T02 Ep05 O caso Maníaco do Cassino
O Caso
A praia
do Cassino, fica na cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. Ela
já foi considerada a mais longa praia do mundo, com 254 km de extensão. Do Rio
Grande até O Chui, ponto ao sul mais extremo do pais.
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Praia do Cassino |
No verão, a praia do Cassino enche.
Como os carros conseguem chegar até bem próximo a agua, é super comum ver inúmeros
bem na beira da praia, aproveitando um fim de tarde. Cassino é famosa por
ofertar praticas de esporte como o surf, pelos pontos turísticos do Molhes da
Barra, um quebra mar construído para manter a profundidade do canal da praia,
voce pode curtir passeios com golfinhos, com lobos marinhos, pode ir conhecer o
navio Altair, encalhado na praia desde 1976 e acabou se tornando uma atração e
tambem ir conhecer a famosa Estatua de Iemanjá.
O Balneário de Cassino era um lugar
tranquilo e que fora do verão, costumava ser calmo, pacato, mas que nas férias,
se transformava. Era um mar de gente durante o dia aproveitando o Sol e no fim
da tarde e a noite, casais que ia para a praia, curtirem juntos.
Mas tudo mudaria em novembro de 1998.
Felipe Martins dos Santos de 19 anos e
Bárbara de Oliveira da Silva, de 22, foram a praia do Cassino namorar, no dia
11 de dezembro de 1998, como todo casal de adolescentes fazia por ali. Porem,
ao contrario de tantos outros casais, eles não voltariam para casa.
Felipe Martins dos Santos |
Na manha do dia 12 de dezembro, os
corpos de Felipe e Barbara são encontrados ao lado da Palio em que eles foram
para a praia, baleados. Um boato começou a correr pela cidade, afirmando que a
morte do casal seria devido a uma suposta divida que Felipe teria com
traficantes, pela compra de algumas joias que ele a principio não pagou.
Barbara de Oliveira da Silva |
Entre janeiro e inicio de março de
1999, moradores da praia do Cassino, já haviam se recuperado da trágica morte
do casal adolescente e a vida já estava caminhando normalmente. Dia 04 de
março, um casal, que não teve os nomes divulgados, estavam na praia do Cassino,
dentro do carro. Um homem os aborda. Estava armado. Ele rouba o relógio do
homem e o toca fitas do carro. Os dois com medo, perguntam se o homem
desconhecido fará algo com eles. O homem responde: “não to afim de matar hoje.”
Ele os amarra e vai embora.
Há 80 km dali, na praia do Totó, em
Pelotas, somente dias depois, outro
casal está na praia, namorando, dentro do carro. Anamaria Soares, 31 anos e
Márcio Olinto, 30. No dia 10 de março, seus corpos são encontrados na praia, baleados.
Márcio Olinto |
Anamaria Soares |
A policia a principio, acredita que o
crime havia sido praticado por mais de 1 pessoa. O delegado Adilson Mazzin,
declarou que vestígios encontrados no local de crime, davam a entender que se
tratava de um crime com participantes.
Treze pessoas, segundo reportagem de
cobertura do caso do Jornal Agora, foram presas suspeitas de estarem envolvidas
no assassinato do casal.
Tino Rogério Moura, conhecido pelo
apelido de Muralha, se entregou na delegacia em Pelotas, pedindo garantia de
vida. Ele era suspeito de ter participado dos homicídios de Anamaria e Márcio.
Outros tambem foram presos: Flavio
Agostinho Leonor, o Boy, suspeito de ter feito os disparos, Charles Barbosa, Robson
da Silva, um policial militar chamado Gladiomar e Anderson Ferraz, que ainda
segundo a mesma reportagem do Jornal Agora, chegou a detalhar o crime e contar
passo a passo de cada participante.
Ainda em março, na praia do Cassino,
Petrick de Castro Almeida de 18 anos e Brenda Nascimento Graebin, de 14,
estavam deitados na areia da praia. Não tinham carro ou estavam dentro de
algum.
Petrick de Castro Almeida |
Os dois foram atacados repentinamente.
Petrick foi baleado na nuca. Brenda foi violentada e tambem baleada na nuca,
mas Brenda não estava morta. Enquanto o homem estava perto, ela fingiu estar
morta. Quando os dois foram encontrados, Brenda foi resgatada. Ela sobreviveu
ao ataque, mas ficou tetraplégica. Ela foi transferida para o hospital Sara
Kubitschek em Brasilia, uma rede de hospitais especializada em tratamento de
vitimas de politraumatismos ou com problemas motores, com ótimos resultados nas
suas reabilitações.
No fim daquele mês de março, Silvio
Luiz Kleiberg Ibias, um vendedor de 36 anos, casado, estava no Rio Grande a
trabalho. Ele conheceu Adriana Nogueira Simoes, 28 anos no dia 25. No dia
seguintes, eles vão juntos, a praia do Cassino no Corso Bordo de Silvio. Eles
começam a se relacionar, de acordo com reportagens, o clima entre eles
esquentou, bastante.
Silvio Luiz Kleiberg Ibias |
Enquanto estavam distraídos, um homem
surge apontando uma Taurus 7.65 pra eles dizendo ser policial. O homem ordena
que eles coloquem as roupas mas ao invés de tambem pedir para que saíssem do
carro para averiguação, ele entra na parte de tras, ainda apontado a arma para
a cabeça de Silvio. Com certeza, aquela não era uma abordagem policial.
Silvio, com medo, tenta observar o homem
que apontava uma arma pra ele, pelo retrovisor do carro. Irritado, o homem
estilhaça o retrovisor e manda que ele dirija ate uma estrada de terra que ele
indica.
Na estrada, ele amarra Silvio com o
cadarço do sapato e o coloca no porta malas. Assume o volante e volta para a
praia.
O homem exige que Adriana saia do carro
e se deite na areia com o rosto virado para baixo. Ele retira Silvio do porta
malas e o coloca deitado ao lado de Adriana na mesma posição. Os dois começam a
implorar pelas suas vidas, mas é inútil. Silvio é assassinado com 3 tiros na nuca.
Adriana com 2 tiros. Os corpos foram encontrados por um pescador.
Adriana Nogueira Simões |
Desde novembro de 1998 quando Vitor
Hugo Vitola, de 51 anos e Dacila Vitola de 49, professores da Universidade
Federal do Rio Grande, foram encontrados
junto a empregada, degolados em casa, a policia vinha investigando e tentando
conectar esses crimes, mas sem notar similaridades entre eles. Sem perceber que
talvez, pudesses estar de frente a assassinatos cometidos por um serial killer,
termo que até aquele ano, ainda era muito pouco conhecido.
Tanto Brenda quanto o casal que foi
assaltado na praia do Cassino, deram descrições de como o suspeito seria,
inclusive falando de uma tatuagem de dragão e com algo escrito, Vietinã
(escrito errado).
Com o retrato falado em mãos, a
policia, em 1º de maio de 1999, prende Paulo Sérgio Guimaraes, o Titica.
E quem era o Titica?
Paulo Sérgio nasceu em 1971 ali mesmo
perto da praia do Cassino.
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Paulo com uma namorada |
Era fã dos filmes do Rambo. Chegava a
se vestir como ele, com faixa na cabeça e calça camuflada e tudo.
Sua família era extremamente desestruturada.
A mãe o batia constantemente. Quando tinha 5 anos, ela foi embora de casa,
deixando todos os filhos. O pai morreu de câncer quando ele completou 7 anos.
Ele e os 3 irmaos foram enviados para um internato, mas ele só ficou lá por 2
anos.
Não estudou. Não sabia escrever nem seu
nome direito.
Se viciou em exercícios físicos.
Não bebia. Não usava drogas. Sempre
visita a avo e a mae. Algumas vezes, chegou a distribuir balas pras crianças do
bairro.
Quando adolescente, trabalhou como
engraxate e depois virou pescador.
Começou a roubar coisas de pouco valor
ainda na adolescência. Já adulto, foi pego furtando um rádio e uma bussola de
um barco. Um pouco depois, atirou no homem que o flagrou e o denunciou, Manoel
Jovita Vieira.
Foi condenado por essa tentativa de homicídio,
ficando 7 anos preso na Penitenciaria Estadual do Rio Grande, a PERG.
No fim de novembro de 1998, ele foi
solto.
Os assassinatos na praia do Cassino,
começaram em dezembro de 1998 e se estenderam até março de 1999.
Assim que foi detido, Paulo Sérgio
negou sequer saber dos crimes e de estar envolvido de qualquer forma. Seu álibi
era estar em alto mar, trabalhando. O dono do barco que ele alegou estar
trabalhando negou tudo. O álibi era falso.
Confrontado pelas descrições das
vitimas e pelo retrato falado feito por Brenda, Paulo Sérgio confessa os homicídios,
após 10 horas de depoimento e deixar claro não estar arrependido e não sentir
remorso.
Segundo Paulo Sérgio, ele tinha
preferencia por casais que estivessem ou tendo relações sexuais ou que estivessem
namorando distraídos. Eles estariam desprotegidos, e os homens, não reagiriam
pra tentar proteger a mulher.
Ele saia a noite pela praia observando
os carros mais bonitos. Ia até os carros rastejando. Tirava as meias das vitimas,
quando tinham e usava como luva, pra não deixar impressão digital. Tambem
sempre atacava usando boné.
A inspiração dele, a razão para que os
assassinatos começassem, mencionado por ele, era Francisco de Assis Pereira,
conhecido como Maniaco do Parque. O maníaco havia sido preso em agosto de 1998,
apenas 3 meses antes de Paulo Sérgio ser solto. Segundo Paulo Sérgio, o Sul
precisava de um maníaco.
O objetivo dele era superar o numero de
vitimas do Maniaco do Parque, que tinha feito 11 vitimas.
Depois dos crimes, ele sempre ia direto
pra casa, uma feita de madeira, que ele dividia com 1 dos irmãos e a cunhada.
Tomava banho, lavava a roupa suja de
sangue e ligava o radio, esperando as noticias. Assim que ouvia que a policia
havia encontrado os corpos, ele ia para o local. Em varias fotos feitas pela
imprensa, Paulo Sérgio saiu ao fundo.
O agora conhecido pela imprensa e por
todo Rio Grande do Sul como o Maníaco do Cassino, ele ia ate as cenas para
ouvir o que a policia sabia, o que as pessoas comentariam. Coisa de gente super
normal. Mas, como John Douglas sempre diz, é muito comum o serial killer voltar
a cena do crime.
Paulo Sérgio questionado sobre o motivo
de não ter matado aquele casal que eu falei, que não tiveram seus nomes
divulgados, justificou dizendo que não matou porque eles não reagiram. E que ele
chegou a ficar preocupado depois de matar o ultimo casal, Silvio e Adriana. O
motivo da preocupação? A arma dele só tinha mais 9 balas e ele ainda tinha uma
lista com 30 nomes que ele queria assassinar nos próximos meses, incluídos nessa
lista o prefeito da cidade, Brenda, a menina que tinha sobrevivido, Charles Saraiva,
um radialista policial e que aparentemente, Paulo não gostava muito, além de
outros nomes.
O julgamento do Maniaco do Cassino aconteceu
em fevereiro de 2002. Após 2 dias, e um júri unanime, Foi condenado a 171 anos, 4 meses e 20 dias
por 14 crimes: 7 homicidios, 1 tentativa de homicídio, 3 roubos, 2 tentativas
de roubo e 1 estupro.
Um laudo do Instituto Psiquiatrico
Forense, indicou que Paulo Sérgio era semi imputável e que possuía transtorno de personalidade antissocial. Tambem conhecido
como sociopatia. Uma pessoa incapaz de seguir regras, de mentir, de não cumprir
leis, de cometer atos ilegais sem remorso ou culpa, extremamente manipuladoras,
impulsivas e podendo ser violentas. Apesar do laudo de semi imputabilidade, que
atesta a não completa ciência dos seus atos durante os crimes, sua pena foi aumentada
pra 184 anos e 10 meses.
Ele foi encaminhado para cumprir pela Penintenciaria
de Alta segurança de Charqueadas, a PASC.
Em 2007, ele pediu transferência da
PASC para a PERG, onde ele já havia estado preso. O pedido, assim como todos os
outros posteriores, foram indeferidos.
Um levantamento do Jornal Pioneiro de 2018,
aponta que o Maniaco do Cassino, foi a 8ª maior condenação do estado do Rio
Grande do Sul, sendo a primeira a de
Adriano da Silva, o Serial Killer de Passo Fundo, caso que a gente já tem aqui
no podcast, é o 17 episodio da 1ª temporada.
Em 2005, a prefeitura de Rio Grande
concedeu a Brenda e a sua família, um terreno. Atualmente ela, com outros
amigos, tem uma web rádio, chamada Web Rádio Papareia.
Há mais ou menos 2 anos atras, começou
um boato de que Paulo Sérgio seria solto ou que estaria solto, mas era fake News.
Paulo Sergio continua preso.
Fontes de Pesquisa
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