T01 Ep07 O caso Sanfelice
Oi pessoas, tudo bom?
Primeiramente,
sejam muito bem vindos a mais um episódio do Sob Investigação.
Hoje, vamos
contar o caso do assassinato da jornalista Beatriz Helena de Oliveira
Rodrigues.
Beatriz, também
conhecida como Bea, apelido que a família e os amigos a chamavam, era formada
em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e há 11 anos, era sócia proprietária da Atende Assessoria de Imprensa e Marketing.
Beatriz ou Bea, como os amigos e familiares a chamavam |
Era casada com Luiz Henrique Sanfelice, umas fontes dizem que eles estavam casados há 12 anos, outras de que eram 10 anos, então não sei exatamente quanto tempo de casados eles tinham. O casal tinha um filho de 4 anos, Vitor.
Luiz
Henrique era ex diretor comercial da indústria de calçados e trabalhava com
importação e exportação de sapatos.
Luiz Henrique Sanfelice |
Eles moravam
no centro de Novo Hamburgo, na rua Heller, num apartamento de um condomínio cobiçado que ocupava todo o 16º andar do prédio.
No dia 12 de
junho de 2004, um Dia dos Namorados, Beatriz e Luiz tomam café da manha juntos,
por volta das 8:15. Meia hora depois, Luiz sai para ir ao banco. De lá, ele
liga para Beatriz, dizendo que esqueceu o cartão em casa.
Beatriz sai
de casa no seu Zafira as 9,vai até o Banco do Brasil e saca R$1.000 da sua própria conta bancária, dá
R$ 50 para Luiz devolver uma fita
cassete na locadora. Ela liga para um amigo, suposto amante as 9:18 e desmarca o
encontro que eles teriam naquele dia, dizendo que o marido tinha dito que faria
uma grande surpresa pra ela no Dia dos Namorados.
Ela dá uma
carona para o marido até a lotérica e fica com o carro dele, um Mégane Branco.
Beatriz |
Por volta
das 9:40 da manha, testemunhas veem fumaça perto do Santuário das Mães, no bairro
de Roselândia.
Santuário das Mães |
A irmã de
Beatriz vai até o apartamento no mesmo dia, no fim da manhã e cruza com o Luiz
chegando as 11. Meia hora depois, ele vai tomar banho.
No dia
seguinte, dia 13, Luiz informa a policia o desaparecimento de Beatriz. No mesmo
dia, ele liga para o corretor de seguros do carro.
Mais ou
menos as 11 da manha do dia 13, um carro queimado é encontrado no Santuário das
Mães, no Vale dos Sinos, durante um sobrevoo do helicóptero da guarda
municipal. Dentro do carro, um Mégane
branco, tinha um corpo carbonizado no
banco do carona.
Sanfelice vai
até o IML e identifica o corpo carbonizado como sendo o de Beatriz atraves da
aliança.
Mégane Branco encontrado queimado |
Beatriz foi
velada no dia 14 e sepultada no dia 15
de junho, no Cemitério Ecumênico Cristo Rei, na cidade de São Leopoldo, vizinha
de Novo Hamburgo.
No dia
seguinte ao sepultamento, amigos e familiares, realizaram uma passeata pedindo
esclarecimento do crime. Luiz segurava um quadro enorme com a foto de Beatriz
enquanto chorava.
Ele dizia que
tinha certeza absoluta de que Beatriz tinha sido vitima de latrocínio.
Dia 17 do
mesmo mês, cinco dias depois do assassinato de Bea, Sanfelice presta depoimento
na 10ª Região Policial, ao delegado Randolfo Vieira Júnior, responsavel pelo
caso. Ao ser questionado de qual seria o motivo de Beatriz estar no carro dele,
Luiz alega que o Zafira dela estava com um problema na tampa de combustível e
que ele levaria para consertar, mas durante pericia do veiculo, não foi
encontrado nenhum defeito.
A policia
vai até o apartamento do casal fazer uma busca. Não localiza as roupas que Luiz
teria usado no dia 12 e que estariam com fuligem, de acordo com depoimento da
irmã de Beatriz. Eles encontram um calmante chamado Dorminid, que a policia
achou ter sido usado para dopar Beatriz.
Em depoimento
a policia, o amigo e suposto amante de Beatriz, que iria encontrar com ela no
dia de sua morte, Luiz Henrique Heldt, afirma que Beatriz havia encontrado 24
fitas de vídeo em que Sanfelice aparece fazendo sexo com diversas mulheres
diferentes, além de bilhetes e fotos dele com mulheres. Nesses vídeos, algumas
das mulheres aparentavam estarem dopadas.
A policia tambem
se questionava o motivo de Beatriz sacar um valor relativamente alto para teoricamente comprar um presente, se ela
tinha a opção de pagar com cartão de crédito, o porquê objetos caros que
estavam dentro do carro não terem sido levados e se a morte dela teria ocorrido
antes ou depois do fogo. Infelizmente, não encontrei o laudo médico com a causa
mortis ou alguma reportagem que dissesse se havia ou não fuligem no pulmão
dela, o que já daria pra saber se ela estava viva ou não. Então não sei
exatamente a conclusão pericial e do IML sobre a morte dela.
No dia 18, a policia pediu a prisão preventiva
de Sanfelice.
Matéria do Zero Hora do dia 17/06/2004 |
O delegado
entrou em contato com a montadora Renault que confirmou que, não era possivel
tirar combustível por sucção do tanque de combustível do Mégane, então a policia
concluiu que a troca de veículos aconteceu, porque o combustível já estava no
carro separado. O foco do fogo foi o corpo de Beatriz, o que corroborava a
ideia de que o proposito do incêndio, era a morte de Beatriz.
Em
entrevista no dia depois da prisão de Sanfelice, a policia apontou 2 motivos
para o assassinato: passional e financeiro.
Havia uma
apólice de seguro do dia 05 de fevereiro de 2004 no valor de R$ 350 mil em nome
de Beatriz em que o único beneficiário era Luiz Henrique Sanfelice.
Durante os
interrogatórios, foi localizada uma mulher de 31 anos, amante de Sanfelice há 9
anos, e pra quem ele havia comprado um apartamento. Ela em depoimento diz que
no inicio daquele ano ele havia comentado em colocar fogo no carro dele porque não
estava conseguindo vender. Tambem contou que na semana do crime, ele contou que
tinha certeza de que estava sendo traído por Beatriz. Ele, que tinha uma amante
praticamente o mesmo tempo que era casado, estava chateado por, supostamente,
estar sendo chifrado, porque ela, podia estar num trisal sem saber mas ele não.
Ele não podia jamais ser enganado. Só a mãe do filho dele, que tambem era a
esposa dele.
Sanfelice sendo levado para depoimento |
Sanfelice
havia contratado um detetive particular por R$ 2.200 mil, 20 dias antes do crime. O detetive colocou
escutas no apartamento do casal e no escritório da beatriz. Tambem grampeou os
telefones residências, do escritório e o celular dela, 1 semana antes do assassinato.
Dois dias
depois da morte de Bea, o detetive ligou para Luiz que pediu que ele tirasse as
escutas e os grampos, e não o procurasse mais.
A policia
tambem investigou a hipótese levantada pela defesa do crime ter ocorrido por
causa de alguma espionagem. Sanfelice teria contratado o detetive para seguir
Beatriz, desconfiado não de uma traição, mas dela estar passando informações
sobre o seu negócio ou entao que o amante dela estaria vazando. Informações
super importantes sobre cores e tamanhos de sapatos que ele tinha pra vender.
Contra a acusação
da motivação financeira, a defesa alegava que Luiz tirava mensalmente R$ 30 mil,
além de ter seus carros quase quitados, contas em dia, o apartamento com mais
de meio milhão de parcelas já pagas,mais de R$ 80 mil em mercadorias já
vendidas, portanto não havia necessidade
de dinheiro. Porém, foi descoberto um desfalque de US$ 380 mil doláres na
empresa dele de exportação.
A babá do
casal, Leani Elisabete Engster da Silva, tambem foi indiciada acusada de ter
recebido dinheiro para mentir em favor
de Luiz , para confirmar o alibi dele.
Uma testemunha
confirmou ter visto Luiz no local do crime, 1 dia antes.
No dia 21,
Levino Weber Filho, advogado de defesa, pediu a revogação do pedido de prisão,
que foi negado. Os advogados então, se retiram do caso.
A prisão
preventiva é solicitada pelo MP por acreditar que existia um alto risco de fuga.
E eles não podiam estar mais certos.....
Dois dias
depois da denuncia do MP, a juíza Lucia Helena Camerini abriu o processo,
indiciando Luiz por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, meio cruel
e emboscada.
Sanfelice dizia
que estava sendo vitima de um complô. Que as câmeras do centro da cidade
mostrando eles, tinham sido deletadas.
Dia 23 de
julho, em pericia no computador de Sanfelice, foi encontrado um roteiro escrito
4 dias antes do assassinato, o que pareceu uma tentativa de produzir um álibi e de
premeditação.
No início de
agosto uma nova equipe de defesa, assume liderada por Amadeu de Almeida Weinmann.
A defesa
tinha imagens de uma Câmera de segurança de um shopping em que aparece um homem
que diziam ser o o provável amante de Beatriz, dirigindo um Mégane branco igual
ao que Beatriz estava.
Porém, 3
horas após a divulgação do vídeo um homem se apresentou dizendo que ser o homem
entrando no shopping com o carro.
Em fevereiro
de 2005 a equipe de defesa renuncia e pela quinta vez outra equipe assume a
defesa de Sanfelice.
O julgamento
começou no dia 14 de dezembro de 2006. Após um interrogatório de 5 horas, 3 dias de julgamento somando mais de 40 horas Sanfelice
é condenado a 19 anos e 3 meses em regime fechado com direito a progressão de regime.
A babá foi
absolvida de todas as acusações.
Por bom comportamento o acusado teria direito a regime semiaberto após cumprir 1/6 da
pena. Como já estava preso há 30 meses, ele teria direito a progressão de
regime em 8 meses depois da data da condenação.
Após 2 anos
e 8 meses no presídio central foi transferido para a penitenciária Modulada de
Montenegro.
Dezesseis de
março de 2007 vai para o presídio estadual de Novo Hamburgo para o regime
semiaberto e trabalhava durante o dia e voltava para o presídio à noite.
Em uma
dessas saídas saiu e não voltou sendo considerado foragido a partir do dia 10
de abril de 2008.
No dia da
fuga a segunda Câmara criminal do tribunal havia decidido revogar o semiaberto
até que ele passasse por um exame psicológico e social.
Quatro dias
depois ele envia uma carta advogada dizendo que fugiu para provar que era
inocente.
Em agosto de
2009 incluído na lista de mais procurados da Interpol.
Em maio de
2010 a polícia federal é avisada de que Sanfelice tinha sido capturado pela polícia nacional da Espanha em Sevilha.
Foi preso em
Sevilha andando pela rua. Depois que fugiu Luís foi primeiro para o Rio de
Janeiro onde morava a mãe tentar nacionalidade espanhola e o passaporte
espanhol no consulado do Rio. Quando conseguiu foi para o Uruguai e de lá, em
junho de 2008 voou para Madrid.
Na Espanha
trabalhou como ajudante de pedreiro como porteiro e fez cirurgias plásticas no
rosto.
O Itamaraty
pediu a extradição em maio de 2010. O fugitivo relatou para a polícia espanhola que tinha
sofrido tortura e extorsão a prisão no
Brasil para tentar a não extradição.
A Espanha
decidiu acatar esse o pedido de extradição em fevereiro de 2011.
a justiça
Brasileira determina que Sanfelice permaneça em regime fechado até o cumprimento
de 1/6 dos 13 anos faltantes da sua condenação.
A informação
mais atualizada que eu encontrei foi a de que ele estaria cumprindo prisão
domiciliar desde junho de 2013 que ele casou novamente e teve um outro filho.
Victor, filho de Luiz Henrique Sanfelice e Beatriz foi criado pela mãe de Beatriz, Gessy Rodrigues e a justiça garantiu o direito de convívio aos avós paternos porém o filho nunca mais teve contato com o pai.
Nos vemos no próximo episódio,
Beijusss
Fontes:
https://ssp.rs.gov.br/policia-divulga-detalhes-da-investigacao-sobre-a-morte-de-jornalista-em-nh
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