T02 Ep12 O caso Escola Base
O Caso
26 de março de 1994. Ju Chang,
está na sala de casa assistindo televisão. Em um dos quartos da casa, sua
esposa, Lúcia Eiko Tanoue, está descansando. O casamento está estremecido e
eles estão em quartos diferente. Lúcia dorme com o filho do casal em um quarto.
Ele no outro.
Fábio,
de 4 anos, entra no quarto onde a mãe está deitada na cama. Ele se senta sobre
ela e começa a fazer movimentos de vai e vem, como se imitasse sexo. Ela,
pergunta aonde ele viu aquilo. Ele diz que na TV “aquelas coisas feias”. Lúcia
pressiona o filho perguntando em que TV e ele conta que foi em um vídeo na casa
de um amiguinho, chamado Rodrigo, que tambem estudava na escola. Numa casa com
portão verde, jardim na lateral, muitos quartos, cama redonda e TV no alto (o
que sinceramente, eu achei meio parecido com um motel). Ele foi levado lá no
periodo da escola. Ele e outros 3 amiguinhos, 1 menino e 2 meninas, Rodrigo,
Iracema e Cibele, eram levados pela
kombi da escola até lá, tiravam a roupa delas e faziam coisas com adultos, que
filmavam tudo. Ele era beijado na boca por uma mulher de traços orientais e o
beijo era fotografado por 3 homens.
Lúcia
o questiona se os adultos que seriam um homem e uma mulher, tocavam nas partes
intimas dele. Ele confirma. Ela tira a roupa do filho e vê uma irritação no
anus. Ela não tem mais dúvidas: o filho tinha sido vitima de violência sexual.
E tinha sido na Escola aonde ele estudava.
No
dia seguinte, domingo de manha, ela vai até a casa dos pais da melhor amiga do
filho, que morava perto para conversar com a mãe dela, Clea Parente de
Carvalho.
Ela
conta tudo o que Fábio teria dito a ela.
Cléa
chama o marido e a cunhada pra perguntarem a filha. Ela não disse nada então os
3 contaram o que Fábio havia dito e no fim ela confirmou que foi na casa do
amiguinho e viu vídeos de uma mulher pelada com os amigos dela e que colocaram
um objeto no anus dela, enquanto deitavam em cima dela.
Imediatamente,
as duas vão para a 6ª delegacia, no bairro do Cambuci, vizinho ao bairro onde
elas moravam Aclimação. Dava um pouco mais de 10 minutos a pé.
A
denuncia é recebida pelo delegado de plantão, Antonino Primante. Elas são
ouvidas e o delegado encaminha as duas crianças para exame de corpo de delito
no IML. Tambem pediu a Corregedoria de Policia Judiciaria, um mandado de busca
e apreensão para a casa de Mara e Sala Nunes, pais de Rodrigo, onde teriam
acontecidos os abusos.
Como
era domingo e já estava tarde, o delegado decidiu deixar para cumprir os
mandados no dia seguinte.
No
dia 28 de março, com as 2 mães e as crianças, ao apartamento dos Nunes.
A
casa era completamente diferente. Era um apartamento e todas as camas
retangulares. As únicas fitas encontradas eram de show do Fábio Junior e um
programa do Globo Repórter sobre ufologia. As crianças não reconheceram o
local.
Do
apartamento dos Nunes, foram para a Escola Base.
A
Escola de Educação Infantil Base funcionava na Rua Oliveira Peixoto, 209,
bairro da Aclimação, em São Paulo.
O
bairro da Aclimação tinha muitos descendentes de italianos, japoneses e
portugueses. Ele nasceu no entorno do Parque da Aclimação, construído por um
médico de Piracicaba em 1892, inspirado nos jardins franceses. É um bairro na
zona central de São Paulo, hoje considerado um bairro de classe média alta
perto dos bairros da Liberdade, próximo a Avenida Paulista, Bela Vista, Jardim
Paulista e Cambuci.
A
escola era do casal Shimada, Maria Aparecida e Icushiro, tambem conhecido como
Ayres e de dois sócios, Paula Milhim Alvarenga, prima de Maria Aparecida e seu
marido, Mauricio Monteiro de Alvarenga.
Maria
Aparecida e Icushiro se conheceram em São Paulo. Eles moravam no mesmo prédio
no Largo do Arouche.
Juntaram
o pouco que tinham e casaram-se. Icushiro abriu uma loja de fotocopias no
centro de São Paulo. Maria Aparecida se formou em Letras pela Universidade de
São Carlos.
Eles
tiveram um filho, Ricardo. Depois do seu nascimento, Maria Aparecida parou de
trabalhar para se dedicar ao filho. Quando ele completou 10 anos, ela achou que
era o momento de realizar um sonho: ter a sua própria escola.
A
escola de educação infantil Base tinha 17 matriculas e estava para ser fechada.
O casal Shimada achou que aquela era um oportunidade para que a Maria Aparecida
pudesse finalmente ter a sua escola. O ano era 1992.
Icushiro
vendeu seu carro, juntou todas as economias e comprou a escola.
Eles
alugaram a casa na Rua Oliveira Peixoto para montarem a escolinha. Como
precisavam de mais ajuda financeira para operar a escola, eles chamaram Paula,
que tambem era professora e o seu esposo, para serem sócios. Paula ficaria
responsavel pela parte pedagógica e Maria Aparecida pela administração da
escola, além de tambem dar aulas. Icushiro, as vezes ia ate a escola fazer
alguma manutenção. Mauricio fez um curso e tirou carteira para poder dirigir
uma kombi escolar para o transporte das crianças.
A
escola operava em periodo integram com crianças na faixa dos 3 aos 6 anos.
Em
1994, a escola já tinha 72 alunos e estavam crescendo. Com as coisas indo tão
bem, Maria Aparecida e Paula já planejavam aumentar a escola e incluir o 1º
grau, comprar a casa onde a escola estava funcionando....
Paula com crianças na Escola Base
Quando
a policia chegou na escola, alegando que uma das crianças havia sofrido um
acidente e pedindo para verificar o local, nada foi encontrado, a não ser fitas
com filmes da Disney. O delegado pediu que os donos fossem depois a delegacia
prestar esclarecimento.
Algumas
fontes dizem que foi o fato dos policiais pararem para fazerem um lanche outras
que foi a não prisão imediata de ninguém, fato é de que, as duas mães,
enfurecidas em como a policia estava lidando com a situação, na visão delas,
não dando importância a gravidade do que elas estavam dizendo, elas decidem
ligar para a sede da Rede Globo e denunciar o que estava acontecendo.
No
fim da tarde, Valmir Salaro, repórter da Globo há anos, que cobria casos
policiais, apareceu na delegacia.
Com
a chegada de Valmir, o delegado então chama todos para oitivas na delegacia com
urgência.
Porem,
nesse tempo , o delegado assistente, Edelson Lemos, ligou para o repórter
Antônio Carlos Silveira dos Santos, repórter do Diário Popular, jornal muito
popular nos anos 90 e que depois, se tornou o Diário de São Paulo. Hoje, não
existe mais.
O
repórter ouviu a história, mas não encontrando nada que corroborasse a denuncia
ate aquele momento, optou por não dar a noticia baseado somente no que as mães
estavam dizendo. Ele ouviu as mães, falou com os acusados que já tinham chegado
na delegacia, mas não viu respaldo nas alegações e preferiu só dar a noticia
depois do laudo do IML.
O
delegado Edelson Lemos, que foi designado para liderar o caso, apresenta a
Valmir Salado um telex, que era como um fax, ou se voce é mais jovem, parecido
com um email, porem físico, que enviava mensagens entre um aparelho e outro de
forma quase imediata. Como era o ICQ, o MSN ou o whatsapp. Porem do tamanho de
uma mesa.
O telex era uma mensagem curta enviada pelo IML, que dizia:
"Referente ao laudo nº 6.254/94, do menor F.J.T Chang, BO 1827/94, informamos que o resultado do exame é compatível para a prática de atos libidinosos.”
Doutora
Eliete Pacheco, setor de Sexologia, IML.
Com
a confirmação do laudo pelo Telex, o jornal Nacional, apresentado por Cid
Moreira e Sergio Chapelin, no dia 29 de
março de 1994, dá, em primeira mão, a noticia do caso.
Foi
o suficiente para o circo literalmente pegar fogo. Naquela mesma noite, a
acusação era de que as crianças eram alugadas para agencias que produziam fotos
e vídeos pornográficos, durante o horário de aula.
Lúcia
dizia que o filho relatava que a tia da escola beijava o seu pipi pra ele
crescer e ficar grande igual ao do tio.
Na
mesma noite da reportagem, a escola foi invadida e depredada por cerca de 30
pessoas revoltadas, vizinhos, pais de crianças. Durante a madrugada, um
coquetel molotov foi jogado na escola, que só não fez estrago maior, porque um
funcionário da escola estava lá e conseguiu conter o fogo.
Toda
a imprensa começa a dar a história sem ouvir ao acusados, sem questionar o que
estava acontecendo, baseados somente no que o delegado falava, mesmo que ele
não houvesse ainda mostrado nada efetivamente. Mas, com aquelas poucas linhas
de Telex, dizendo ser positivo o resultado do laudo do IML, a imprensa, não em
sua maioria, como vimos por exemplo que, pelo menos nesse primeiro momento, não
deu a noticia, como o Diarios Populares, transformou o caso em um espetáculo
assombroso.
No
dia 31, já estampavam nas capas dos jornais de todo o pais, capas como, Kombi
era motel na escolinha do sexo ou então Escola é acusada de prostituição.
Surgem
boatos de que os acusados, usavam drogavam as crianças, injetando a droga com
seringas pelas axilas delas. A suspeita começou quando Fábio, o filho de Lúcia
e Jun Chang, viu o pai fumando e teria pedido que ele soltasse a fumaça no
rosto dele como a tia que o beijava fazia.
As
mães levantam a suspeita de que as crianças estariam com HIV.
Enquanto
a mídia transformava o caso em caso de uma rede de pedofilia, o delegado
Edelson Lemos convocava a imprensa constantemente, para dar entrevistas ou anúncios,
enquanto ria e se mostrava a vontade em frente as câmeras.
O
que ele não contava era que o laudo da Cibele, filha de Cléa, tambem tinha
voltado com resultado, negativo. E que, o laudo do filho da Lúcia, dizia bem
mais do que aquelas poucas linhas do Telex.
Foi
pedido a quebra do sigilo bancário dos 6 suspeitos. Nada de estranho ou ilícito
foi encontrado.
Continuando
com a péssima cobertura, a imprensa foi até a casa onde Paula e Mauricio
moravam com as duas filhas pequenas e
produziram reportagens com o nome da rua e o numero da casa, no dia 02 de
abril. Em 10 minutos depois dessas
reportagens irem ao ar, a casa do casal, que já havia se refugiado na casa de
amigos, foi invadida, saqueada e destruída. Os muros da casa pichados como
frases como Mauricio estuprador de crianças.
O
juiz Galvão Bruno, assinou um mandado de prisão para Icushiro Shimada, Maria
Aparecida Shimada, Paula Milhim, Mauricio Alvarenga, Mara Cristina Nunes e
Saulo Nunes, baseado somente no que o delegado havia repassado, sem fazer a
leitura do inquérito, que naquele momento tinha 57 paginas. E, sendo uma
leitora de inquéritos, processos, devo dizer que só pela quantidade de folhas,
eu já teria desconfiado. Inquéritos tem dezenas e dezenas de folhas, uma
investigação que já tinha pedido de prisão temporária e com 57 folhas? No
minimo estranho.
Icushiro,
Maria Aparecida e Paula entram em contato com Florestan Junior, jornalista da
TV Cultura para darem uma entrevista em local combinado e sem que ele ou Chico
Verani e Regina Ferraz, tambem da equipe de Florestan, soubessem onde era
antes. Combinaram que seria dia 03 de abril. Eles negaram as acusações. Negaram
saberem de qualquer abuso dentro ou fora da escola. O Icushiro inclusive em uma
entrevista, ele disse que como o laudo tinha dado positivo, então tinha
acontecido um abuso e as pessoas precisavam ser pegas mas que não eram eles e
que a escola não tinha nada a ver com aquilo, então eles acreditavam tambem que
a historia dos abusos eram verdadeiros.
Os
3 denunciaram maus tratos, ameaças, agressões dentro da delegacia. Icushiro
teria sido levado a um beco e agredido. Paula, ouvida dentro de um banheiro sob
ameaça de ser afogado dentro da agua da privada se não confessasse. Coisas
horríveis. Coisa de ditadura.
No
dia 05 de abril, o delegado Edelson, conversou com os advogados dos suspeitos e
mandou que eles apresentassem os suspeitos porque eles não seriam detidos, só
ouvidos. Lembrando que o juiz já havia expedido o mandado de prisão que
geralmente, pelo que eu já vi nos casos que eu fiz, são de até 5 dias até 10
dias, podendo ser estendido por igual periodo.
Saulo
e Mara se apresentam e são presos na hora. Os outros, por aconselhamento dos
advogados, se esconderam no interior de São Paulo.
Os
suspeitos de depredarem a escola chegaram a serem presos, mas liberados logo ,
na delegacia.
Os
jornais começaram a referir que já eram 7 as crianças possíveis vitimas de
violência sexual na Escola Base.
Mauricio,
apontado como quem comandava o esquema de pedofilia, se separou de Paula e
cortando relações com as duas filhas, indo para o interior de São Paulo se
esconder.
Além
do transporte das crianças da escola Base, ele tambem fazia de crianças de outras
escolas.
Uma
dessas, segundo o pai, disse que o motorista teria feito brincadeiras estranhas
como o filho. O pai tinha certeza de que ele tambem tinha sido vitima de abuso
e levou a criança para fazer exame de corpo de delito.
Só
estaria o menino e 2 meninas na kombi e o motorista teria começado a beijar as
meninas.
A
Globo recentemente, lançou no Globoplay, um documentário do Valmir Salaro sobre
o caso Escola Base e nele, tem a entrevista com o menino e o pai, assim, como
eles tambem apresentam uma entrevista com a Lucia, que claramente, induz a
reposta da criança. Se voce ainda não viu o documentário e puder assista. Mas
eu vou falar mais dele no fim.
Saulo
e Mara ficaram presos por 3 dias, acusados de atentado violento ao pudor.
A
Globo chegou ao ponto de fazer uma reportagem dentro do apartamento deles,
mostrando o quarto, falando da prisão deles....
O
famoso programa Aqui e Agora do Gil Gomes, entrevistou as mães em casa, com as
crianças.
Zero
preocupação com a preservação das crianças, com o possivel traumas que as mães
diziam que elas tinham sofrido....
Inúmeras
pessoas foram para a porta do 6ª delegacia defender Saulo e Mara, pedindo
justiça e que eles fossem soltos.
O
chefe de Saulo foi ouvido e negou que ele tivesse se ausentado do trabalho em
durante o horário de serviço.
A
advogado de defesa dos acusados, Maria Helisa Munhol, finalmente conseguiu
acesso ao inquérito e para sua surpresa, na pagina 51, constava o laudo do IML
com o resultado dele: inconclusivo. As lesões podiam ser tanto de atos
libidinosos quanto de diarreia forte. Agora Olhem a diferença brutal entre
essas duas coisas.....
Saulo
e Mara são soltos.
A imprensa consegue uma copia do laudo que deu inconclusivo. As lesões podiam ser de coito anal a problema intestinal, então foram todos para cima do delegado indagar a conclusão do laudo.
Com
toda aquela repercussão, o delegado Edelson teve o seu pedido de afastamento
pedido pelo juiz Galvão Bruno, que requisitou que o caso fosse encaminhado para
outra delegacia aos cuidados dos delegados Gerson Carvalho e Jorge Carrasco.
A
primeira coisa que fizeram foi pedir que uma psicóloga da policia atuasse no
caso como perita e conversasse com as crianças e com as mães.
Marylin
Tatton foi indicada.
No dia 11 de abril, a policia foi
verificar a casa de um norte americano chamado Richard Harrod Pedicini, depois
de uma denuncia anônima dizer que uma kombi escolar estava sempre estacionada
na porta da casa do norte americano e que crianças eram vistas entrando.
Richard
era fotografo e vivia com a namorada, os 2 filhos dela e uma empregada.
Na
casa tinha uma relação com nomes de crianças que poderiam nadar na piscina da
casa. Em um quarto escuro, montado para revelar fotos, tinham diversas fotos de
adultos e crianças em praias de nudismo nos EUA e no Rio. Tambem tinham fotos
de crianças entre 7 e 9 anos, de cueca, sunga, calção ou nus, na piscina da
casa.
Logo ele foi preso e a imprensa, ainda na cobertura parcial, ligou Richard ao caso da Escola Base.
As
crianças vitimas foram levadas até a casa. Uma das meninas viu uma abelhinha de
pelúcia no chão e pegou para brincar. Para a imprensa era o suficiente para
afirmar que as crianças haviam reconhecido o lugar.
Ele
foi detido por suspeita de pedofilia e citado como o contato internacional dos
donos da Escola Base, como se tudo fosse uma grande rede de pedofilia mundial.
Quando
Marylin conversou com Lúcia, ela relatou que o filho tinha problemas de prisão
de ventre e constipação intestinal. Há 8 meses. Ela reportou aos delegados que
pediram novos exames. Eles voltaram negativos para abuso sexual.
Nesse
2º laudo conta que a informação dos problemas intestinais não haviam sido
informados anteriormente, o que teria prejudicado a conclusão do exame. As
lesões que na época foram descritas, poderiam ser de atos libidinosos, mas as
fissuras anais eram compatíveis com patologias ano-retais, como fezes
endurecidas.
A
mãe havia relato que a dieta do filho era rica em cálcio e que ele tinha
dificuldade de evacuar e coçava constantemente o anus. Ela ligou tudo isso ao
abuso.
E
o segundo laudo, pasmem, foi feito pelos mesmos médicos do primeiro laudo, Dra
Eliete Pacheco e Dr Luiz Alex Correa.
Durante
uma sessão com a psicóloga, Fábio, o menino, disse que não poderia dizer que
era tudo mentira porque a mãe ia achar ruim.
O
menino passou por outros exames. Nesses exames foi constatado que dado exame
anterior, histórico e relato da mãe, não havia certeza de que as lesões eram de
abuso sexual, ele possuía problemas gastro-intestinais, muita dificuldade de
evacuar e com a coceira, acabou formando algumas pequenas fissuras.
Mas
Lúcia ainda achava que o filho tinha sido vitima de abuso sexual.
Ela
tambem foi submetida a exames psicológicos.
Richard
ficou 9 dias preso mas foi solto pelo delegado Gerson que após investigação não
encontrou ligação entre ele o caso Escola Base.
No
dia 22 de junho de 1994, 3 meses depois de quando tudo começou, os 6 acusados
foram considerados inocentes e o caso foi arquivado, pelo promotor Sérgio Peixoto
Alvarenga.
As
noticias dos jornais, agora somente pequenas notas de rodapé, não publicaram a
inocência dos acusados, mas que o caso havia sido arquivado por falta de
provas. Entendem a diferença entre inocente e falta de provas?
O
inquérito de Richard foi arquivado em 07 de abril de 1995.
Paula
e Mauricio se separaram, ele foi trabalhar em uma lanchonete no interior. Ela,
foi morar na casa da mae com as duas filhas e nunca mais conseguiu trabalhar
como professora.
Saulo
e Mara acabaram com todo o dinheiro que tinham tentando provar sua inocência.
Ele foi tocar bateria em shows de bares noturnos. Ela, começou a vender
bijuterias.
Após
o fechamento da escola, a casa foi alugada pela FEBEM, Fundação casa, para
abrigar meninas infratoras. Em 2008, praticamente toda a rua foi vendida para a
construção do condomínio residencial Cristall Aclimação, condomínio de alto
padrão.
Depois
do caso, Maria Aparecida teve depressão e tentou suicídio por 2 vezes. Após
melhorar da depressão, descobriu que estava com câncer.
Icushiro
, tentou voltar a trabalhar na fotocopia para sustentar a família que perdeu
tudo o que tinha e gastou o que não tinha pagando advogados.
Em
1995, Maria Aparecida, Icushiro e Mauricio entraram com pedidos de ações
indenizatórias contra o Estado de São Paulo, o delegado Edelson e diversos
veículos de imprensa, como Folha de São Paulo, Rede Globo, SBT, Estado de São
Paulo, Record, Rádio e tv Bandeirantes, Revisto IstoÉ, Veja, Folha da Tarde e
Noticias Populares.
O
Estado de São Paulo foi condenado a pagar R$ 250 mil as vitimas do caso Escola
Base. A Folha de São Paulo, Revista IstoÉ tambem foram condenadas.
A
Rede Globo foi condenada a pagamento de R$ 1,3 milhao, pela 7ª Camara de
Direito Privado do TJSP.
O
SBT foi condenado a pagar R$ 300 mil reais, R$ 100 mil para cada um, ela
recorreu a decisão, mas o relator do caso indeferiu.
A
Folha da manhã foi condenada a indenização de R$1,8 milhao a 3 acusados. Cada
um recebeu R$ 360 mil.
Lucia e Clea, foram processadas,
mas a justiça entendeu que as 2 tinham direito de ir a delegacia denunciar as
suspeitas delas.
A
acusação contra Mauricio, feita pela criança da outra escola, foi retirada.
Saulo
e Mara tambem processaram a imprensa.
Paula,
na época, como estava se separando, não quis entrar no mesmo processo com o ex
marido, trocou de advogado algumas meses e acabou não recebendo as
indenizações.
O
Estado foi condenado ao pagar o valor de R$ 457 mil reais aos 5 que entraram
com os processos.
Governador Mario Covas, autorizou o pagamento das
vitimas do caso Escola base em 15 de dezembro de 1999, sob o decreto 44.536.
Paula
entrou na justiça paulista pedindo R$ 250 mil mas como o periodo já havia
prescrito, ele foi para o Supremo.
Desde
maio de 20222 ela esta na fila de pagamento de precatórios do Estado de São
Paulo.
O
delegado Edelson Lemos, depois de ser afastado do caso, foi para a Corregedoria
da Policia e em 1999, foi transferido para a Denarc. Depois, foi mandado para a
Academia de Policia, dar aulas.
Foi
condenado a pagar R$ 10 mil a cada um dos 3 donos da Escola Base. Ele recorreu.
Não sei se ele pagou.
No
total, de acordo com o Ricardo Shimada, filho do Icushiro e Maria Aparecida,
eles receberam um total de R$ 5 milhoes de reais em indenização, mas, logo que
a justiça determinou os pagamentos, a sua mae faleceu de câncer, no dia 04 de
abril de 2007.
Olhem
o tempo que demorou. Os processos foram abertos em 1995 e só começaram a serem
pagos em 2007, 12 anos depois.
Maria
Aparecida foi enterrada no cemitério Nova Granada, no interior de São Paulo.
No
dia 16 de abril de 2014, em casa, Icushiro Shimada morreu de infarto.
Ele
foi enterrado no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.
Cida,
em 1995, escreveu uma carta para Valmir Salaro, que aparece no documentário e
que ele so leu durante a gravação do documentário. O livro chamado Somos todos inocentes, da
Zibia Gasparetto. Um livro espirita, como Maria Aparecida era, um livro
psicografado que conta a historia de um homem acusado injustamente de um
assassinato e que após sua morte, volta, pedindo ajuda a namorada, que o ajude
a ter justiça.
Hoje
o caso da Escola Base é referencia obrigatória tanto nos cursos de jornalismo
quanto no de Direito.
A Rede Globo fez uma retratação
no Fantástico na época.
Ricardo
Shimada esta escrevendo com um outro autor, um livro sobre a historia dele e
dos pais, que tem previsão de ser lançado no ano que vem. 2023, chamado O filho
da justiça.
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