T02 Ep04 O caso Saul Klein

 

O Caso

         


Samuel Klein em frente a sua loja


           

            A Casas Bahia foi fundada por Samuel Klein. Com esse nome você pode ter pensado que um brasileiro ou um baiano tivesse fundado uma das maiores redes de varejo desse pais, mas não: a Casas Bahia foi criada por um polonês.

 

            Samuel Klein era o terceiro filho de Sucher e Sheva Klein (não tenho certeza se pronunciei certo, meu polonês é bem ruim).

 




            Ele nasceu no dia 15 de novembro de 1923 numa pequena aldeia na Polônia.

 

            Sua família era judia, numa região em que os judeus não eram bem tratados e moravam em uma região que já havia sofrido durante a 1ª Guerra, que havia terminado oficialmente a apenas 5 anos.

 

            Quando a Segunda Guerra começou em 1939, a família foi levada para campos de concentração.

 

            Ele e o pai foram para o campo de Maidanek, enquanto a mãe e cinco, dos 8 irmãos dele, foram para o campo de Treblinka, onde acabaram sendo mortos.

 




            Durante a transferência para o campo de extermínio de Auschwitz a pé, em 1944, Samuel conseguiu fugir.

 

            Após descobrir que a casa dele havia sido completamente destruída e trabalhar em pequenas fazendas, ele decidiu sair da Polônia e conseguiu ir para a Alemanha Ocidental, logo depois do fim da guerra.

 

            Samuel conseguiu reencontrar o pai e dois irmãos. Mas a Europa ainda estava muito insegura. Samuel casou-se com uma alemã, teve 1 filho, Michael, e trabalhando como vendedor começou a juntar dinheiro para sair da Europa.

 

Samuel e Anna


            Tentou ir para os EUA. Não conseguiu, mas conseguiu um visto para a Bolívia. Em 1951, ele, a esposa Anna Wangerin e o filho, vem para a América do Sul. A Bolívia passava por uma revolução e tendo uma tia que morava no Rio de Janeiro, Samuel acha que o melhor é vim para o Brasil.



 


            Em 2 meses no Brasil ele consegue o visto de residência e vai com a família para São Caetano do Sul, no ABC Paulista.

 




            Samuel havia conseguido juntar seis mil dólares na Europa e com esse dinheiro, compra uma pequena casa, uma charrete e uma cartela de clientes de outro judeu e começa a trabalhar como mascate, vendendo de porta em porta. Samuel começou a prática de deixar os clientes pagarem em uma especie de crediário, em parcelas, o que fez com que as vendas fossem muito boas.

 

            Em 1957, Juscelino Kubitschek, autoriza montadores de carro internacionais a se instalarem no Brasil. E várias acabam por irem para a região do ABC. A mão de obra para essas fábricas veio da região Norte e nordeste do pais, regiões quentes não acostumadas ao clima um pouco mais frio e chuvoso da terra da garoa. Samuel viu nisso uma oportunidade de vender mais cobertores.

 

            Em janeiro de 1958, ele resolve abrir uma loja em São Caetano, na Avenida Conde Francisco Matarazzo. Ele deu a ela o nome de Casas Bahia, em homenagem aos clientes que ele tinha, na maioria nordestinos. A loja começou a várias os produtos que vendia, além de cobertos e roupa de cama, como moveis e colchões.



Primeira loja das Casa Bahia em São Caetano do Sul



    Assim começava a história de sucesso da Casas Bahia que daria a Samuel o apelido de “o rei do varejo

 

            Samuel teve 4 filhos: Michael, Saul, Oscar e Eva.

 


Samuel com os 4 filhos: Michael, Saul, Oscar e Eva



            Nos anos 2000, a Casas Bahia se fundiu ao conglomerado Pão de Açúcar e hoje, faz parte da Via Varejo, que une além das Casas Bahia, o Ponto Frio. Hoje, a Casas Bahia é considerada a 6ª maior rede de varejo de toda América Latina e a 2ª do Brasil.

 




            Em novembro de 2014, Samuel Klein veio a falecer de insuficiência respiratória.

 





            A gestão do seu império ficou a cargos dos seus filhos: Michael e Saul.

 

Samuel e Michael 



            Mas toda essa história de superação e sucesso, escondia uma história bem mais sombria.

           

            Não foi só a Casas Bahia que Samuel deixou para o seu filho Saul. A predileção por meninas novas tambem.

 

            Em abril de 2021, a Agência Pública, escreveu uma reportagem em que denunciava o aliciamento de crianças e adolescentes por Saul Klein e seu pai, Samuel Klein.

 


            Saul é o segundo filho de Samuel Klein e Anna. Nasceu no dia 23 de fevereiro de 1954.






            Seu nome é uma homenagem ao seu avô.


            Em 2009, ele vendeu a sua parte na Casas Bahia, integralmente ao irmão, Michael.

 




            Saul acabou se envolvendo no mundo do futebol. Ele investiu dinheiro no São Caetano no início dos anos 2000 e comprou o Clube Ferroviária, de Araraquara em São Paulo, que inclusive estava pra ser vendida para uma marca de cerveja por R$ 30 milhões de reais no início desse ano.


            Em 2020, ele foi candidato a vice prefeito de São Caetano pelo PSD.





            No fim do mesmo ano, a jornalista Monica Bergamo, publicou na folha de São Paulo, matéria em que conta acusações que estavam surgindo contra Saul: 14 mulheres o acusavam de estupro e aliciamento.


            Saul, para operacionalizar suas preferencias, abriu, atraves de terceiros, uma agência de modelos fictícia.


            As meninas se inscreviam para seleções de modelos. Chegando lá, elas recebiam a proposta de fazer o que era chamado de “teste com o príncipe”.



            Essas meninas vinham de diversos lugares do país para são Paulo. Eram chamadas para testes de seleção de redes de supermercados, lojas, marcas de biquinis, mas tudo não passava de um disfarce.





            As meninas selecionadas para o “teste com o príncipe”, eram informadas de que estava em São Paulo um príncipe, e que ele, pagaria muito mais que aquela proposta inicial que a menina não passou.


            Elas então, era direcionadas para uma das propriedades de Saul. Chegando lá, elas eram ensinadas sobre o que falar, o que responder, como responder, como falar. Ele fazia a todas, 22 perguntas. Acertando todas, conforme o que elas eram ensinadas antes, elas eram induzidas a praticarem sexo com ele.


            O grupo de meninas ficava nas propriedades do “príncipe” de quinta a domingo.



            Nos fins de semana, elas iam ao que era chamado de spa, um sitio pertencente a Saul, em Boituva, no interior de São Paulo. No spa, elas relatam um ritual: ele chegava depois de todas já estarem lá. Todos precisavam fazer um circulo. Ele ia passando de uma em uma no circulo dando um beijo na boca. As meninas precisavam ficar dizendo que ele era maravilhoso, batendo palmas para ele, fazendo festas. Elas chamavam ele de Zinho, mas ele, gostava que o chamassem de amor.





            Quando o circulo acabava dava-se o inicio da festa.


            Saul aparecia vestido com um rei, com coroa e tudo. Nas festas, uma banda formada só de mulheres tocava. As meninas tinham que cada uma, cantar uma musica para Saul. Acabando o show da banda, todos iam para a sala acústica.





            Nenhum homem era permitido além de Saul. Na sala acústica elas relatam bebidas alcoólicas para todas, inclusive para as menores de idade, brincadeiras como prendas, que Saul gostava que elas fizessem  e sexo oral, sexo vaginal.


            As vitimas declaram terem seu peso controlado, serem pressionadas a procedimentos estéticos que não queriam e a fazerem sexo com ele. Elas ganhavam em torno de R$ 3 a R$ 4 mil reais por semana. Tinham que fazer aulas e decorar filmes pornôs para fazerem igual. Não podiam usar celulares, não podiam se comunicar com ninguém de fora da casa.

 

         


            Segundo as denuncias apresentadas não  na reportagem da jornalista Monica Bergamo, mas como em reportagem da Uol Esportes de dezembro de 2020 e do documentário tambem produzido pela Uol, divida em 3 episódios, existia um organograma bem estruturado para organizar toda essa operação. No topo dessa organização estavam 3 mulheres: Marta, Ana Banana e Deia.



            Marta Aparecida Gomes da Silva é apontada como a chefe de todo o esquema. A dona da agencia chamada Avlis.


            Saul, como aponta sua defesa, contrata a agencia de Marta para organizar festas para ele e que tambem selecionasse modelos para essas festas. Caso, durante a festa, Saul e a modelo tivessem afinidade, surgia a relação de sugar baby e sugar daddy. Sem que elas fossem pressionadas ou obrigadas a isso, mas por livre vontade.




            Maria Aparecida foi citada e intimida diversas vezes em diversos processos abertos pelas vitimas, mas nunca respondeu a nenhuma.


            Em 2020, a policia, mesmo sem o depoimento dela, finalizou o inquérito e pediu a prisão de Marta por crime de organização criminosa, tráfico de pessoas, co autora de estupros, falsificação de documentos, submeter pessoas a condição análoga a escravidão e exploração sexual.

           

Caso voce não saiba, prostituição no Brasil não é crime. Exploração sexual sim. Impor a pratica de sexo, não dar a liberdade da escolha... É crime!

 

            As meninas escolhidas precisavam ser brancas, altas, ter manequim 34/36 e parecerem ser muito mais novas do que elas realmente eram.




            Os relatos das vitimas são extremamente fortes.

 




            O passaporte de Saul acabou sendo retiro e ele ficou impedido, pela justiça, de contatar as 14 mulheres que o acusavam, em 2020. Em 2021, a Justiça devolve a ele o passaporte.


            Saul, atraves do seu advogado, Andre Boiani e Azevedo, alega ser somente um “sugar daddy”, um homem mais velho  que sente prazer em sustentar financeiramente mulheres mais novas em troca de prazer ou de relação sexual, mas ele não era um estuprador ou um aliciador.




            No dia 25 de dezembro de 2021, após as reportagens, ele se desliga do comitê de gestão da Ferroviária.


            Eu disse que haviam 3 mulheres no hierarquia de toda essa operação para satisfazer Saul Klein. Então vamos as outras 2: Ana Banana e Deia.


            Ana Paula Fogo, conhecida como Ana Banana, assim como Deia, era a responsavel por ensinar as meninas o que dizer, como dizer, o que elas precisavam fazer, cuidava pra que não bebessem demais, para que fizessem tudo conforme Saul queria.




            Na serie da Uol, e tambem em uma entrevista concedida a Guardiã da Noticia, que vocês tambem encontram no Youtube, conta que em uma balada gay, ela conhece e fica com uma menina que indica Ana para Marta. Marta Aparecida. Ela é levada por Marta para o que seria, a recepção de uma reunião em um hotel de luxo, mas que, como vocês já podem imaginar, era um encontro com Saul Klein.





            Ela recebe no dia em torno de R$ 1.500, mas não como pagamento, como um presente.


            Ela depois é chamada para passar um fim de semana em uma das propriedades dele. Nesse fim de semana, após todas exagerarem muito na bebida e ela cuidar tanto das meninas quanto do Saul, ela acaba se tornando um tipo de coordenadora. Ana relata que após um momento, ela passa a receber R$ 20 mil por mês, pra trabalhar para o Saul.

            

            Ele alugou um apartamento pra ela. As meninas vinham do pais todo sempre um dia antes do previsto para irem para o SPA, então os seguranças, liderados por um homem conhecido como Junior, levavam elas do aeroporto ate esse apartamento.


            A Deia, era a governanta da casa. Das 3, a que menos aparece nos processos. Mas que assim como Ana, recebia para manter as meninas controladas e a rotina da casa funcionando.


            Das 3, a mais temida por todas as vitimas com certeza era Ana. A relação de devoção dela em relação ao Saul, era imensa. E as humilhações que ela cometia as meninas, era proporcional. Ela chantageava, ameaçava, castigava. A que cuidava do rodizio de meninas no quarto de Saul e dava a cada uma tarefas. Era dela a responsabilidade de que tudo saísse como o Zinho queria que saísse.





            Tanto Ana, quanto as vitimas, procuram o projeto social conhecido como Justiceiras, que fornece apoio juridico, psicológico para mulheres vitimas de violência domestica ou qualquer outro tipo de violência. Ana, processou Saul na esfera trabalhista.


Carta de Ana Fogo para Saul Klein



            Entre 2018 e 2020, três acordos são feitos com pactos de confidencialidade com o valor de R$ 800 mil.


            Em um deles, Saul alegou não ter assinado ou ter sido responsavel pelos pagamentos. De acordo com uma pericia grafotécnica, que não se se indicada pela justiça ou se contratada pela defesa, a assinatura era falsa.


            Os outros dois, ele pagou, segundo ele, por medo das mulheres divulgarem fotos intimas dele.


            A maioria das meninas que participavam dos encontros, eram de família pobre, algumas sem estrutura alguma e que acabavam se tornando dependentes financeiramente de tudo aquilo. Com aquele dinheiro, que para as famílias, eram de campanhas, trabalhos como modelos, elas ajudavam em casa, supriam o que o salario ou da mãe, que muitas vezes eram as chefes de família, não conseguiam com o trabalho de empregada domestica ou o salario de toda a família, somado, não chegava perto do que elas recebiam.






            Em abril deste ano, Saul Klein foi indiciado. O pedido de prisão preventiva foi negado e o juiz Fábio Calheiros, enviou a denuncia para a policia novamente pedindo mais diligencias.


            Ele e outras pessoas, foram indiciados por sete crimes: organização criminosa, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, favorecimento à prostituição, manter casa de prostituição e promover trabalho análogo à escravidão.


                        Toda essa historia megalomaníaca, não começou com Saul Klein, mas, segundo denuncias apuradas pelas reportagens da Uol, teve inicio na década de 80, no escritório da presidência da sede da Casas Bahia em São Caetano do Sul.


            Mais do que o nome, um império varejista, Samuel Klein deixou para o seu filho, o seu modus operandi. Preferencias sexuais e modo de atrair meninas para uma vida de luxo, mentiras e sexo.

 


 

            Samuel Klein, recebia meninas na sua sala, dentro da sede das Casas Bahia em São Caetano, na Avenida Conde Francisco Matarrazo. para encontros em troca de produtos da loja e dinheiro.





            Tudo teria começado ainda nos anos 80 de acordo com a reportagem.  Karina Lopes Carvalho, hoje com 41 anos, conta a reportagem que aos 9 anos, no fim dos anos 80, foi ate a sede, depois que a irmã mais velha, que tinha 12, contou a ela que indo lá, tinha um senhor que dava presentes e dinheiro. Karina queria um muito um tênis. Ela não tinha nenhum, precisava usar os das irmãs e ela queria ter um dela. A irmã avisou que ele daria um beijinho dela, mas que ela poderia ganhar o tênis. Karina foi. Depois de esperar um pouco, ela entrou na sala dele. Samuel já beirava uns 70 anos , o que assustou Karina. Ele passou a mãos nos seios dela. Karina saiu de lá com um par de tênis e um pouco de dinheiro.

 


            Ela tinha somente 9 anos. Karina voltou outras vezes. A família de Karina, como a de todas as denunciantes, era muito pobre e a chance de ganhar aquelas coisas, aqueles produtos, fazia com que ela sempre voltasse. Aos 9 anos, ela foi levada para um pequeno quarto que Samuel mantinha no escritório e foi violentada sexualmente.



            Atraves da reportagem da Agencia Publica, conseguimos entender a vitimologia do caso. Meninas muito novas, entre 9 e 14 anos, muito pobres, virgens, com famílias desestruturadas em alguns casos, levadas por outras meninas tão novas quanto elas.






            A Agencia Publica ouviu 35 vitimas, teve acesso a 7 processos cíveis e criminais com denuncias de abuso sexual. Quatro processos com indenizações por danos morais. Oito processos arquivados em sigilo e falou com funcionários da Casas Bahia e de Samuel Klein que, em entrevistas, corroboraram as denuncias.




            Entre o inicio dos anos 80 até meados de 2010, Samuel Klein teria cometido estupro de vulnerável e exploração sexual, em uma extensa rede de exploração sexual.


            Os encontros em sua maioria aconteciam na sede de São Caetano. A caixa da loja era responsavel por pagar as meninas. Elas desciam com bilhetes assinados pelo próprio Samuel para receberem dinheiro. Ou, elas era avisadas para separarem um determinado valor, que era para esses pagamentos. As meninas, eram conhecidas na loja como Samuquetes.

 


            Mas a sede não era o único lugar em que os crimes aconteciam. Outros eram um apartamento que ele tinha no Edifício Universo Palace, em Santos. A ilha Porchat em São Vicente, a casa que ele possuía na cidade de Guarujá e uma casa em Angra dos Reis, em Porto Bracuhy, inclusive até bem perto de onde eu moro.


Samuel e algumas das meninas, durante café da manha que ele promoveu em uma das salas de reunião da sede das Casas Bahia


            Pra que todo o esquema desse certo, Samuel contava com uma rede de apoio. Funcionários que transportavam as meninas, helicópteros , seguranças, secretárias, governantas, taxistas.


            Organizadores de festas que ele dava  com até 20 meninas, crianças.


          


            São meninas aliciadas por adultos. Vindas da necessidade. Da pobreza. Até os pedidos delas eram inocentes, como um simples tênis ou cestas básicas.





            Ao descobrirem o que estava acontecendo, varias famílias denunciaram Samuel. Todos silenciados com acordos extra judiciais. Três processos chegaram a ter andamento, mas a morosidade da justiça foi tamanha, que os processos prescreveram.





                Muitas vitimas, já adultas, processaram Samuel Klein pedindo indenização.



                Uma dessas mulheres, em depoimento a reportagem, relata ter sido estuprada por Samuel aos 16 anos, em 2008 e mantida presa em Angra dos Reis por vários dias. No depoimento a policia, Samuel confirma que ela esteve sim em Angra mas que ela não era menor de idade.


                Ainda segundo a Agencia Publica, diversos ex funcionários da loja, ao saírem, entraram com processos trabalhistas contra as Casas Bahia, alegando situações vexatórias e relatando episódios de precisarem entregar dinheiro ou produtos, a menores de idade, a pedido ou de Samuel ou de Saul.


            Uma das vitimas, que frequentou o escritório de São Caetano entre 2009 e 2013, relata:


            “ Depois do almoço a gente sentava e ele mandava colocar o filme. Era uma reportagem que conta a historia dele, de como fugiu da guerra. Era sempre o mesmo e quando acabava, todo mundo aplaudia."





            Em dezembro de 2009, Samuel aparece em fotos, entrando com adolescentes em 2 helicópteros diferentes. A ANAC conferiu que em 2009, os 2 era de propriedade da Casas Bahia.





            Lúcia Amélia Inácio, foi contrata como enfermeira, nos anos 70, para uma unidade médica que atendia aos funcionários da loja sede. Aos poucos, ela se tornou secretaria pessoal de Samuel e , de acordo com ex funcionárias e vitimas, a responsavel por aliciar as meninas e traze-las para Samuel.


            Era Lucia que cuidava dos pagamentos, das festas, da distribuição de cestas básicas para as famílias das meninas.


            Mas Lúcia não era a única. Tambem existia Kátia Lemos.


            Kátia Lemos, outra mulher apontada como aliciadora, começou a trabalhar para Samuel aos 13 anos de idade.


            Em entrevista a Agencia Pública, Katia confirma que trabalhou para Samuel, mas afastando as meninas que iam a procura dele querendo dinheiro. Cabia a ela, afastar as que ele não queria mais encontrar, mas nenhuma era menor de idade. Todas diziam a ele, que tinham mais de 18 anos.






            Kátia organizava festas nas casas de Samuel e fazia toda a logística para levar as meninas.





            Para levar as meninas, vários taxistas do ABC, e que testemunharam, eram pagos por seguranças da loja. Eles iam até a casa das meninas e as deixava na sede.


            A sede em São Caetano possuía helipontos. De lá, Samuel ia para Angra dos Reis com as meninas.




                Já na casa, ele separava as meninas e formava um grupo que iria para o quarto com ele, praticar sexo vaginal ou oral, sem uso de qualquer método contraceptivo. As escolhidas, ganhavam entre R$ 500 a R$ 1.000.




                Tudo girava em torno do dinheiro. Katia Lemos conforme apuração da Agencia Pública, teria adquirido com valor bem abaixo do mercado, 2 apartamentos por contratos de promessa de venda feitos em cartório em Cajamar e depois registrados no 3º Cartório de Registro de Imóveis em Santos. Os apartamentos 1204 e 1205 no 12º andar do Universo Palace, que fica a beira mar, no bairro de José Menino em Santos e que pertenciam a Samuel Klein.


                A venda foi feita em junho de 1998 por R$ 15 mil cada, ¼ do valor dos apartamentos de 110m².


                Samuel se apresentava para as famílias das vitimas como um benfeitor, um avo, que ajudava, que apoiava. A algumas, ele chegava a chamar de neta.





                Na Ilha Porchat, em São Vicente, vizinhos relatam filas de até 50 meninas na porta do prédio esperando. Samuel costumava distribuir dinheiro e as mais bonitas, convidar para suvir e comer uns lanches.


                As filas começaram a crescer, cada vez que ele ia, até que foi feito um abaixo assinado pelos moradores pedindo que ele saísse. Foi quando ele parou de ir.


                Para ficar claro, nenhum processo judicial contra Samuel chegou ao final. A maioria terminou em acordos com pacto de confidencialidade ou foram extintos.





                Em 2010, Karina, a vitima que eu falei logo no começo do episodio, assim como suas irmãs, fecharam acordos. Cada uma recebeu cerca de R$ 150 mil .


                Antes de 2012, casos de estupro contra menores prescrevia após 20 anos. Além disso, grande parte das denuncias foram feitas quando Samuel tinha mais de 70 anos, o que faz cair pela metade o tempo da prescrição: 10 anos.





                Um desses processos, em 2011, foi julgada como extinta a punibilidade e o processo, arquivado. Mesmo o Ministerio Publico reconhecendo os indícios dos abusos, pediu o arquivamento porque Samuel não poderia mais ser responsabilizado criminalmente.





                Uma prática muito usada por Samuel era a de evitar as intimações. Ele evitava a todas até o prazo esgotar. Ou ele não estava nos endereços, ou estava adoentado, ou viajando...


                Samuel Klein, o rei do varejo, faleceu sem ser responsabilizado pelos crimes que cometeu.

 




                E para quem pensa, que toda essa narrativa, termina em Saul Klein, errou. Provando que é uma herança de pai para filho, em agosto desse ano, uma reportagem trouxe denuncias de agressão contra mulheres tendo como autor das agressões, Philip Klein, filho único de Saul.


            Philip, de 32 anos, possui 4 empresas. Duas em sociedade com o pai, um bar e uma organizadora de eventos.




            De acordo com a reportagem, Em 2020, ele teria sido condenado por urinar em mulher desconhecida durante um voo comercial. O voo atrasou, ele e alguns amigos ficaram bebendo no aeroporto e quando já estava dentro do avião, em voo, ele urinou na passageira enquanto ia ao banheiro e ele so colocou suas coisas no devido lugar quando se aliviou totalmente.


            Ele acabaria sendo preso por ato obsceno e atentado contra a segurança de transporte aéreo, mas pagou fiança e foi solto.


            No ano seguinte, ainda segundo matéria, uma ex companheira, prestou queixa contra ele alegando ter sido agredida e mantida trancada dentro de um quarto.


            Philip teria a ameaçado com uma faca, a arrastado pelo chão pelos cabelos. A mulher procurou ajuda medica, foi para o IML fazer exame de corpo de delito e conseguiu uma medida protetiva.


            Em toda essa história, fica muito nítido, claro, o papel que mulheres, elas sendo vitimas ou sendo as que colaboravam para a perpetração dos crimes.


            Mulheres sendo aliciadoras de meninas, de crianças por dinheiro, por enriquecimento. Consentindo, escondendo, vivendo em função de agradar a esses homens poderosos.


            E que não são os únicos.

 

 


 


Fontes de Pesquisa e Créditos das imagens:


Wikipedia

EM

Portal Viu

Agência Pública

Agência Pública

G1

Jovem Pan

Uol Universa

Uol Universa

Uol Universa

Uol

Saul Klein e o Império do Abuso 01

Saul Klein e o Império do Abuso 02

Saul Klein e o Império do Abuso 03

Justiceiras

Guardiã da Noticia

Everybody Wiki

Uol Esportes


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