T02 Ep06 O caso Pedrinho
O Caso
No dia 22 de outubro de 2002, o
SOS Criança do Distrito Federal, ligado a Policia Civil, recebe uma denuncia.
Um menino que estava sendo criado por uma família goiana, e que tinha 16 anos,
era o menino procurado depois de ter sido raptado dentro de um hospital em
Brasília.
Aquela
denuncia, até aquele momento anônima, desencadearia uma história de raptos de
criança, prisões, falsificações, prostituição e devolveria a uma família, o
filho que eles tanto procuravam.
O
caso começa no dia 20 de janeiro de 1986, no Hospital Santa Lúcia, Asa Norte,
Plano Piloto, em Brasilia.
O
casal Maria Auxiliadora Rosalino Braule Pinto e Jayro Tapajós Braule Pinto, auditor
da Receita Federal, são pais de 2 meninas, Ana Cláudia de 9 anos e Cristina de 4.
Um anos antes, eles já tinham perdido um filho recém nascido, Dona Lia, como
era conhecida, tinha tido abortos, mas em 1985, ela engravida novamente.
No
dia 20 de janeiro, após um parto cesariana, nasce Pedro Rosalino Braule Pinto.
Saudavel, lindo, mas que por ter perdido um filho recém nascido, ainda causava
preocupação em Lia.
No
dia seguinte, Jayro deixa Lia com uma tia avo e vai em casa buscar uma câmera
fotográfica. Treze horas depois de nascer, uma assistente social entra no
quarto 10, em que Lia esta, informa, que precisará levar o bebe para fazer
alguns exames, mas que sem demorar, ela já tras o menino de volta.
Lia,
ainda se recuperando da cirugia, preocupada em ter certeza de que tudo estava
bem como filho, não acha nada estranho. Afinal, ela esta dentro de um hospital.
Lia
ver a mulher saindo pela porta com o seu filho. Aquela era o primeiro dia, dos
próximos 16 anos e alguns meses, do resto da sua vida.
Não
havia assistente social. Pedrinho, como passou a ser conhecido, tinha acabado
de ser raptado.
Começava
uma luta diária. Uma procura interminável pelo Pedrinho.
Maria Auxiliadora ainda no Hospital, após ver seu filho ser raptado
Nos
próximos 16 anos, Maria Auxiliadora, chegou a reconhecer duas mulheres como
possíveis mulheres responsáveis pelo rapto do filho dela. Quatro dias depois do
sequestro, Lia viu duas fotos de uma suspeita e a reconheceu, mas quando a viu
pessoalmente, afirmou que não era a mulher. Em outras ocasiões, ela tbm chegou
a achar que tinha identificado a mulher. O que é compreensível. Dona Lia não
chegou a confirmar a identificação, nem a acusar ninguém, mas eu imagino o
desespero de achar e de talvez, serem
mulheres com algum traço semelhante, deve ser, normal, acabar em um primeiro
momento, indicando alguem e depois vendo que não é a pessoa mesmo.
No
decorrer dos anos, 3 possiveis Pedrinhos apareceram. O primeiro, era um menino
chamado Alexander, adotado por um inglês e que por fim, era um menino nascido
em Cascavel uma cidade do Paraná.
Em julho de 1990, o nosso querido Linha Direta (saudades, inclusive, ansiosa pra que a noticia de que talvez ele volte ano que vem seja verdade e não fake News), indicou outro menino atraves de denuncias, que morava em Rondônia. A família Braule Pinto fez uma festa pra chegada dele vindo de Rondonia. Mas depois de 3 semanas, o exame de DNA deu negativo.
Seis
anos depois, a policia achou um menino em Ceilândia, vendedor de amendoim.
Novamente, o DNA deu negativo.
Apesar
de tantas falsas pistas, tanta dor, frustação, tanto o Seu Jayro quanto a Dona
Lia, permaneceram fieis a esperança de encontrarem um dia o seu filho.
Dona
Lia era uma católica muito fervorosa na sua fé, muito devota. Ela chegou a
escrever um livro, Devolvam meu livro, logo depois do rapto. Toda data festiva,
aniversario do filho desaparecido, aniversario dos filhos, que 1 ano depois
aumentou, quando o casal adotou um menino, Eduardo, 1 ano mais novo que
Pedrinho, ela escrevia cartas ao filho, na certeza de que um dia, ele leria
todas elas.
Em
uma das cartas, ela diz ter certeza de do ano de 2002 não passaria o dia do
reencontro deles. E ela estava certa.
No
dia 22 de outubro, o SOS Criança e o Instituto Missing Kids, recebem uma pista
sobre o paradeiro de Pedrinho. Do fim de outubro a inicio de novembro, a
informante repassa diversas informações sobre o menino. Ele se chamava Osvaldo Junior.
Estudava no Colégio Ávila em Goiania, um colégio particular de classe média e
era criado por uma família goiania.
No
site do Instituto Missing Kids, havia uma foto do Jayro ainda criança e a
informante tinha, depois de ver a foto, absoluta certeza dele ser o pai do Osvaldo
Junior. Alem de serem muito parecidos, ambos tinham as mesmas caracteristicas, orelhas
tortas e um risco em um dos dedos do pé. A informante chegou a tentar enviar a
policia fio de cabelo do menino para exame de DNA, pois o veria em uma festa de
aniversario, mas ele acabou não indo, então, depois de receber fotos do menino
e comprovarem que a semelhança era inegável, a policia civil de brasilia,
decide ir para goiania.
Eles
ficam observando Osvaldo Junior por uns dias e descobrem que ele vai para escola
dirigindo, por ser menor de idade, eles, em ação conjunta com a policia de
Goias, montam uma falsa blitz perto da escola, onde o menino precisaria passar.
Ao ver o carro dele, a policia o para e o leva para a delegacia. Achei ate bem
perspicaz a ideia.
Na
delegacia ele é posto em uma sala e a mãe dele avisada.
Não
demora muito e Vilma Martins Borges, a proclamada mãe do menino, chega a
delegacia alterada. Os policiais, que pediram que ela fosse a delegacia,
contaram que o filho dela estava na delegacia por ter se envolvido em um
suposto acidente de carro.
Vilma
chega nervosa, deixando claro que ela assumiria qualquer dano ou culpa pelo
filho.
Na
sala aguardando, Osvaldo Junior é informado que ele não esta ali por causa de
um crime de transito, mas para esclarecer um rapto. Ele estaria em uma lista de
prováveis filho raptado de um casal de Brasilia.
Imediatamente
Pedrinho rechaça a ideia. Ele não era nenhum menino raptado. Sua mãe era Vilma.
Vilma
se falar com alguem antes de ver o filho.
A
policia avisa a ela o real motivo deles estarem ali: o rapto acontecido em
janeiro de 1986.
Imediatamente,
Vilma nega tudo. Nega que o filho pudesse ser esse menino chamado Pedro. Ela
veementemente diz que Osvaldo, é seu filho legitimo. Seu e de Osvaldo Martins
Borges, falecido 30 dias antes, vitima de câncer.
Para
confirmar, a policia diz que um exame de DNA então precisa ser feito. Pra
esclarecer tudo.
Vilma
muda a versão. Osvaldo realmente não é filho biológico dela, ele foi adotado,
mas não sabe como, não sabe da documentação do processo de adoção, normal em
casos de adoções legais. E há uma razão pra isso: ele não foi adotado por meios
legais. O marido falecido, o adotou informalmente das mãos de um gari, que
vinha de Brasilia, morava nas ruas e não tinha como criar o menino.
Seu
crime seria só o de registrar um filho que não era biologicamente dela, mas que
seu esposo, fez tudo com as melhores intenções.
Se
o menino pudesse ter sido raptado, a culpa então era daquele gari.
Quando
a policia do distrito federal decidiu que armaria um esquema para chegar em
Osvaldo, eles avisaram ao Jayro tudo o que estava acontecendo e pediram que ele
colhesse material para um futuro exame de paternidade.
Preocupado
em ser mais uma vez, uma pista falsa, ele não conta nada a esposa. Conversa com
Laércio Bessa, na época delegado e depois diretor da Policia Civil, colhe
material, mas tudo sem que ninguém soubesse.
Mas
não seria tão fácil.
A
principio, o menino concorda em fornecer material, certo de que era filho da
sua mae e do seu pai, Vilma e Osvaldo. Mas após conversa com a mãe, em um lugar
reservado, ele volta atras e se nega a fazer o exame.
Jayro
tem acesso ao numero de telefone do menino e liga pra ele. Foram algumas
ligações para tentar que ele aceitasse fazer o exame. Depois de 3 tentativas
falhas, Jayro acredita ser melhor dar um tempo ao menino e não pressiona-lo
mais.
Mas
o menino liga pra ele e aceita fazer o exame, porem com uma condição: nada
aconteceria com a mãe dele, Vilma, ele acreditava na mae dele, na historia dela
e não queria que absolutamente nada acontecesse a ela. Sob essa condição, ele
faz a coleta de material, de acordo com ele, com o incentivo da própria Vilma.
No
dia 08 de novembro de 2002, as 6 da manha, Jayro recebe a noticia que ele
aguardava a 16 anos e 10 meses: Seu filho havia sido encontrado. Osvaldo Junior
era o Pedrinho.
Finalmente
ele contou para Lia, que não acreditou. Diante de tudo o que já tinha
acontecido, por mais esperanças que ela tinha, como pode tao de repente o filho
dela ter aparecido? Ela so acredita ouvindo da boca do delegado, vendo o exame,
lendo todas as letras.
Ainda
naquele dia, mais tarde, o próprio Doutor Laércio Bessa vai a casa do casal com
o exame em mãos. E não é so Dona Lia que esta ansiosa por ver o resultado do
exame.
![]() |
Dr. Bessa, delegado e depois Diretor da Policia Civil do Distrito Federal |
O
Correio Braziliense, havia dado a noticia de que o caso Pedrinho tinha
novidades no dia 07 de novembro, o dia anterior ao resultado. Toda a imprensa
ficou pavorosa. Quando o delegado foi entregar o resultado pessoalmente, toda a
imprensa já estava na porta da casa da família Braule Pinto aguardando o tao
esperado 99,9999999999%.
Jayro
e Lia vao para a delegacia e ouvem toda a historia relatada por Vilma sobre
como um gari estava com o filho deles. Até então, eles ainda não sabiam o que
Vilma tinha contado sobre como o menino chegou ate as mãos dela.
A
vida de Osvaldo Junior, o Pedrinho, tinha sido uma boa vida. Morava em um bom
bairro, ótima casa, dois andares, sempre estudou em ótimos colégios, inclusive
estava há anos no Colégio Ávila, era um ótimo aluno, foi bem criado, educado,
inteligente.
Todo
mundo, a priori, acredita na historia de Vilma.
Depois
do resultado do exame, segui-se uma nova etapa: como o menino iria lidar com
aquilo? Ele não era filho da mãe dele, a mãe que ele amava estava sendo
investigada, ele tinha outra família, acabara de perder o único pai que ele
teve a vida inteira e de repente ele tem um outro? Ele tinha sido raptado?
Achado na rua? Estava com um gari? Imagina a cabeça do menino....
Afinal
de contas, quem era aquela mulher que o criou, que ele amava tanto, a mae dele.
Vilma
Martins Borges, era da cidade de Itaguari, muito parecido o nome com a minha
cidade, Itaguai. Eu confundi o nome varias vezes....
Vilma
supostamente, era filha ilegítima de um homem muito rico e casado, com a sua
mãe, dona Olivia Vieira.
A
mae casou com o Sinfronio Martins da Costa que foi quem a registrou. Ela tinha
outros 3 irmãos: Sinfrônio, mesmo nome do pai, Guiomar e Rosimar.
A
mãe dela casou-se uma segunda vez com um lavrador chamado Antonio da silva e
teve outro filho, o Marcos.
De
acordo com a Vilma, aos 11 anos ela foi molestada pelo padrasto e acabou saindo
de casa aos 12 anos. A relação com a mãe era muito difícil. Ela era
constantemente agredida e sair era melhor que ficar.
Ela
foi pra Brasilia e começou a trabalhar em um iate clube chamado Cota Mil, como
garota de programa.
Foi
nesse clube que ela conheceu Carlos Soares da Silva, dono de um restaurante.
Eles se casaram e tiveram 3 filhas: Carla Beatriz, Patricia Helaine e Cristiane
Michelle.
O
casal e as filhas moraram em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.
Durante
o tempo aqui no Rio, os dois começaram a trair e se separaram.
Nos
anos 70 ela volta pra Goiania e abre um bordel de luxo, no bairro de Feliz, o
Sobradão.
E
ela conheceu Jamal Rassi, na época, dono da 2ª maior fortuna do Estado de
Goias.
Jamal
já era casado, mas Vilma viu uma oportunidade.
Segundo
o seu primeiro marido, Carlos, Vilma havia feito uma laqueadura em 1974, quando
eles ainda moravam no Rio, logo após o nascimento da ultima filha deles.
Mas,
ela engravida de Jamal.
Em 1979, ela alega ter dado a luz uma menina,
a quem deu o nome de Roberta Jamilly, na cidade natal dela, Itaguari.
Por
anos, ela recebeu dinheiro de Jamal como forma de pensão. Algumas testemunhas,
dizem, que ela o ameaçava dizendo contar a esposa dele sobre a criança caso ele
não desse o que ela queria.
Ela
manteve o bordel por um tempo, até conhecer Osvaldo Martins Borges.
Osvaldo
tinha um boa condição financeira, trabalhava na Receita Federal, mas,
adivinhem: era casado.
Vilma
ainda trabalhava como garota de programa e eles começaram a ter um caso. E
novamente, ela pensa em que talvez, um filho os unisse e faria com que ele
ficasse com ela.
Osvaldo
era casado há muitos anos com Cleonisia de Oliveira Borges e com ela, tinha 5
filhos: 3 mulheres e 2 homens.
Quando
soube pela Vilma que ela estaria grávida, o que ela previa aconteceu, ele
largou a esposa e casou-se com ela.
Osvaldo
comprou uma marcenaria para Vilma, que fazia e reformava moveis. Essa empresa além
de tudo, acabou muito enrolada, com processos, protestos judiciais, sonegação
de imposto...
O
Osvaldo, quando começou a ter um caso com Vilma, a Roberta ainda era pequena e
quando ela já estava perto dos 16 anos, ele a assumiu como filha, a registrou
inclusive, como pai.
Quando
o caso Pedrinho voltou a ser noticia e tudo foi noticiado, duas das filhas de
Vilma moravam no exterior, uma na Espanha e outra na Italia.
A
sensação que se tinha na época, o comportamento do Pedrinho, era de que ele
amava a mãe, a Vilma, que ele entendia o que a outra família passou, mas ele,
tinha respeito e amor pela Vilma, não por eles.
Com
toda repercussão do caso, Dona Lia vê na TV a Vilma. Imediatamente ela a
reconhece: era a mulher que raptou seu filho.
A esquerda, Vilma. A direita, retrato falado da raptora
Como
um encontro entre eles estava sendo mediado para o dia 10 de novembro, Lia
resolve não comentar nada sobre aquilo, com medo de que essa informação soasse
mal com o filho e o afastasse dela.
O
encontro é marcado.
A
policia civil freta um micro ônibus pra que a família, os 3 filhos e alguns
outros parentes, pudessem ir ate Aparecida de Goiania, há algumas horas de
viagem, encontrar Pedrinho no escritório do advogado de Vilma, Doutor Ezizio
Barbosa.
O
encontro é marcado pela emoção, pela forte cobertura e presença da imprensa e
tambem pela Vilma. Ela estava presente e não saiu do lado do filho nem por 1
minuto.
Dona
Lia, chegou a passar mal devido a emoção de ver pela primeira vez o filho, da
ultima vez, ele era um menino de poucos centímetros, agora tinha quase 1m80,
era quase um homem, de presente ela leva pra ele uma imagem de Nossa Senhora
Aparecida e o livro que ela havia escrito.
Foi
nesse primeiro encontro que a primeira foto dos 3 juntos, que ficou tao famosa,
foi tirada, na sacada do escritório. Vilma, ao lado.
Do escritório, todos vao juntos ao Montana Grill, uma famosa churrascaria na época.
Seu
Jayro e Dona Lia voltam para Brasilia.
Mas
Vilma, faria de tudo para dificultar o contato deles com o filho.
Por
quase 15 dias, eles não conseguiam mais falar com ele de forma alguma.
Diante
da dificuldade, Dona Lia entende que é hora de falar a verdade: Vilma era a
sequestradora do seu filho.
Eles
tentam falar com o filho antes de irem a policia contar tudo, mas não
conseguem.
Quando
descobre que a mãe foi formalmente acusada de ser a sequestradora, Pedrinho
reage muito mal. Ele tenta entrar em
algum tipo de acordo para que não prendessem a mae dele.
Vilma
é chamada pra retornar a delegacia e prestar depoimento. Ela continua negando o
crime de sequestro.
Em
um ultimo ato de desespero e esperança, Jayro e Lia concordam em darem ao vivo,
uma entrevista a Ana Maria Braga no Mais Voce, para tentar um contato com o
filho. Para falarem com ele de alguma maneira, já que eles estavam tendo
dificuldade de verem ele, de falarem com ele, de saberem dele.
E
o apelo dá resultado. Pedrinho assiste ao programa e três dias depois, ele vai
a Brasilia com 3 amigos.
A
policia começa a investigar toda a vida de Vilma. Irmãos, amigos, filhas, todos
são chamados na delegacia pra contarem sobre o que sabiam e ajudarem na
investigação.
Na
primeira declaração que ela da a imprensa, ao repórter que depois, acaba
escrevendo um livro sobre o caso, o Renato Alves, o livro se chama O caso
Pedrinho. A
história que ela conta é de que o marido pegou o garoto de um gari, que ele
jamais compraria uma criança e que ela não tinha o sequestrado.
Sinfrônio,
irmão dela, depõem duas vezes. Na primeira, ele confirma, que em janeiro de
1986, nos dias do rapto do menino, ele levou Vilma a Brasilia, mas que não
sabia de nada sobre o sequestro. Em segundo depoimento, ele confirma que sim,
ele levou ela em Brasilia, ficou na porta do hospital a esperando, mas que ele
não sabia que ela havia raptado a criança, que ele a questionou sobre o bebe e
que a briga acabou quase ficando fisica, e por isso, eles pararam de se falar.
Mas
se toda essa historia já não estava confusa e bizarra, o depoimento de Guiomar,
uma das irmãs de Vilma, acabaria por tornar todo o caso em roteiro de novela.
Guiomar
conta que para que Osvaldo ficasse com ela, ela precisava de um filho, Foi
quando aconteceu o sequestro do Pedrinho. Mas Pedro não era o primeiro. Roberta
Jamilly, tambem não era filha de Vilma.
A
versão de como o menino chegou nela, a Vilma já tinha mudado outra vez. Dessa
vez, o seu marido havia comprado o menino.
Também
se descobre que 20 horas antes da morte do esposo, Vilma havia preparado uma
procuração com o seu advogado e feito Osvaldo assinar, deixando ela como única com
poderes de administrar a herança dos filhos e tudo o que Osvaldo deixava, que
segundo ela, seriam um seguro de vida de mil reais, uns 28 mil e 3 carros.
E
mais ainda, ela fez procurações em nome de Roberta Jamilly e Osvaldo Junior,
dando a ela, poder de responder por eles, mesmo Roberta já tendo 23 anos, sem
que nenhum dos dois soubesse.
Como
fez em relação a Pedrinho, Vilma nega não ser mãe biológica de Roberta.
Por
sua vez, Roberta se nega irredutível, a participar de qualquer exame ou algo
parecido.
Mesmo
assim, a policia começa a procurar pelos pais de Roberta.
Eles
encontram a Dona Francisca , procurando pela sua filha.
Roberta
continua a se negar a realizar o exame. Ela é maior, não é obrigada. Entao o
que a policia decide fazer? Durante uma ida dela a delegacia, eles prestam
atenção nos cigarros que ela fuma e depois recolhem as bitucas do cigarro para
enviarem ao laboratório.
Atraves
do DNA colhido na saliva da bituca , a verdade surge: Roberta Jamilly é
Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, filha de Francisca Ribeiro da Silva e
Sebastiao Severino da Silva.
O
que foi apurado: em 1979, Vilma, raptou a menina da Maternidade de Maio, em
Goiania, um dia e meio depois dela nascer, ela fingiu ser uma enfermeira e
levou a menina.
Esses
hospitais, não conheciam segurança. Aparentemente, qualquer um entrava,
qualquer um saia, povo ia levando criança e ninguém nem questionava, não pedia
a alta da pessoa, não falavam nada...
Um
excesso de confiança no ser humano ou a total falta de senso.
Já
com a criança no colo e ajuda do Doutor Rubens Rodrigues Dantas, que era dono
do Hospital Paulo de Tarso em Itaguari, a Vilma simulou um parto. Ela deu
entrada no hospital, como ela tinha tomado remédio pra engorar e engordou
bastante, ninguém desconfiou. Deu entrada para um cesárea e saiu com um bebe.
Em
uma fonte, reportagem fala de uma auxiliar de enfermagem chamada Maria
Conceição Vieira, que relata ter visto no bracinho de uma criança uma pulseira
escrito Aparecida e depois viu a noticia do rapto na TV, mas que o Doutor
Rubens pediu que ela não falasse nada porque Vilma era perigosa e podia
mata-la.
Apesar
de ter sido raptada em 1979, a certidão de nascimento de Roberta era datada de
05 de março de 1981.
Roberta
se encontrou com a mae biológica. Tiraram fotos juntas. Se eu não me engano,
ela foi na casa da mae duas vezes. Perguntou sobre o pai, que havia morrido de
câncer 11 anos antes. Mas não quis ter seu nome original, não quis continuar a
aproximação com a família biológica.
Quando
a bomba de outra criança sequestrada explode, Vilma foge.
Por
15 dias ela fica foragida.
A
policia, por fim, recebeu uma denuncia. Informava que Vilma estava escondida em
Aparecida de Goiania, dentro de um bau falso no sofá da sala dessa casa. Que,
adivinhe, a policia já tinha ido umas 4 vezes.
E
não deu outra. Vilma, estava escondida dentro do sofá.
O
Pedrinho já estava nesse periodo, passando alguns dias, fins de semana, com os
pais. Algumas datas festivas, feriados....
Vilma
foi presa. Mas ela não iria ficar tanto tempo assim trancafiada.
Novamente,
mais uma vez, a historia que ela conta sobre Roberta e Pedrinho muda: o gari
some. Tanto a Roberta quando o Pedrinho, haviam sido comprados. E o marido dela
sabia de tudo ( o que, os filhos dele, negam, eles dizem que a Roberta sim, ele
sabia não ser filha dele, mas que o Pedrinho, ele morreu acreditando ser dele).
No
caso do Pedrinho, o valor de compra, teria sido em torno de R$ 30 mil, e,
segundo a própria, Roberta foi mais barata, uns R$ 6 mil.
O
processo relacionado ao caso do desaparecimento do Pedrinho tinha sido
arquivado por prescrição de tempo em 1997, já que ninguém havia sido indiciado
como suspeito.
O
delegado precisava estudar pra saber como punir Vilma por seus crimes.
O
tal advogado Ezizio, pediu pra sair do caso alegando que vilma não teria mais
condições de arcar com os honorários dele. Entao ela mudou de advogado. O que
aconteceria outras diversas vezes.
A
imprensa acabou descobrindo quem era a denunciante anônima, a que deu o ponta
pe inicial pra tudo isso. Era uma neta de Osvaldo, Gabriela Borges, filha de
Jorge, um dos filhos de Osvaldo.
Algumas
pessoas da família dele, já desconfiavam de que o Osvaldo Junior, como eles o
conheciam, não era filho de Osvaldo. Mas era um assunto meio tabu entre eles.
Na
internação do avo, antes dele morrer, ela ouviu a Vilma conversando com uma
mulher e dizendo a ela que a própria Vilma, havia feito uma laqueadura há mais
ou menos 20 anos.
Ela
achou aquilo estranho, afinal o tio dela dela tinha 16 anos, como ela poderia
ter engravidado então?
Gabriela,
sem contar pra ninguém, entrou em sites de crianças desaparecidas e na pagina
da Missing Kids, viu a foto de Jayro e na hora viu as semelhanças.
Como
o avo estava muito doente, ela resolver esperar pra contar o que ela tinha
descoberto.
Após
o falecimento do avo, ela ligou para o SOS Criança contou o que ela sabia e depois contou tudo
para a família.
Vilma
não sossegava na cadeia. Ela sempre reclamava que estava doente, conseguia
atestados médicos e ficava ou em uma clinica ou em um hospital. Ela tinha sido
enviada para a Casa do Albergado.
Em
abril de 2003, a prisão preventiva foi emitida.
No
mesmo ano, ela é condenada a 8 anos e 8 meses por subtração de incapaz e
registro falso. Somada a pena pelos mesmo crimes, mas em relação a Roberta, ela
foi condenada a 19 anos e 9 meses.
Várias
historias surgem, até uma em que ela, teria acelerado a morte de Osvaldo, dando
algo similar a raiz forte para piorar o câncer dele. Mas são boatos, nada
confirmado e nem sei se existe isso de se acelerar um câncer com planta.
Enquanto
presa, Vilma não deixou de empreender. Ela montou um sistema de jogatina dentro
da cadeia pra ganhar um dinheiro. Ela é flagrada diversas vezes, até pela
imprensa, fora da cadeia mesmo estando em regime fechado.
Ela
era frequentadora assídua de hospital, por pressão alta, isquemia cerebral,
diabetes, mas nada serio ou fatal.
Durante
uma dessas internações, que duravam dias ( ela chegou a ficar 200 dias fora da
cadeia em 2006, 200 dias de 365 do ano), a policia deu um perdido, como a gente
fala aqui no Rio. Apareceu de surpresa no hospital em uma das entradas dela por
causa da diabetes. Pois o quarto estava cheio de refrigerante, chocolate,
pizza, doces, tudo o que uma diabética não poderia comer. Ela estava
prolongando os sintomas da diabetes pra ficar mais tempo no hospital. Olha o
perigo....
A
pena da Vilma aumentou, depois diminuiu, depois ela foi pro semi aberto, voltou
para o fechado, depois ganhou o semi aberto novamente.
Os
19 anos caíram para 15 em 2004.
Em
2008, ela ganha liberdade condicional. A pena dela terminou em fevereiro de
2019.
Ela
e Roberta foram morar em uma especie de chácara. Que alias, é uma ótima casa.
Muito bonita, grande, confortável.
Ela
vive com metade da pensão deixada por Osvaldo. A outra metade ficou com a
primeira esposa. Dizem que, o valor seria em torno de R$ 15 mil reais, mas não
tem nada que comprove isso. Acredito que ate seja algo perto desse valor mesmo,
porque ela realmente tem uma vida bem comfortavel.
Pedro
se mudou para a casa dos pais em 2003. Ele adotou o nome que eles deram pra
ele, mantendo o Junior.
Se
formou no ensino médio, passou para Direito e se formou. Ele trabalha hoje em
um dos maiores escritórios de advocacia de Brasilia.
Pedrinho no seu primeiro dia de aula em Brasilia
Em
19 de novembro de 2011, ele se casou com Nábyla Gabriela Queiroz de Galvão.
Eles começaram a namorar quando ele tinha 18 anos e ela 15. Fizeram um lindo
casamento na Paroquia Nossa Senhora do Lago em Brasilia. Vilma foi convidada
mas não compareceu.
Ele
ainda mantem contato não so com Vilma mas com as irmãs tambem.
Hoje
ele tem um casal de filhos, Joao Pedro e uma menininha que nasceu em 2019.
Mora
perto dos pais, é extremamente próximo do Dudu, filho mais novo do Seu Jayro e
dona Lia.
Toda
a historia, tudo o que aconteceu e as visitas que ele faz a Vilma, é muito
falado entre eles. Pro Pedro, é uma historia que ficou no passado. Ele me
parece ser grato a Vilma por tudo o que ela fez por ele, apesar dos erros dela.
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