Praça Rocha Pombo, na Avenida Brasil.

 

      Em agosto de 2013, outra mulher, nua, em uma plantação embaixo de uma torre de transmissão é encontrada, mas o avançado estágio de putrefação, não permite que ela seja identificada.


      No ano de 2014, outras duas mulheres são assassinadas. No dia 11 de junho, Lais Caroline Rodrigues da Silva, de apenas 15 anos, é encontrada morta. E no mês seguinte, uma mulher que não foi identificada.

 

      E o Maníaco da Torre continuava sua caçada.

 

      No dia 03 de março de 2015, Ariele Natalia da Silva, de 24 anos, garota de programa, é achada na Estrada da Roseira, assassinada.

 




      Em junho de 2015, no dia 13, Roseli Maria de Souza, de 42, passa a ser mais uma das vitimas do Maníaco.

 




      A polícia não conseguia fazer a identificação até que uma manicure, ao ver no jornal o detalhe do pé do corpo, reconhece os desenhos que ela fez. A policia então localiza a filha da cliente da manicure e um exame de DNA confirma que a vitima era Roseli.

 

      O Delegado Diego Elias assume a DH. Roberto da Silva o procura e expõe sua teoria de que, todas aquelas vítimas estavam ligadas e eram vitimas do Maníaco da Torre. O delegado vê as semelhanças e entende que aquela possibilidade era coerente.

 

      Quando, no dia 27 de julho de 2015, o corpo de Mara Josiane é descoberto, o delegado promete que aquela, seria a ultima vitima do Maniaco do Torre.

 




      A investigação começa partindo da premissa de que havia um serial killer em Maringá e que de Mara era uma vitima.

 

      Imagens da Avenida Morangueira, acesso a PR 317, foram recolhidas. Um investigador começou a verificar as gravações iniciando as 19 do dia 26 de julho até as 6 da manha do dia 27.

 

      Uma testemunha, a tarde, do dia 27, procurou a delegacia e disse estar  na noite anterior, em um local onde as pessoas iam para fazer sexo, numa area descampada, na Estrada da roseira. Ele viu quando um carro azul chegou mas saiu rápido, depois de bater o carro em um toco de madeira. O carro deu ré e foi embora.

     

      A policia vai ao local indicado pela testemunha, perto da torre de transmissão. É onde as roupas da vitima e a peça do carro são encontradas.

 




      Todas as placas dos carros e horário que passaram sentido norte, sentido Iguaraçu, foram anotadas e conferidas. De todos, os que foram, somente 1 carro não foi visto voltando. Era uma BMW. Na câmera não era possivel saber a cor, mas era possivel saber que o carro era de cor escura.

 




      Com a placa, a polícia chega no dono da BMW, Leandro Ferreira de Paulo. Porem, Leandro tinha vendido o carro. O comprador chamava-se Roneys Fon Firmino Gomes.

 

      Roneys já tinha passagem por roubo a um banco no Ceasa em 2002 e por receptação em 2011.

 




      Foi feita uma vigilância na casa dele, na Vila Operária e a policia nota a constante entrada e saída de pessoas. Abordados, algumas dessas pessoas afirmam que estavam indo ali, para comprar drogas.

 

      A policia, com a justificativa de uma denuncia de ponto de venda de drogas, entra na casa para revistar. Na garagem, a BMW 325i azul metálico estava parado.


      Um dos investigadores, que estava com a peça encontrada no local do crime de Mara Josiane, ve que o para choque do carro estava faltando uma parte, retira a peça achada e ela encaixa perfeitamente. Bingo!

 







      Mas Roneys não estava em casa. A policia avisa que ele precisa comparecer na delegacia e no dia seguinte, acompanhado de advogado, da irmã e da atual companheira, uma mulher de 24 anos, Roneys vai a delegacia no dia seguinte.

 

      Era o dia 30 de julho de 2015.

 

      O álibi de Roneys para o dia 27 era estar com a companheira. E ela confirma o álibi. Quando a policia avisa a ela, que ela poderia ser presa como cumplice dele, caso estivesse mentindo, ela volta atras e diz que não estava com ele.

 

      Roneys é imediatamente preso temporariamente.

 

      Ao delegado, no interrogatório, ele confessa de 5 a 6 assassinatos. Mas não todos.

 

      Mara Josiane, segundo a sua confissão, estava na esquina da Avenida Brasil com a Avenida São Paulo. Ele combinou de pagar R$80 para fazer sexo dentro do carro. A Mara pediu que ele parasse o carro em uma rua escura. Ela tirou o vestido e a bota. Começaram a discutir quando ela negou a fazer sexo oral sem camisinha. Um carro da PM passava e ele com medo de que ela saísse do carro nua e fazendo um escândalo, começou a esgana-la, com a pretensão de que ela desmaiasse. Só que a força foi muita e ela morreu. Quando percebeu, ele rezou e pediu perdão pelo que tinha feito.

 




      Nem todas as mulheres que ele abordou foram mortas. Uma, Roneys conta que ficou com pena quando ela começou a falar dos filhos e achou que ela era uma boa mae e não a matou. Era uma garota de programa de 31 anos e mae de 4 filhos.

 

      Uma outra provável vitima, foi salva por um homem desconhecido. Quando ia atacar a mulher, já no meio da plantação, um senhor que passava perto, ouviu os gritos e correu pra ver o que seria. Roneys viu o senhor chegando e correu.

 

      Ele tambem tentou atacar uma travesti, com uma faca, dentro do carro, mas ela conseguiu pular do carro e escapar.

 

      De acordo com o delegado, ao ser preso, Roneys agradeceu, porque se não fosse preso, a vontade de matar, o sentimento, a força que o fazia matar, não pararia.

 




      Mas quem era Roneys Fon Firmino Gomes?

 




      Roney passou por uns traumas durante sua vida.

 

      Ele morava na zona rural Campo Mourão, cidade próximo a Maringá, com os pais e os irmãos.

 

      A mãe teve uma relação extra conjugal com um dos cunhados. O pai descobre e se separa.

 

      Roneys vai morar com a avó paterna, em Maringá, na Avenida das Torres. Ele tinha 4 anos.

 




      Depois da separação, a mãe começou a se prostituir. Um dos seus companheiros, acabou assassinando ela a facadas.

 

      Nessa casa onde ele passou a primeira infância, da janela do seu quarto, era possivel ver as torres de transmissão.

 




      Essa parte da historia dele, Roneys nega. Ele diz que a mae era enfermeira, trabalhando em um hospital, no turno da noite. Ela estava se relacionando com um homem e quando ela quis se separar, ele a esperou no ponto de ônibus e a matou esfaqueada.

 

      Muitos diziam que esse evento foi o que acabou desencadeando esse ódio por prostitutas que ele tinha, mas ele nega. Diz que não teve convivência com a mae e que isso não teria o afetado.

 

      Ele estudou até a 4ª serie na Escola Municipal Gabriela Mistral, no bairro do Vila Operária, onde morava com o pai, que casou-se de novo e teve outros filhos. Ele chamava a madrasta e a considera mae dele.

 

      Abandonou a escola e começou a trabalhar com o pai, que era mestre de obra.

 

      Quando foi preso, trabalhava como segurança e compra e revendia carros por conta própria.

 

      Aos 18 casou-se pela primeira vez. Seriam ainda mais 3 casamentos. Teve 8 filhos.

 

      Ele passou por outra experiencia traumática.

 

      Um dos filhos morreu aos 9 meses, de sopro no coração.

 

      Outro filho, de uma relação extraconjugal, ele só soube que tinha, quando o menininho já tinha 4 anos de idade. Ao saber, pega um dia a criança para passear junto com seu outro filho mais novo.

 




      Eles param em um posto de combustível para abastecer e vão na loja de conveniência comprar algumas coisas. As crianças começaram a brincar perto de 2 cofres que estavam largados lá. As duas crianças brincavam de entrar e sair dos cofres, quando um dos cofres caiu em cima do menino e o matou na hora.

 




      Teve outro relacionamento e desse relacionamento teve uma filha.

 

      Na delegacia ele disse não se lembrar de Edinalva. O delegado mostrou as fotos da vitima e ele disse parecer com o jeito que ele deixava as que matava mas que não lembrava dela.

 

      Vários suspeitos foram investigados no caso da Edinalva, mas Roneys nunca foi um deles.

 

      O celular dela acabou sendo rastreado e o aparelho encontrado com uma amiga de Roneys.

 

      O jornalista Roberto da Silva entrevistou o Maniaco no dia seguinte a sua prisão. Eram na sala Roberto, Roneys, seu advogado, sua irma e a mulher que dizia ser companheira dele.

 

      Ao jornalista, assumiu 6 homicidios. Se eram mais, ele não lembrava. A primeira vitima teria sido em 2012.

 

      Um exame detectou sêmen em Mara Josiane e posteriormente, o exame de DNA conclui-se pela semelhança entre o material encontrado e o DNA de Roneys.

 

      Quando chegou na fase de instrução, Roneys negou ter participação nos crimes. Acusou os policiais de terem o agredido para confessar. Um saco teria sido colocado na cabeça dele, sufocando, e que enquanto ele não concordou em confessar, o saco era colocado e tirado da cabeça dele.

 

      Tambem alegou que a BMW foi comprado por ele há pouco tempo e que ele não estava como carro no dia do assassinato de Mara Josiane.

 




      Ele ficou preso na Penitenciaria Estadual de Maringá.

 

      Foi acusado de 6 homicidios duplamente qualificado, 6 ocultação de cadaver, 2 tentativas de homicídio e 1 estupro.

     

      A companheira dele, que estava com Roneys desde seus 21 anos, disse que ficaria ao lado dele.

 



 

      “em momento nenhum, eu vou sentir medo do meu marido. Se eu estou aqui é porque ele me ama né?”

 

      O primeiro julgamento do Maniaco da Torre aconteceu em março de 2019. Era o caso de Edinalva. Ele foi condenado a 21 anos e 4 meses por homicídio qualificado e ocultação de cadaver.

 




 

      No fim de 2019, ele foi novamente ao tribunal do juri. Pelo homicídio de Silmara Aparecida de Melo, ele foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadaver a 23 anos e 4 meses.

 

      Os advogados de defesa, solicitaram um exame psicológico de Roneys.

 

      O laudo foi concluído em agosto de 2020 pelo médico Mauro Porcu.

 

 

      “apresenta indiferença pelos sentimentos alheios, desrespeito por normas, regras e obrigações sociais, baixa tolerância a frustação, baixo limiar para descarga de agressão. Incapacidade de experimentar, propensão para acusar os outros e tentar justificar seu comportamento. Tendencia para distorcer fatos. “

 

      Ele foi julgado imputável, mas com transtorno de personalidade antissocial, o famoso psicopata.

 





      Em 2022, ele foi julgado por outros 2 crimes.

 

      O primeiro de ano, foi em maio de 2022, pelo homicídio da vitima não identificada em 2012. Por 4 a 3 ele foi absolvido da acusação de homicídio e condenado a 1 ano, 4 meses e 10 dias por ocultação de cadaver, em regime semiaberto. O Ministerio Publico aguarda recurso de pedido de anulação do juri.

 

      Em junho de 2022, ocorreu o julgamento pela morte de Roseli Maria de Souza. Ele foi condenado a 31 anos e 11 meses.

 

      O homicídio de Mara Josiane, que acabou desvendando a identidade do Maniaco da Torre, aconteceu esse mês, no dia 13 de abril de 2023. Roney foi condenado a 21 anos, por homicídio qualificado, meio cruel, motivo torpe, feminicídio e dissimulação além de ocultação de cadaver.

 

      Ele ainda será julgado pelo caso da Ariele Natalia da Silva, que até o momento não tem data marcada. 

 




      Roneys Fon Firmino Gomes é considerado o maior Serial Killer de Maringá e acredita-se que talvez até do Parana, já que a policia ainda crê que o numero de vitimas seja muito maior.

 

      Hoje ele esta cumprindo pena na Casa de Custódia em regime fechado e trabalha com artesanato. É um dos que mais recebem cartas.

 

      Muitas fontes falam sobre as vitimas terem sido mortas asfixiadas. O que é verdade, os exames necroscópicos confirmam isso, mas muitos dizem que elas foram assassinadas estranguladas.

 

      Eu achei interessante aproveitar pra explicar pra vocês a diferença entre as asfixias que são chamadas de mecânicas, na medicina legal.

 

      Existe o estrangulamento e a esganadura.

 

      Nos casos do Maniaco da Torre, todas as vitimas foram esganadas.

 

      O estrangulamento e a esganadura apesar de serem na mesma região do corpo, no pescoço, tem métodos diferentes.

 

      O estrangulamento é a asfixia manual mas quando o assassino utiliza algum objeto auxiliar sabe? Tipo, uma corda, um cinto, algo além das mãos dele, pra causar o trauma.

 

      Já a esganadura é praticada com as próprias mãos. Eu acho até bem mais cruel, porque vc precisa além de estar tao próximo da vitima, fazer força até que ela morra. Eu, acho muito mais cruel.

 

      Entao, apesar de serem meios de asfixia mecânica, são coisas diferentes. E Roneys usou sempre, as próprias mãos para assassinar essas mulheres.


    




Fontes de Pesquisa





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