T03 Ep03 O caso Wallace Souza
O Caso
A cidade de
Manaus foi listada em 2022, como uma das 9 cidades mais violentas do Brasil,
ficando em 3º lugar, atrás de Mossoró, em 1 lugar e de Salvador, em 2.
E essa violência não começou em
2022.
A violência urbana em Manaus veio
crescendo desde os anos 60 e 70, quando a capital do Estado do Amazonas,
recebeu imigrantes em massa para o chamado Novo Eldorado, a zona franca de
Manaus.
Grande parte dos homicídios ocorria
em bairros periféricos, surgidos após a chegada de pessoas vindo de todos os
estados do Brasil.
Mas apesar de até o começo dos anos
2000 a taxa de homicídio ser de 20 para cada 100 mil habitantes, a chegada do
tráfico de drogas elevou essa taxa de forma assustadora. De 20 para cada 100
mil habitantes, em 2015, já era 60 por 100 mil habitantes.
Em Manaus existiam grupos, chamados
de galeras. Que eram gangues de bandidos dos bairros, mas de forma bem
desorganizada, porem muito violenta.
E nessa cidade rodeada de violência,
um homem, surge quase como que o salvador de Manaus. O que seria capaz de uma
vez por todas dar fim aquelas mortes diárias na cidade: Wallace Souza.
Francisco Wallace Cavalcante de
Souza, nasceu no dia 12 de agosto de 1958, filho de Maria Odilia Cavalcante de
Souza e Lucimar Portela de Souza. Não se
sabe muito sobre os pais dele, mas ele teve 4 irmãos, Carlos, Fausto, Ulisses e
Marlucia.
Dos 4, Wallace, como era chamado, era
extremamente apegado ao irmão Ulisses.
Em 1979, Wallace entrou para a
policia civil. Um pouco depois, ele acaba perdendo o irmão, Ulisses para as
drogas. Wallace ficou arrasado e revoltado.
Mas o tempo dele na Policia Civil
não foi muito longo. Depois de 8 anos, Wallace foi expulso, acusado de estar
envolvido em desvio de combustível.
Fora da corporação, ele tornou-se
repórter. Trabalhou no jornal A critica, no Diário do Amazonas, e até na
afiliada da Globo no Amazonas.
Como ele sempre esteve envolvido com
reportagens policiais, em, 1996 ele teve a ideia de ter seu próprio programa.
Uma mistura de Aqui e Agora, com um programa do Ratinho, com um Datena, sabe?
O programa Espaço Livre foi ao ano
em 1996. Em 1998, mudou o nome para Canal Livre, e foi aí que ele explodiu em
audiência. Era transmitido pela Tv Rio negro, hoje TV bandeirantes Amazonas.
Ele passava no horário do almoço, no canal 13.
E o programa era daqueles
sanguinolentos. As mortes eram transmitidas ao vivo literalmente.
No começo do programa, quem fazia as
reportagens e muito do trabalho era o próprio Wallace. Ele recebia a denuncia
do crime, ia no seu próprio carro ate o local, chamava a policia e gravava
tudo.
Antes do programa crescer, o Wallace
decidiu que queria entrar para a politica e tentou se eleger vereador, mas com
898 votos, ele não conseguiu ser eleito. Mas isso foi antes do Canal Livre,
porque depois do programa, ele chegaria a almejar o governo do Estado.
O Canal Livre era um programa de
plateia, o que até não era incomum nos anos 90, o Faustao fazia assim, o Gugu,
diversos programas nacionais eram com plateia presente.
Com o crescimento do canal, Wallace
ficou somente na apresentação. Vários repórteres iam para rua fazer a cobertura
do que acontecia em Manaus. De batida de policia, a apreensão de drogas,
sequestro, marido fazendo família de refém, até homicídio.
Em inúmeras e inúmeras vezes, o
Canal Livre não só era o primeiro a chegar na cena do crime como era quem
ligava pra policia avisando sobre o crime. Por diversas vezes, o repórter
chegava e a vitima de homicídio ainda estava agonizando no meio da rua,
enquanto esperava a ambulância. E eles mostravam tudo na televisão no dia
seguinte meio dia.
Era gente baleada, gente
esfaqueada.. Não havia censura.
Eles chegaram a gravar o encontro de
um corpo ainda saindo fumaça. O homem tinha morrido queimado vivo.
Depois que as apreensões eram
feitas, os bandidos algemados ainda eram entrevistados.
Mas não só de sangue vivia o Canal
Livre. Ele foi agrupando outros tipos de atrações. Como um bloco dedicado a
cantores locais, que iam cantar e dançar. E tambem haviam esquetes de comédia,
com o Galerito, e o Gil da Esfira. O Galerito, uma alusão as chamadas galeras,
era um fantoche, controlado por Iserlohn Castro. O Gil da Esfira sempre ia ao
programa, era um vendedor de esfira que ia ao programa participar as vezes.
O Galerito era um personagem de
humor bem ácido e um dia, enquanto um cantor chamado Nunes Filho se
apresentava, o Galerito começou a implicar com o Gil da Esfira, que irritando
com a brincadeira que não parava, parte pra cima do lugar onde o Galerito
ficava . Essa briga ficou nacionalmente conhecida. Teve soco, teve correria,
teve xingamento e voce acha que o cantor parou a apresentação? Não. Continuou
pleno cantando com muito amor enquanto Gil da Esfira precisva ser controlado
por 4 homens enquanto puxava o cabelo de Galerito.
E essa briga, em 2019 virou até tema do clipe de uma banda norte americana, chamada Processed by the boys.
Com o sucesso estrondoso do Canal
Livre, Wallace tenta novamente entrar para a politica e se candidata a deputado
estadual em 1998. Ele é eleito como o deputado mais votado do Estado, com 51.181
votos, pelo PPB ou hoje PP Partido Progressista. Depois de estar envolvido na
politica desde 1992, quando se filiou ao PDS, ele finalmente se elegia.
Seu principal slogan de campanha,
era o combate a criminalidade de Manaus.
E o sucesso, fez com que Wallace
trouxesse seus irmãos, Fausto e Carlos para apresentaram com ele o programa e
não só isso, na carreira politica tambem. Fausto, além de ex jogador de
futebol, foi vereador e deputado estadual. Carlos, foi deputado federal e
chegou a vice prefeito de Manaus.
O Canal Livre passou a tambem
realizar desejos. As pessoas iam ao programa falar sobre algo que precisava e
um dos parceiros do programa davam. Além de irem fazer as denuncias de ponto de
venda de droga, de trafico, de fugitivo, teve uma vez que uma das pessoas na
plateia disse que o assassino da filha estava na mesma plateia e ele foi preso
ao vivo.
Os 3 irmãos, Carlos, Fausto e
Wallace passaram a ser chamados na cidade de Irmãos Coragem.
Por mais 2 vezes, Wallace foi
reeleito deputado estadual. E já almejava voos mais altos dentro da hierarquia
politica de Manaus.
Em novembro de 2005, o canal recebeu
a denuncia de que um home, mantinha esposa e filho reféns dentro de casa, na
periferia da cidade. Eles vão pra lá cobrir, gravar o homem na janela com uma
arma apontada pra cabeça da mulher enquanto ameaçava mata-la. E do nada o homem
começou a dizer que só sairia, só se entregaria, para o deputado Wallace.
E ele foi. Virou escudo do homem,
isso tudo a equipe do canal gravando. Ele entrou no carro que a policia deu pro
homem ir até a delegacia, onde ele disse que se entregaria. No meio do caminho,
ouvisse um tiro o tal carro parou e Wallace desce, apertando a mao de alguem. E
o carro vai embora.
Depois daquilo, não tinha ninguém em
Manaus maior que Wallace Souza. O homem foi alçado a herói. Como alguem
disposto a por sua vida em risco pela população.
Na Assembleia Legislativa, Wallace
encabeçou um pedido de CPI do prefeito de Coari, uma cidade próxima e que, recebia
royalties da exploração de petróleo, sendo uma das cidades mais ricas do
Amazonas, mas que vivia na miséria.
O prefeito de Coari, era Manuel
Adail Amaral Pinheiro, seu primeiro mandato havia sido em 2001 e foi reeleito
por 2 mandatos consecutivos.
A policia federal fez uma Operação
chamada Vorax, que começou em 2004, depois do Ministerio Publico relatar a
Policia Federal que dinheiro estaria sendo desviado na construção de um aterro
sanitário.
Porem, as interceptações telefônicas
e escutas, acabaram descobrindo um rede de pedofilia encoberta pelo prefeito.
O deputado estava focado em abrir a
CPI contra Adail Pinheiro.
Mas quase tudo que sobe, um dia
desce. E em 2008, começaria a derrocada de Wallace Souza.
No dia 20 de outubro de 2008, a
policia civil recebeu, de uma denuncia anonima, a informação de que um ex
policial militar, estaria envolvido em um ponto de tráfico.
Uma equipe foi até o endereço dado.
Ao lado, uma casa estava em obra e tinha uma escada. A policia, entrando pela
casa, invade o local onde droga estaria sendo separada.
Foi uma correria e uma tentativa
frustada de se desfazer da droga. A policia encontrou não só bastante droga,
mas munição de uso restrito, armas , facas. Um mini arsenal.
O homem preso na diligencia,
ofereceu R$ 10 mil aos policiais pra que o liberassem. Mas perguntado quem
daria o dinheiro ele diz que o chefe dele daria.
O preso era Moacir Jorge Pessoa da
Costa, conhecido como Moa. O chefe: Wallace Souza e seu filho mais velho,
Raphael Saraiva de Souza.
Tudo o que Moa queria era não ser
preso. Ele tinha vários inimigos na prisão e lá dentro, ele com certeza seria
morto.
O Moa era um ex policial militar
que, quando foi expulso da PM, era acusado de 9 homicidios. Um ex policial não
seria bem recebido em uma prisão comum então ele pediu cela especial em troca
de deleção.
O secretario de Inteligencia, Thomaz
Vasconcelos, recebe a ligação avisando sobre a prisão de Moa e de que ele,
estava acusando o deputado Wallace Souza de ser chefe de uma das maiores
organizações criminosas do Estado do Amazonas.
Na denuncia, Moa disse que o grupo
cometia os crimes para aumentar a audiência do programa Canal Livre. E que, era
por essa razão que a equipe deles eram os primeiros a chegar.
Moa foi levado para o prédio da
Policia Federal onde ficou detido.
Uma força tareda foi montada para
verificar as denuncias de Moa, liderada pelo delegado Divanilson Cavalcanti.
Os principais alvos da organização
de Wallace que envolvia até promotores, eram traficantes locais. Era um
esquema, segundo a policia, complexo.
Os seguranças de Wallace, que andava
sempre em carro blindado e seguranças, devido a ameaças de morte, eram ex
policiais e policiais na ativa, como o Coronel Felipe Arce Rio Branco e o
capitão Allan Rego da Mata, que eram chefes de segurança e tambem, ligados ao
Departamento de Inteligencia da PM.
Tanto Moa quanto diversos ex pms seriam
os executadores das ordens de Wallace e Raphael.
Como no assassinato de Bebetinho, Alexandre
da Silva Coelho, filho de Bebeto da 14, Luiz
Alberto Gomes Coelho, chefe do tráfico da praça 14 de Janeiro, um bairro de
Manaus, próximo ao Centro. O canal cobriu esse assassinato. O corpo estava dentro
do carro, cheio de tiros, e sendo filmado e transmitido.
Só que, Moa, dizia que tudo foi
armado pelo Raphael. Ele e Bebetinho eram amigos. E Bebetinho estava certo dia,
com mais ou menos R$ 200 mil reais dentro do carro. O carro foi roubado e o
dinheiro levado. Bebetinho ficou desconfiado de Raphael e mandou dizer que o
mataria.
O tal Bebetinho deixou o carro perto
de um show que ele foi, era uma Mercedes, então já se sabia de quem era o
carro. Quando o dinheiro sumiu, correram atrás de descobrir quem tinha sido e
chegaram em 2 ladrões.. Os dois ladões eram os conhecidos Junio Sujo e Fabiano
Oliveira.
Eles estavam em uma lanchonete
quando Raphael e um dos maiores traficantes da região, o Frank da 40, a mando de
Bebetinho, desceram do carro em frente a lanchonete e atiraram nos 2, só que
Junio sujo conseguiu fugir. Fabiano e uma outra mulher que estava na lanchonete
morreram na hora. Junio Sujo seria executado meses depois, com 16 tiros.
E aqui vale a pena enfatizar que o
Raphael era atirador amador, ele treinava, tinha armas, ele atirava por
esporte, ele dizia.
Ao saber que Bebetinho tava pela
cidade falando que sabia que Raphael era quem tinha avisado aos ladroes que
tinha aquela quantia de dinheiro no carro e que ia mata-lo, Bebetinho aparece
morto em julho de 2008. E Moa, quando preso, relata que foi quem matou o
Bebetinho, a mando de Raphael.
Wallace estava sendo acusado e pra
se defender, usou a tribuna da Assembleia Legislativa falar que as acusações
eram motivadas por perseguição politica. Que ele não conhecia Moa e que tudo
não passava de uma tentativa de culpa-lo para disfarçar a incompentencia da
Secretaria de Segurança Publica.
Dias depois desse discurso, diversos
veículos de imprensa, recebem nas suas sedes, fotos. E nessas fotos, Wallace,
aparece na piscina da sua casa com... o Moa. Em uma confraternização. O
motorista particular de Wallace, chamado Mário “pequeno” da Silva, tambem
estava em uma das fotos, conversando com Wallace e Moa dentro da piscina.
Realmente parecia que eles se conheciam.
O aparecimento anônimo dessas fotos,
levanta a duvida sobre o que o deputado estava falando e de que, se a denuncia
de Moa não seria verdadeira.
A justificativa para as fotos apresentada pela
defesa de Wallace e pelo próprio, depois, era de que, ele conhecia aquele homem
como Jorge, não como Moacir e que ele era amigo de Raphael. O filho tinha
passado de faixa em uma luta que ele fazia e resolveu fazer um churrasco em
casa pra comemorar e chamou o Moa.
O que não deixava as coisas mais esclarecidas,
porque, uma família que pregava ser contra bandido e dizer que bandido bom era bandido
morto, porque estaria permitindo e confraternizando com um que no dia do
churrasco, era um assassino de 9 pessoas e envolvido com o tráfico de drogas,
conhecido na cidade?
E durante as investigações, a força
tarefa recebeu informações de que aquele corpo chamuscado, que eu falei,
queimado vivo, tambem teria sido a mando de Raphael. Renato Fernandes Teixeira.
Enquanto Moa estava preso na Policia
Federal, a sede explodiu. Várias pessoas morreram queimadas outras ficaram
extremamente feridas.
Começaram os boatos de que a
explosão era um atentado ao Moa. Uma tentativa de mata-lo, uma queima de
arquivo.
Se você achou, que o Bebeto da 14, não
iria se vingar da morte do filho, achou errado. Ele prometeu que mataria os
envolvidos no assassinato e um dos suspeitos era o Raphael Souza. Só que Bebeto
não teria esse tempo.
Depois de um provável encontro com
Wallace, que nunca foi confirmada, Bebeto da 14 estava no terraço da sua casa,
jogando baralho, quando 2 motoqueiros, entraram na casa e o executaram.
Novamente, Wallace foi acusado de
estar envolvido no assassinato do filho e do pai chefe do tráfico. E ele foi se
defender na tribuna, afirmando que Manaus inteira sabia muito bem que não era
ele mandante de nada, mas sim o Zé Roberto da Compensa.
O Zé Roberto era muito famoso em
Manaus e não só famoso, ele, com outros 3 narcotraficantes, tinham fundado uma
organização criminosa chamada Familia do Norte. Uma organização para barrar o
crescimento do PCC na região norte do Brasil. E que acabaria sendo a
responsavel pela morte de muita gente. Mais muita gente mesmo.
Após investigação interna, a PF
concluiu que a explosão foi causada por descuido humano. Várias bombas usadas
na pesca de forma ilegal, foram apreendidas. Elas estavam sendo periciadas,
quando alguem, não desativou a bomba corretamente. Quando uma explodiu, detonou
todas as que estavam na sala, ocasionando a explosão que chegou não só há matar
diversas pessoas como a destruir uma ala inteira da sede.
E se a história não estava com nomes
demais, mortes demais, duvidas demais, uma nova pessoa aparece na historia.
Mary Tereza Ramos de Albuquerque, esposa de Moacir.
Ela procurou a Comissão de Direitos
Humanos e disse que o seu marido tinha sido torturado pela policia civil e que
o secretario de Inteligencia, forçou Moacir a incriminar Wallace.
Foi um rebuliço.
Moacir voltou atrás de tudo o que
havia dito e afirmava ter sido obrigado sob tortura a culpar os Souza, que eram
completamente inocentes.
Foi nesse ponto que começa uma
confusão de depoimentos e depoimentos.
A força tarefa pede a quebra de
sigilo telefônico de Moacir e confere diversas ligações entre ele e Wallace.
Depois, Mary volta atrás de tudo o
que falou ao depor novamente. Ela confirma que seu marido trabalhava para
Wallace como segurança e que ela foi atrás do deputado para arrumar dinheiro
para pagar o advogado dele e que em troca, inocentaria ele de tudo.
Wallace continuava afirmando ser
inocente e que, tudo não passava de uma represália do Adail Pinheiro pelo
pedido de abertura da CPI que investigava os desvios de Coari e que depois investigaria
as denuncias de exploração sexual de menores.
Ele ainda era deputado estadual,
portanto tinha imunidade parlamentar. Um deputado não pode ser preso, a não ser
por crime em flagrante e que seja inafiançável. Eles só podem ser julgados tbm,
pelo Supremo Tribunal Federal. Por ter imunidade, a policia não poderia fazer
busca e apreensão na sua casa, mas poderia fazer na de Raphael. Só que Raphael
morava com o pai.
No dia 22 de abril de 2009, a
policia civil entra na casa pra cumprir o mandado. Foi outra confusão. Os
irmãos de Wallace tentaram impedir o cumprimento do mandado. Wallace é visto no
vídeo da revista, ameaçando os policiais, dizendo que já já seria Secretario de
Segurança e eles pagariam por aquilo. Foi muito tumultuado.
Na casa dentro de um cofre, que
Wallace foi solicitado a abrir, tinha R$ 243 mil reais e USD 15 mil, junto a um
papel com uma lista de armas.
Em um outro armário com cadeado, que
Raphael disse ser seu, haviam capsulas deflagradas e 1 papel. No papel tinha um
esquema, uma lista, com os nomes dos traficantes assassinados e linhas e setas
conectando todos eles, com algumas observações nos cantos.
Raphael recebe voz de prisão devido
as munições ilegais que ele tinha. Mas o homem, simplesmente diz que ta
passando mal e sai da casa de maca, dentro de uma ambulância, com funcionários
do pai tentando afastar a imprensa com lençóis.
O deputado acabou sendo chamado pra
prestar esclarecimento na comisso de ética da assembleia e explicar o que
estava acontecendo. Ele vai de maca, com oxigencio, médico... Uma parafernalha.
O Wallace, anos antes, tinha ido
para São Paulo, após descobrir que tinha uma doença crônica, a síndrome de Budd
Chiari, que ataca o fígado, prejudicando o fluxo de sangue do órgão. Ele já
tinha tido diversas tromboses, problemas cardíacos, então alegou que tudo
aquilo, estava prejudicando a sua saúde e o deixando debilitado.
Se todo o caso já estava tomando
proporções imensas, ele iria estourar.
O Fantástico, no dia 02 de agosto de
2009, passou uma reportagem especial sobre o que estava acontecendo em Manaus e
o apresentador de TV, que criava os crimes, para depois ir cobrir. Que era o
responsável pela morte de dezenas de pessoas para aumentar a audiência do seu
programa.
Era o estopim que faltava. O caso
virou internacional. Diversos veículos internacionais vieram ao Brasil fazer a
cobertura. O caso foi estampado nos jornais do mundo inteiro.
Foi devastador para o deputado
Wallace Souza.
Um mês após a reportagem, os
deputados se uniram na Assembleia Legislativa para votar se cassariam ou não o
mandado de deputado de Wallace Souza.
Era o dia 01º de outubro de 2009.
Wallace foi a sessão de terno inteiramente branco e com uma bíblia em um braço,
no outro, o inquérito policial que o investigava.
Ele se defendeu na tribuna, pedindo
que não o cassassem, falando que ele estava sendo perseguido e que sendo vitima
de uma injustiça.
Mas de nada suas palavras
adiantaram. Em votação secreta, por 16 votos Sim, 4 votos não e 3 abstenções,
ele foi cassado.
O que era de se imaginar.
Geralmente, políticos envolvidos em escândalos ou crimes e que, justificam tudo
como perseguição politica, são cassados, com a justificativa de que a imagem da
organização, da Assembleia, da Camara, do Senado ou do que for, esta sendo
manchada.
Quatro dias depois, o pedido de
prisão preventiva foi decretado. A policia foi ate o endereço do agora ex
deputado prende-lo. Chegando, só encontram velas derretidas na mesa da sala.
Nada de Wallace. Ele havia fugido.
O governador do Estado na época,
Eduardo Braga, se reuniu com a força tarefa e ordenou prioridade na prisão de
Wallace.
O nome dele foi incluído na lista de
mais procurados do Estado. A perseguição, começou.
Wallace se escondeu em casa de
amigos, enquanto a policia civil fechava a cidade inteira.
Seu advogado de defesa, começa então
a negociar com a secretaria de segurança, a entrega de Wallace. Ele queria cela
especial, sua vida garantida e não ir para prisão, porque lá tinham dezenas e
dezenas pessoas presas por ele, e como não tinha ensino superior, não tinha
direito a ficar em uma ala e cela separado.
Ele se entrega em 09 de outubro de
2009 e depois de ir fazer o exame de
corpo de delito no IML, vai para uma cela especial no 1º Batalhao da Policia de
Choque.
Os parentes das pessoas mortas que
apareceram no programa, se amontoaram no IML xingando e gritando por Wallace, o
chamando de bandido.
A diretora e produtora do programa
Canal Livre, Vanessa Lima, como a maioria dos funcionários de Wallace, o
defendia e defendia sua inocência.
Ela procura a policia com uma
gravação telefônica. Patricia ninguém mais niguem menos que a irma de
Franquinzinho da 40, que já estava preso, teria ligado pra ela e contado que o
responsavel pela morte de Bebeto, era Zé Roberto e que Wallace era inocente.
Wallace, Raphael, Marcio Pequeno e
Moacir eram acusados de formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio.
Na audiência de instrução, Wallace
não compareceu, a junta médica que o atendia, não o liberou, por ele não ter
condições de participar. A juíza Mirza Telma ouviu o depoimento dele no
hospital. Ele reforçou ser inocente.
Nesse interim, até o julgamento ser
marcado, Moa tambem falou sobre a morte de outro traficande do São Jorge, o
Cleonir Bernardi, vulgo Caçula.
Uma testemunha, reconheceu Raphael
como o atirador. E o carro usado teria sido alugado por Wallace, mas o dono da
loja negou tudo.
Nisso, várias pessoas ouvidas pela
policia, prestavam depoimento e em seguida apareciam mortas.
Lembra da Patricia, a irma do Frank
do 40? A policia fez uma operação e pegou ela em casa, cheia de dinheiro. Ela,
tinha assumido o lugar do irmão no tráfico. E mais uma vez, a história dá outra
reviravolta.
Patricia acusa Vanessa Lima de fazer
parte da organização criminosa de Wallace e que o deputado, havia pago a ela
pra contratar alguem que matasse a juíza que
mandou prender o Felipe Arce, chefe da segurança de Wallace. E o homem
que iria matar era o Luis Pulga. Ela tbm recebeu pra forjar a ligação
inocentando Wallace.
Não deu outra, Vanessa acabou sendo
presa e mandada para o Compaj.
Depois de meses, Vanessa é absolvida
da acusação de obstrução da justiça e
solta.
Patricia saiu da cadeia um pouco
depois, em habeas corpus, mas em alguns dias, foi assassinada.
Uma nova testemunha se apresenta.
Gisele Vaz, repórter do Canal Livre.
E ao contrario de todos os outros funcionários
e ex funcionários, relata que diversas operações de drogas, eram armadas. Quando
chegava em algum lugar e não tinha droga, eles plantava. Que viu diversas
pessoas sendo presas mesmo inocentes e que tudo era comandado por Wallace.
Era tudo o que a promotoria queria,
uma testemunha ocular que dissesse que o ex deputado era culpado.
O quadro de saúde de Wallace piorou
e ele precisou ir para o Hospital Bandeirantes em São Paulo. A ascite dele
aumentou muito. Que é aquela retenção em excesso da região abdominal, que as
pessoas chamam de barriga d agua.
Em março de 2010, ele foi internado
na UTI. E em 4 meses, acabou morrendo de parada cardíaco, no hospital, sob custódia
policial.
Raphael, que estava preso, foi
liberado, sob escolta, a comparecer no velório do pai, por 2 horas.
O enterro mobilizou Manaus.
O julgamento dos 4 foi marcado para
dezembro de 2009.
E como se a história já não tivesse
muitas versões, durante do juri, Moa muda a versão de novo. Diz que foi
torturado para confessar crimes que não cometeu e que os Souza, nada tinham a
ver com os crimes. Ele foi obrigado pela força tarefa a contar tudo o que
falou. E que agora, na frente do juri, se sentia seguro pra contar a verdade.
No fim, tanto o Moa quanto o Mário
Pequeno foram absolvidos, como estava cumprindo pena por associação ao tráfico,
Moa continuou preso no Compaj.
Raphael, foi condenado a 9 anos por
homicídio simples.
Em 2015 ele foi para o semi aberto
mas ainda respondia pela acusação de ter matado o Luis Pulga, que se negou a
matar a juíza Jaiza Fraxe.
Esse processo, foi e voltou diversas
vezes. O promotor Rogerio Marques, acusou em 2008, a denuncia foi acolhida.
Depois foi decido que a denuncia era improcedente. O MP recorreu e ela foi
novamente deferida, Em 200, um juiz entendeu que havia coerência na denuncia. Até
que em 2022, a 1ª câmara criminal encerrou o assunto e decidiu que não haveria
julgamento.
No primeiro dia do ano de 2017, dia
de visita, por volta das 3 da tarde, uma rebelião começou no Compaj, Complexo
Penintenciario Anisio Jobim.
Um dos grupos rebelados, na guerra
entre o PCC e a família do Norte para o controle do complexo, foi ate onde eles
chamavam de seguro. E lá estava o Moa.
Moa foi assassinado. Ele foi
queimado vivo dentro da cela. No total, 56 pessoas foram assassinadas naqueles
2 dias.
O frank da 40, estava preso no
Compaj em 2013, quando após conseguir o regime semiaberto, fugiu. Até que um
corpo, apareceu dentro de uma mala na praia. Frank havia sido morto e
esquartejado.
O Canal Livre acabou e por anos
ficou assim. Até que ele voltou. Está no ar, com o nome de Sinal Livre e é
comandado por Willace e os irmãos de Wallace, Carlos e Fausto, em 2019, foram
condenados a 15 anos por associação ao tráfico, recorreram da decisão em
liberdade . Em 2021, os dois, foram absolvidos em votação unanime pela 1 Camara
Criminal do Tribunal de Justiça do
Amazonas, por falta de provas.
E afinal o que aconteceu com Adail
Pinheiro? O prefeito acusado de exploração sexual de menor e desvio de dinheiro
publico?
Ele foi afastado da prefeitura em 2014 e preso tbm em 2014. Mas ao
contrario de Wallace ele não teve seu mandado cassado, na época. Foi aberta uma
CPI, chamada CPI da pedofilia para investigar não so o prefeito como tbm o vice
prefeito, Igson Monteiro.
Adail foi condenado a 11 anos de prisão
e ainda cumpre pena. Em 2022, foi notificado pelo TCU do Amazonas a devolver R$
77 milhoes aos cofres públicos.
Em 2009, Wallace teve sua apelação
da expulsão da policia concedida e ele foi inocentado da acusação e reintegrado
a corporação.
Fontes de Pesquisa
Bandidos na TV Netflix
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